Número de empregados com carteira chega a menor nível desde 2012

Publicados


O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado, não incluindo trabalhadores domésticos, entre maio e julho de 2020, foi estimado em 29,4 milhões – menor número já registrado na série histórica, iniciada em 2012. Isso representa queda de 8,8% (redução de 2,8 milhões de trabalhadores) em relação ao trimestre móvel anterior e de 11,3% (menos 3,8 milhões), na comparação com o mesmo período de 2019.

O número de empregados sem carteira assinada no setor privado chegou a 8,7 milhões de pessoas – um recuo de 14,2% (menos 1,4 milhão de pessoas) ante o trimestre móvel e de 25,4% (menos 3 milhões) na comparação com o mesmo trimestre de 2019.

Já o número de trabalhadores por conta própria, que soma 21,4 milhões de pessoas, teve queda de 8,4% (menos 2 milhões de trabalhadores), na relação com o trimestre móvel anterior e de 11,6% (menos 2,8 milhões) na comparação com o mesmo período de 2019.

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada hoje (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Menor número

A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, destacou que, pela primeira vez, o número de carteiras de trabalho assinadas ficou abaixo de 30 milhões.

“O ponto máximo da forma de inserção da carteira na série foi no trimestre de maio, junho e julho de 2014, dos recordes de carteira que foram alcançados e posteriormente a perda deste tipo de vínculo nos últimos anos muito em função do avanço do trabalho informal”, disse, completando que todo o mercado de trabalho foi impactado. “Tem a menor com carteira, o menor sem carteira também, ou seja, todo esse mercado dos empregados, seja ele com ou sem carteira, atingem aí as suas estimativas mais baixas”.

Para a pesquisadora, o mercado de trabalho tem um cenário de perdas de ocupação, de carteira de trabalho, não apenas perdas quantitativas, mas qualitativas.

“Teve uma redução muito acentuada do trabalho com carteira e ele tem uma dificuldade maior de se recompor do que, por exemplo, o trabalhador informal, que sai rápido, mas também volta rápido até porque não tem nenhuma proteção ou salvaguarda para poder ficar por um período maior fora do mercado de trabalho, então, tem um processo ao longo de 2020 que é de perdas muito grande para o mercado de trabalho. Isso está evidente através dos números.”

Leia Também:  Petrobras assina acordo no pré-sal da Bacia de Santos

Domésticos

O número de trabalhadores domésticos foi outro que chegou ao menor patamar da série histórica da Pnad Contínua. Entre maio e julho ficou em 4,6 milhões, uma queda de 16,8% (931 mil trabalhadores) na comparação com o período anterior e de 26,9% (1,7 milhão de pessoas) ante o mesmo trimestre de 2019.

Informalidade

A taxa de informalidade atingiu 37,4% da população ocupada – 30,7 milhões de trabalhadores informais – e, com isso, ficou abaixo do período anterior quando era de 38,8% e dos mesmos três meses de 2019, quando era de 41,3%.

“Não necessariamente uma queda da informalidade significa que a gente esteja melhorando o mercado de trabalho, ou seja, que mais pessoas estejam passando da informalidade para a formalidade. Não é esse o movimento. Essa informalidade cai porque essas pessoas estão perdendo o trabalho, seja informal ou não. Essa retração da informalidade está ligada à perda de ocupação que essas pessoas tinham em trimestres anteriores”, completou.

Entre agosto e outubro de 2019 eram 38,8 milhões de trabalhadores informais o que, para a analista, indica queda rápida diante do total registrado entre maio e julho de 2020. “Mostra, realmente, que essa população informal foi afetada pelo processo da pandemia”.

Rendimento

O rendimento médio real habitual chegou a R$ 2.535 no trimestre terminado em julho, um acréscimo de 4,8% frente ao trimestre anterior e de 8,6% ante o mesmo trimestre de 2019.

Adriana Beringuy informou o maior crescimento da série histórica está associado à comparação com o período anterior, que tinha na sua composição uma população informal maior. “Na medida em que essa população informal vai saindo da ocupação, os que restam são justamente os trabalhadores de maior renda. Por isso, esse crescimento aparece tanto na comparação trimestral quanto na anual”, disse.

Leia Também:  Porto do Rio vai reajustar tarifas congeladas desde 2016

A massa de rendimento real habitual somou R$ 203 bilhões, uma queda de 3,8% (menos R$ 8 bilhões) em relação ao trimestre anterior e de 4,7% (menos R$ 10 bilhões) contra o mesmo período de 2019.

Na comparação com o trimestre móvel anterior, o rendimento médio real habitual aumentou em dois grupamentos de atividade: indústria (6,2%, ou mais R$ 151) e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,3%, ou mais R$ 148). Conforme a pesquisa, os demais grupamentos não tiveram variações significativas.

Já na comparação com o mesmo trimestre de 2019, o rendimento cresceu em cinco grupamentos: indústria (11,4%, ou mais R$ 266) comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (5,9%, ou mais R$ 110), alojamento e alimentação (7,3%, ou mais R$ 107), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,7%, ou mais R$ 165) e outros serviços (10,5%, ou mais R$ 177). Os demais grupamentos não tiveram variações significativas.

Empregadores

A Pnad Contínua mostrou ainda que o número de empregadores apresentou queda de 6,3% na comparação com o trimestre anterior e ficou em 3,9 milhões de pessoas (menos 263 mil pessoas). Houve recuo também de 9,1% (menos 393 mil empregadores) frente ao mesmo trimestre de 2019.

Previdência

A Pnad Contínua mostrou também que o número de trabalhadores que contribuem para o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) chegou a 54 milhões, uma queda na comparação com o trimestre que terminou em fevereiro, quando eram 57,4 milhões.

“O menor contingente de toda a série, uma queda de 54 milhões de pessoas, uma queda acentuada porque as pessoas foram perdendo a sua ocupação”, pontuou a analista.

Edição: Lílian Beraldo

COMENTE ABAIXO:
Propaganda

ECONOMIA

CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos

Técnica amplia a produção, melhora a qualidade das mudas e favorece a sustentabilidade no campo

Publicados

em

CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos. Fotos: CRV

A CRV Industrial, usina bioenergética localizada em Carmo do Rio Verde, está investindo no plantio por Meiose como uma estratégia para otimizar o cultivo da cana-de-açúcar. Esse método permite que parte da área seja plantada inicialmente para gerar mudas destinadas ao restante da lavoura, possibilitando o uso temporário da terra com outras culturas ou o pousio.

De acordo com o superintendente agrícola, Carlos Jordão, a técnica visa otimizar o plantio, reduzir custos e preservar a área de moagem. Como teste inicial, a empresa implantou 100 hectares com Meiose, que se transformarão em 900 hectares para atender à área planejada. Esse sistema também já está sendo utilizado na unidade da empresa em Minas Gerais.

Jordão destaca que as principais vantagens desse método incluem a redução de operações agrícolas, a diminuição de custos, maior flexibilidade na janela de plantio, viabilidade do plantio em períodos chuvosos, interrupção do ciclo de pragas, melhor qualidade das mudas, maior rendimento no corte e preservação da cana destinada à moagem. “Entretanto, desafios como a necessidade de mão de obra especializada e o manejo dos tratos culturais da linha-mãe ainda são pontos de atenção”, ressalta.

Leia Também:  Contas públicas fecham novembro com déficit de R$ 18,1 bilhões

Na CRV Industrial, o manejo da Meiose está sendo realizado com MPB (Mudas Pré-Brotadas), o que otimiza o processo e permite melhor aproveitamento da janela de plantio. A maior parte das mudas está sendo utilizada em plantios de um ano e meio, sendo metade mecanizada e metade por Meiose. Esse modelo contribui para a redução da área de mudas cortadas, pois uma única linha pode se desdobrar em oito a dez linhas.

A linha de Meiose exige um investimento maior devido à irrigação, com custo médio de R$ 17 mil por hectare. No entanto, a quebra da Meiose gera economias significativas em transporte e outros custos operacionais. “Quando se divide o custo total, o valor final fica em torno de R$ 11 mil por hectare. A ideia é expandir a técnica para uma área entre 2.500 e 3.000 hectares, economizando hectares de mudas e mantendo um custo competitivo em relação ao plantio mecanizado”, explica Carlos Jordão.

A CRV Industrial aposta nessa estratégia para aumentar a eficiência e a sustentabilidade na produção de cana-de-açúcar. Além da redução de custos, a possibilidade de plantar outras culturas entre as linhas da Meiose permite um melhor aproveitamento da terra e contribui para a melhoria do solo. O projeto reforça o compromisso da empresa com a inovação e a busca por soluções sustentáveis para o setor sucroenergético.

Leia Também:  Petrobras assina acordo no pré-sal da Bacia de Santos

Você tem WhatsApp? Entre em um dos canais de comunicação do JORNAL DO VALE para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens, clique aqui

JORNAL DO VALE – Muito mais que um jornal, desde 1975 – www.jornaldovale.com

Siga nosso Instagram – @jornaldovale_ceres

Envie fotos, vídeos, denúncias e reclamações para a redação do JORNAL DO VALE, através do WhatsApp (62) 98504-9192

COMENTE ABAIXO:
Continue lendo

VALE SÃO PATRÍCIO

PLANTÃO POLICIAL

ACIDENTE

POLÍTICA

MAIS LIDAS DA SEMANA