Vendas do comércio varejista caem 0,1% em novembro

O volume de vendas do comércio varejista nacional caiu 0,1% em novembro de 2020. Apesar da estabilidade, o recuo interrompeu o ritmo de seis meses consecutivos de crescimento com ganhos acumulados de 32,2%. Se comparado ao mesmo mês do ano anterior, há uma desaceleração. Saiu de alta de 8,4% em outubro para 3,4% em novembro. Ainda assim, o setor está 7,3% acima do patamar pré-pandemia.
Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou a queda no consumo de alimentos como principal responsável por frear a sequência de altas do setor.
A pesquisa indicou que cinco das oito atividades investigadas cresceram em relação ao mês anterior. Livros, jornais, revistas e papelaria (5,6%), tecidos, vestuário e calçados (3,6%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,0%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,6%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,4%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,2%), setor com peso de cerca de 45% no índice geral.
Para o gerente da PMC, Cristiano Santos, as quedas de 2,2% em relação a outubro e de 1,7% em relação a novembro de 2019 no volume de vendas dessa atividade refletem a inflação. Combustíveis e lubrificantes (-0,4%) e Móveis e eletrodomésticos (-0,1%) também caíram.
“Se olharmos, por exemplo, para a receita das empresas dessa área [hipermercados], houve um declínio de 0,8%. E a diferença entre a receita e o volume de vendas demonstra um aumento de custos. Mas, além disso, é comum que o consumidor, quando tem uma queda de renda ou do seu poder de compra, passe a comprar menos produtos que não são essenciais e a optar por marcas mais baratas”, disse.
Em movimento diferente, as atividades de outros artigos de uso pessoal e doméstico, principalmente as lojas de departamento, e de artigos farmacêuticos, medicinais, ortopédicos e de perfumaria, foram as únicas que apresentaram crescimento tanto em relação ao mês anterior quanto em relação a novembro de 2019.
“As lojas de departamento foram alguns dos comércios mais impactados pelas medidas de fechamento adotadas no início da pandemia, já que têm mais facilidade de apelo ao consumo por meio das prateleiras das vastas lojas físicas. Assim, com a reabertura do comércio, essa atividade vem apresentando forte crescimento, registrando em novembro alta de 1,4% frente a outubro e 16,2% frente ao mesmo período de 2019”, explicou.
Santos destacou também que o resultado do período sofreu influência da promoção Black Friday, que impactou principalmente as atividades de outros artigos de uso pessoal, móveis e eletrodomésticos, além de equipamentos de escritório, informática e comunicação. “Nesse novembro, essas duas primeiras atividades tiveram um desempenho bem superior ao do ano anterior, ao contrário dos equipamentos de escritório e informática, que ficaram 9,9% abaixo do mesmo período de 2019. Esses resultados também refletem o fato de as pessoas estarem ficando mais em casa”, observou.
Móveis e eletrodomésticos (11,6%) e artigos farmacêuticos, medicinais, ortopédicos e de perfumaria (7,7%) são as atividades que somam maiores índices no comércio varejista no acumulado de 2020. No período, o índice geral apresentou alta de 1,2%.
Varejo ampliado
Conforme a PMC, o comércio varejista ampliado, que inclui as oito atividades de varejo, e ainda a de veículos, motos, partes e peças e material de construção, continuou avançando e anotou a sétima alta no volume de vendas. Em novembro subiu 0,6% em relação ao mês anterior. Na comparação com o mesmo mês em 2019, o setor registrou a quinta taxa positiva com aumento de 4,1%, após a alta de 6,1% em outubro. O IBGE observou que o varejo ampliado já estava em novembro 5,2% acima do patamar de fevereiro, ou seja, antes da pandemia.
A venda de veículos acumula queda de 15,1% no ano, enquanto os materiais de construção registraram um avanço de 10,1%. Segundo o gerente, a atividade de materiais de construção se recuperou rápido após o fechamento do comércio por causa da pandemia e a partir de junho já estava reaquecido, comportamento distinto da venda de veículos.
“A automotiva está tendo uma retomada mais tardia. Muitos consumidores adiaram a compra de veículos, já que não estavam saindo de casa. Temos também na atividade uma sazonalidade, por conta dos motoristas profissionais, que costumam trocar de carro no final de ano. E vem aquecendo esse mercado também o aumento das frotas de empresas de aluguel de veículos, que tiveram aumento de demanda. Assim, a atividade de Veículos, motos, partes e peças teve um crescimento de 3,5% em novembro, mas ainda está 1,9% abaixo do patamar de fevereiro”, disse.
Regiões
A taxa média nacional de vendas do comércio varejista, que teve queda de 0,1%, reflete ainda resultados positivos em 14 das 27 Unidades da Federação. O destaque foi o Acre (7,8%), seguido de Rondônia (7,2%) e Rio de Janeiro (4,2%). Já nas 13 unidades que pressionaram negativamente, as maiores perdas foram Paraíba (-3,5%), Amapá (-2,7%) e Paraná (-1,9%).
Na mesma comparação, o comércio varejista ampliado, cuja variação entre outubro e novembro ficou em 0,6%, teve resultados positivos em 17 das 27 Unidades da Federação. O destaque ficou também com o Acre (9,2%), seguido de Rondônia (4,2%) e Mato Grosso (2,8%). Nas taxas negativas foram dez das 27 Unidades da Federação, com destaque para o Tocantins (-5,7%), o Amapá (-5,2%) e o Goiás (-1,7 %).
Edição: Fernando Fraga


ECONOMIA
CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos
Técnica amplia a produção, melhora a qualidade das mudas e favorece a sustentabilidade no campo

A CRV Industrial, usina bioenergética localizada em Carmo do Rio Verde, está investindo no plantio por Meiose como uma estratégia para otimizar o cultivo da cana-de-açúcar. Esse método permite que parte da área seja plantada inicialmente para gerar mudas destinadas ao restante da lavoura, possibilitando o uso temporário da terra com outras culturas ou o pousio.
De acordo com o superintendente agrícola, Carlos Jordão, a técnica visa otimizar o plantio, reduzir custos e preservar a área de moagem. Como teste inicial, a empresa implantou 100 hectares com Meiose, que se transformarão em 900 hectares para atender à área planejada. Esse sistema também já está sendo utilizado na unidade da empresa em Minas Gerais.
Jordão destaca que as principais vantagens desse método incluem a redução de operações agrícolas, a diminuição de custos, maior flexibilidade na janela de plantio, viabilidade do plantio em períodos chuvosos, interrupção do ciclo de pragas, melhor qualidade das mudas, maior rendimento no corte e preservação da cana destinada à moagem. “Entretanto, desafios como a necessidade de mão de obra especializada e o manejo dos tratos culturais da linha-mãe ainda são pontos de atenção”, ressalta.
Na CRV Industrial, o manejo da Meiose está sendo realizado com MPB (Mudas Pré-Brotadas), o que otimiza o processo e permite melhor aproveitamento da janela de plantio. A maior parte das mudas está sendo utilizada em plantios de um ano e meio, sendo metade mecanizada e metade por Meiose. Esse modelo contribui para a redução da área de mudas cortadas, pois uma única linha pode se desdobrar em oito a dez linhas.
A linha de Meiose exige um investimento maior devido à irrigação, com custo médio de R$ 17 mil por hectare. No entanto, a quebra da Meiose gera economias significativas em transporte e outros custos operacionais. “Quando se divide o custo total, o valor final fica em torno de R$ 11 mil por hectare. A ideia é expandir a técnica para uma área entre 2.500 e 3.000 hectares, economizando hectares de mudas e mantendo um custo competitivo em relação ao plantio mecanizado”, explica Carlos Jordão.
A CRV Industrial aposta nessa estratégia para aumentar a eficiência e a sustentabilidade na produção de cana-de-açúcar. Além da redução de custos, a possibilidade de plantar outras culturas entre as linhas da Meiose permite um melhor aproveitamento da terra e contribui para a melhoria do solo. O projeto reforça o compromisso da empresa com a inovação e a busca por soluções sustentáveis para o setor sucroenergético.
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