Piscicultura brasileira cresce 9,2% e se aproxima de 1 milhão de toneladas

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A produção de peixes cultivados no Brasil atingiu 968.745 toneladas em 2024, um crescimento de 9,21% em relação ao ano anterior (887.029 toneladas). O resultado confirma a resiliência do setor, que seguiu em expansão mesmo diante de oscilações no mercado.

“Em um ano marcado pela instabilidade nos preços da tilápia ao produtor, nossa principal espécie, a piscicultura superou desafios, manteve o ritmo de crescimento e acelerou sua evolução, aproximando-se de 1 milhão de toneladas”, destaca Francisco Medeiros, presidente executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), entidade responsável pelo levantamento anual da produção nacional.

Apesar das variações nos preços ao longo do ano, especialmente no segundo semestre, a tilápia impulsionou a expansão do setor, com um volume de 662.230 toneladas, registrando um expressivo aumento de 14,36% em relação a 2023 (579.029 toneladas).

Por outro lado, a produção de peixes nativos enfrentou desafios, encerrando 2024 com 258.705 toneladas, um recuo de 1,81% em comparação ao ano anterior (263.705 toneladas). A redução na oferta na região amazônica influenciou o resultado, apesar de os preços terem se mantido favoráveis na maior parte do período.

As demais espécies apresentaram crescimento, atingindo 47.810 toneladas, um avanço de 7,5% frente ao ano anterior (44.470 toneladas).

Considerando a instabilidade nos preços da tilápia e a queda na produção de nativos, o saldo geral de 2024 foi positivo, impulsionado pela ampliação do cultivo em diversos estados e pelo aumento do consumo de peixes de cultivo. “O brasileiro aprendeu a apreciar nossos peixes. Enquanto os nativos já são parte da alimentação tradicional no Norte, a tilápia se consolidou no Centro-Sul, tornando-se presença frequente na mesa do consumidor. Esse crescimento sustentado da demanda é essencial para a continuidade da expansão do setor”, afirma Medeiros.

O crescimento da produção de peixes de cultivo em 2024 foi o maior já registrado nos dez anos de levantamento da Peixe BR. Desde 2015, quando o país produzia 638.000 toneladas, a expansão acumulada foi de 51,8%. O anuário da Peixe BR é elaborado a partir de dados coletados de governos estaduais, entidades setoriais, empresas de genética, nutrição, saúde animal, equipamentos, serviços e institutos de pesquisa, consolidando-se como um banco de informações estratégico para o setor.

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Tilápia registra crescimento histórico de 14,3% e representa 68,3% da produção nacional

O Brasil produziu 662.230 toneladas de tilápia em 2024, um avanço de 14,36% em relação ao ano anterior (579.080 toneladas). Com esse desempenho, a espécie alcançou uma participação de 68,36% na produção total de peixes de cultivo do país.

“A produção de tilápia envolve um ciclo longo, iniciado com o alojamento de alevinos. Em 2023, os produtores aproveitaram um momento favorável e ampliaram a oferta, resultando em um volume recorde no ano seguinte. Os números reforçam que a tilápia é uma proteína cada vez mais valorizada pelos consumidores. No entanto, a oscilação nos preços ao produtor ao longo do ano demonstra a importância do equilíbrio para a sustentabilidade do setor”, ressalta Francisco Medeiros, da Peixe BR.

O levantamento aponta crescimento na produção de tilápia em praticamente todo o país, com exceção da região Norte, onde predominam os peixes nativos. O aumento da produção reflete o aprimoramento das condições de cultivo, o empenho dos produtores e a crescente demanda pelo pescado em todas as regiões.

Desde 2015, quando a Peixe BR iniciou os levantamentos anuais, a produção de tilápia mais que dobrou. Há nove anos, o volume era de 285.000 toneladas, demonstrando o potencial de expansão da espécie no Brasil.

Peixes nativos mantêm rentabilidade, mas registram queda na produção

A produção de peixes nativos encerrou 2024 com 258.705 toneladas, uma queda de 1,81% em relação ao ano anterior. Apesar da boa demanda e dos preços favoráveis, a oferta limitada na região Norte impactou negativamente o desempenho da categoria, que agora representa 26,71% da piscicultura nacional.

“O cenário tem sido recorrente nos últimos anos: preços atrativos, mas com redução da produção. O crescimento do consumo de peixes de cultivo em detrimento dos pescados de captura cria uma oportunidade que não pode ser desperdiçada. É fundamental uma ação coordenada entre setor público e privado para estimular a retomada da produção de nativos, pois há mercado para expansão”, alerta Medeiros.

A concentração da produção de peixes nativos na região Norte é um fator crítico. Ano após ano, os volumes recuam em vários estados, reforçando a necessidade de estratégias para fortalecer o setor. “Além de abastecer o mercado interno, os nativos têm potencial para exportação. No atual cenário, onde há crescente demanda por alimentos saudáveis, esse segmento tem espaço para crescer”, completa o presidente da Peixe BR.

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Outras espécies registram avanço de 7,5% em 2024

O segmento de outras espécies, puxado pelo pangasius, apresentou um crescimento de 7,5% em 2024, alcançando 47.810 toneladas. O grupo, que inclui carpas e trutas, agora representa 4,93% da piscicultura nacional.

“O percentual de participação dessas espécies se mantém estável, o que é positivo, considerando o avanço da tilápia. O ideal é que todas as categorias cresçam de forma contínua. Nesse contexto, a introdução recente do pangasius trouxe novo impulso ao segmento”, analisa Medeiros.

O destaque fica para a produção de pangasius no Nordeste, com forte avanço no Maranhão, onde a oferta cresceu 74% entre 2023 e 2024. Em contrapartida, o Rio Grande do Sul, maior produtor dessa categoria, registrou queda de 11,76%.

Paraná amplia participação e responde por 25% da produção nacional

O Paraná consolidou sua liderança na piscicultura brasileira ao atingir 250.315 toneladas em 2024, um crescimento de 17,35% em relação ao ano anterior (213.300 toneladas). Com esse desempenho, o estado passou a representar um quarto da produção nacional.

O modelo de cultivo adotado no Paraná, baseado na organização de produtores em cooperativas e núcleos independentes, tem sido um fator determinante para o crescimento contínuo. O estado só foi superado em percentual de crescimento por Mato Grosso do Sul (+18,77%) e Minas Gerais (+18,18%) entre os dez maiores produtores do país.

O ranking nacional também apontou uma mudança significativa: Rondônia, tradicionalmente o maior produtor de peixes nativos, caiu da quarta para a quinta posição, sendo ultrapassado por Santa Catarina, que avançou no cultivo de tilápia.

Com um cenário de demanda crescente e novos investimentos no setor, a piscicultura brasileira segue em trajetória ascendente, consolidando-se como uma das cadeias produtivas mais dinâmicas do agronegócio nacional.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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Agronegócio

Inovação no Cerrado: Startup Desenvolve Índice de Maturidade Microbiológica para Latossolos

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A startup Biotech B4A, que integra o projeto Agro Bioma Brasil, concluiu um estudo inovador sobre a avaliação microbiológica dos latossolos do cerrado brasileiro. A pesquisa resultou na criação de um banco de dados abrangente e no desenvolvimento do primeiro índice de qualidade microbiológica do solo, fundamentado em metagenômica, no Brasil. Esta conquista traz avanços significativos para o biomonitoramento da microbiota do solo nos sistemas de soja presentes nesse bioma.

O estudo, realizado ao longo de um ano em colaboração com produtores rurais e consultorias, envolveu a coleta de amostras de solo de diversas regiões do cerrado, incluindo áreas com solos saudáveis e degradados. As coletas foram feitas com base na indicação dos próprios produtores, que apontaram talhões mais produtivos, aqueles que já adotam práticas de manejo regenerativo, bem como as áreas em processo de degradação, que passaram por uso intenso de defensivos, fertilizantes químicos e pastagem. Além disso, a pesquisa incluiu a obtenção de dados físico-químicos e imagens de satélite.

De acordo com Robert Cardoso de Freitas, Chief Technology Officer (CTO) da B4A e Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental, uma análise multivariada foi realizada para entender as variações possíveis nos microbiomas do cerrado. “Essa análise nos revelou diferentes composições que se assemelham em aspectos ecológicos. Utilizando os dados fornecidos pelos produtores, associamos essas composições ao histórico de uso das áreas, a fim de entender se são reflexo de práticas regenerativas ou tradicionais”, explicou Cardoso.

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O estudo avançou ainda mais ao classificar os microbiomas em uma escala que indica o grau de maturidade microbiológica do solo, variando de C- a A+. A comparação entre talhões classificados como C e A revelou diferenças de produtividade de até 30%, além de uma relação linear com o acúmulo de matéria orgânica e fósforo disponível para as plantas.

Essa classificação permitirá que os produtores realizem manejos mais assertivos do solo. “Solos classificados no nível C apresentam fortes evidências de impactos físicos e químicos inadequados que prejudicam diversos microrganismos benéficos. Tais solos são caracterizados por problemas como acidificação, salinização e compactação. Já microbiomas no nível B não apresentam sinais de degradação severa, mas têm desbalanceamentos no uso de nutrientes e carbono, prejudicando a maturação completa. Por fim, no nível A, as comunidades microbiológicas são altamente resilientes e capazes de se autorregular, inibindo patógenos”, detalhou Cardoso. O especialista enfatizou que características edafoclimáticas sempre devem ser consideradas ao classificar a maturidade microbiológica, o que torna a estratificação de dados tão relevante para a precisão dos diagnósticos e manejos.

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A análise do microbioma do solo já é uma prática consolidada entre os produtores rurais, sendo um parâmetro fundamental para a adoção de práticas regenerativas e o uso de bioinsumos. “O diagnóstico é simples: enviamos um kit para o produtor, que coleta as amostras e as envia de volta. Realizamos a extração de DNA e sequenciamento de fungos e bactérias. Esse processo evolui o trabalho laboratorial com a inteligência de análise de dados, tornando os resultados mais aplicáveis na prática”, explicou Cardoso.

A coleta pode ser feita em qualquer período da operação agrícola, mas, por questões práticas, os momentos de entressafra são os mais indicados. Os resultados laboratoriais ficam disponíveis para os produtores entre 30 e 45 dias após o envio das amostras.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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