Brasil tem 35% mais mortes maternas que as divulgadas oficialmente

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A razão de morte materna (RMM) em território nacional é cerca de 35% maior do que a calculada e anunciada com base na metodologia vigente, revela estudo divulgado nesta  quinta-feira (7) pelo Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr), que apresentou dados inéditos sobre óbitos de gestantes e puérperas no país no triênio 2019/2021.

Os dados são relativos ao número de óbitos de mulheres entre 10 e 49 anos ocorridos na gravidez, no parto ou no puerpério, porém não contabilizados pelo Ministério da Saúde por não terem sido classificados em uma das categorias predeterminadas para morte materna da classificação internacional de doenças (CID). O caso mais comum de morte materna obstétrica é a hipertensão arterial (eclampsia).

Na pesquisa, foram analisados também casos em que a declaração de óbito apontava para morte de gestante, puérpera até 42 dias, mas que não foram incluídos nos dados de morte materna declarados (oficiais), excluídos os casos decorrentes de suicídio, violência, disparo de arma de fogo etc.

Não foram incluídos nos dados de morte materna oficiais cardiopatias, infecções, embolia pulmonar e diabetes mellitus não especificado entre outras infecções.

“Por exemplo, uma gestante que morreu com infecção, mas o código colocado na declaração de óbito foi diferente dos comumente usados para morte materna [iniciados com a letra O, por exemplo, O99 — Outras doenças maternas,  complicando a gravidez, o parto e o puerpério], mesmo que tenha sido colocado que ela faleceu no momento da gestação, este caso não será contado como morte materna”, explica a professora associada da disciplina de obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Rossana Pulcineli Vieira Francisco, umas das coordenadoras do Observatório Obstétrico.

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O estudo do OOBr levou em conta dados de morte materna declarados e não declarados e revisou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.

Somam-se aos óbitos não contabilizados as mortes de mulheres entre 10 e 49 anos que ocorridas durante o puerpério tardio (de 43 dias a um ano após o parto), mas que também não figuram nos dados oficiais do Ministério da Saúde do Brasil. 

Óbitos de gestantes e puérperas no Brasil em 2022. Óbitos de gestantes e puérperas no Brasil em 2022.

Óbitos de gestantes e puérperas no Brasil em 2022. – Observatório Obstétrico Br

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), morte materna é a “morte de uma mulher durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, por qualquer causa relacionada com ou agravada

pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais”.

Também de acordo com a OMS, os óbitos maternos tardios são aqueles que ocorrem entre 43 dias e menos de um ano após o término da gestação, sob as mesmas condições.

O estudo e as estatísticas foram expostos pelas coordenadoras do OOBr Rossana Pulcineli Vieira Francisco e Agatha Rodrigues, que é professora adjunta do Departamento de Estatística da Universidade Federal do Espírito Santo.  

Atualmente, o Brasil está longe de cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Quantificação preliminar da razão de morte materna de 2021 aponta 107,4 óbitos por 100 mil nascidos vivos, sendo que o compromisso do país é a redução para 30 mortes/100 mil até 2030. 

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A professora Rossana Pulcineli Vieira Francisco afirma, porém, que, com dados adequados, é possível mudar a realidade da saúde do país. “A subnotificação de casos falseia a real situação em relação à morte materna. Com os dados mostrados no estudo, podemos desenhar políticas públicas de qualidade para cada uma dessas situações que levam ao óbitos”.

Ministério da Saúde

Em nota, o Ministério da Saúde informa que o algoritmo usado para operacionalizar o conceito da Organização Mundial da Saúde e selecionar o número de óbitos classificados como maternos no Sistema de Informações sobre Mortalidade é feito a partir dos campos causa básica e momento do óbito.

Razão de morte materna brasileira de 2016 até  2021

AnoNúmero de mortes maternasNúmero de nascidos vivosRazão de morta materna (por 100 mil nascidos vivos)
20161662.857.80058.3
201717162.923.53558.7
201816582.944.93256.3
201915752.849.14655.3
202019642.730.14571.9
202128572.660.425107.4

Fonte: SIM (dados de mortalidade) – Sinasc (número de nascidos vivos) – *Dados não consolidados (preliminares).

Plataforma OOBr 

Também hoje, o Observatório Obstétrico Brasileiro lançou nova plataforma interativa de monitoramento, análise de dados públicos, disseminação e compartilhamento de informações relevantes da área de obstetrícia no Brasil. São disponibilizadas análises exploratórias dos dados, com visualização online, dinâmica e opções de filtragem.

O OOBr informou que adota métodos de machine learning para analisar de maneira responsável dados públicos disponíveis em diferentes bases de dados sobre a saúde obstétrica do Brasil, sempre considerando a grande quantidade de informações não computadas em situações diversas.

Edição: Nádia Franco

Fonte: EBC Saúde

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Ministério da Saúde intensifica vacinação contra a febre amarela na Ilha do Marajó (PA)

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O Centro de Operações de Emergência para Dengue e Outras Arboviroses (COE Dengue) está apoiando uma importante ação de vacinação contra a febre amarela na Ilha do Marajó (PA). A iniciativa é uma parceria entre a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), do Ministério da Saúde, com a secretaria municipal de saúde da cidade de Breves (PA) e garantiu a vacinação de 300 moradores das comunidades de Corcovado e Mainardi, além de ribeirinhos da zona rural, que receberam a dose única da vacina nos últimos dias. Breves, o município mais populoso da ilha, está recebendo suporte técnico do COE Dengue desde o último dia 5, para fortalecer as ações locais de preparação, vigilância e resposta à doença. 

Além das doses de prevenção contra a febre amarela na comunidade do Corcovado, também foram administradas 116 doses para influenza e 66 vacinas de rotina para a atualização da caderneta de vacinação. A ação foi acompanhada por técnicos da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps). A campanha de vacinação contou com uma enfermeira e duas técnicas de enfermagem da saúde local, uma técnica de enfermagem do Posto de Saúde da Família (PSF) Maria Alves Cardoso de Corcovado e quatro Agentes Comunitárias de Saúde (ACSs). 

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A comitiva do COE é composta por especialistas do Instituto Evandro Chagas (IEC), do Centro Nacional de Primatas (CENP), da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), da Secretaria de Atenção Especializada em Saúde (Saes) e da SVSA. A equipe acompanhou a campanha de vacinação na comunidade de Mainardi, onde 189 pessoas foram imunizadas contra a febre amarela. 

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Foto: Gabriel Bandeira/MS

Pelos rios da zona rural 

Na zona rural de Breves, a comitiva se desloca por meio da navegação. A equipe atua nos rios Limão, Limãozinho, Jacarezinho e Jaburu, conduzindo uma ação itinerante de controle e prevenção da doença. Na zona rural, já foram vacinadas 84 pessoas e entrevistadas mais de 200. Ontem (11), a embarcação seguiu a missão na comunidade de Arrozal. 

Mais de 440 mil doses para o Pará 

Atualmente, a cobertura vacinal contra a febre amarela no Brasil é de 72,6%. No estado do Pará, esse índice está em 54 %, enquanto no município de Breves apresenta metade da média estadual. Para reforçar a imunização, o Ministério da Saúde já enviou 442.400 doses ao Pará neste ano.

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A vacinação é a principal estratégia de prevenção contra a febre amarela. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente a vacina para toda a população. Desde abril de 2017, o país adota o esquema de dose única ao longo da vida, conforme as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Gabriel Bandeira
Ministério da Saúde

Fonte: Ministério da Saúde

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