A estradeira BMW R 1250 RT retorna para o mercado brasileiro
Uma BMW bicilíndrica boxer tem um significado muito especial para mim. É que a primeira vez que andei em uma motocicleta na vida foi em uma BMW R51 de 1951. Isso foi em 1967, na garupa, logicamente. Uma excelente motocicleta em sua época, porém já um pouco desatualizada frente às japonesas que conquistavam o mundo. A suspensão traseira, novidade para as motos, era bem precária, mas já indicava que a marca alemã rumava para produtos de maior conforto e sofisticação.
O que me marcou, no entanto, nessa motocicleta, foi o motor de dois cilindros opostos montado longitudinalmente. Enquanto nas motocicletas populares o pedal de partida era acionado para trás, na BMW ele era acionado para o lado esquerdo da moto.
A mais recente novidade da BMW, pelo menos no Brasil, também tem esse motor de dois cilindros opostos, montado longitudinalmente, mas acho que pouquíssimos usuários desse modelo sequer imaginariam que ele pudesse ser acionado por um pedal.
A nova BMW R 1250 RT acaba de chegar, após cinco anos for a de nosso mercado. Com a mesma mecânica da BMW R 1250 GS , a RT é uma estradeira de longas distâncias, uma touring de uso exclusivo em asfalto e estradas de bons pavimentos. Difere basicamente da aventureira pela sofisticação de equipamentos de conforto, o que inclui sistema de áudio e outros mimos eletrônicos.
A avaliação da nova BMW R 1250 RT consistiu em uma breve incursão pelas estradas do interior paulista, durante um dia chuvoso, o que, obviamente, terminou em um gostinho de quero mais, com mais tempo e melhores condições atmosféricas.
A BMW R 1250 RT não é uma motocicleta exagerada no tamanho. Tem o essencial para viagens muito confortáveis e seguras, embora faça falta a mala traseira, item que pode ser adquirido posteriormente como acessório. As duas malas laterais, que se abrem para os lados, não são exatamente muito práticas, mas não afetam demasiadamente a pilotagem, mesmo em meio ao trânsito urbano.
Para quem já pilotou uma Honda Gold Wing, uma Harley-Davidson Ultra ou mesmo uma BMW K 1600 GTL, a BMW R 1250 RT pode parecer um tanto firme no trato e no conforto, mas essa é uma de suas características que a tornam sensivelmente mais a mão, quanto à agilidade, do que as motocicletas citadas.
A própria BMW define a família RT como “motocicletas touring dinâmicas”, combinando conforto para longas jornadas com pilotagem dinâmica e prazerosa em estradas secundárias. Por isso, nada de ligar o cruise control e ver as placas passarem, mas sim aproveitar as curvas que vêm pela frente.
A saga RT da BMW começou em 1977, com a R 100 RT, que já tinha malas laterais e para-brisa ajustável, com a suspensão traseira Monolever chegando em 1986. Em 1995, a R 1100 RT ganhava freios ABS, suspensão diantera Telelever e suspensão traseira Paralever, com carenagem integra.
Foi em 2001 que surgiu a R 1100RT, modelo que nós conhecemos aqui no Brasil e já dava saudades. A R 1200 RT, que surgiu em 2005 e já contava com quase todos os equipamentos eletrônicos que conhecemos, não foi vendida no Brasil. A BMW R 1250 RT, lançada no ano passado na Europa, vem agora suprir essa lacuna.
O motor boxer de 1.254 cm 3 , 136 cv de potência e 14,6 kgfm de torque, tem dupla personalidade, é dócil em baixas rotações, apesar de um tanto ríspido, e bastante vigoroso quando exigido. O sistema de comandos variáveis ShiftCam é o responsável por isso. O câmbio tem seis marchas e conta com o sistema Shift Assistant Pro, que permite mudar as marchas para cima e para baixo sem precisar soltar o acelerador ou usar a embreagem. Só que esse excelente sistema não é muito prático em pilotagem tranquila, pois causa alguns trancos.
Outro bom sistema que não é muito adequado ao uso corriqueiro é o assistente de saída em rampas, que é acionado a todo momento e dificulta a saída normal, quando o piloto não está esperando por seu funcionamento.
É claro que a BMW R 1250 RT tem todos quase todos os sistemas que se espera em uma touring desse naipe, como suspensões semi-ativas, controle de tração, modos eletrônicos de pilotagem e freios ABS Pro, mas faltam recursos mais sofisticados, como GPS (tem preparação) e conexão com o celular por Bluetooth. De série, ela tem travamento central na chave presencial, partida remota, bancos e manoplas aquecidas, luzes de leds e monitoramento de pressão dos pneus.
A posição de pilotagem é excelente, com altura regulável do banco do piloto e boa manobrabilidade. Com o banco original, a regulagem vai de 805 a 825 mm de altura, mas existem outros dois bancos que devem ser adquiridos em separado, que modulam sua altura desde o solo de 830 a 850 mm ou de 760 a 780 mm. Já o garupa não viaja assim tão confortável.
Na estrada, a BMW R 1250 RT vai muito bem, em qualquer ritmo. O para-brisa é regulável eletricamente e proporciona conforto e silêncio quanto totalmente elevado. Mas não ajuda na chuva, já que retém gotas d’água que dificultam a visibilidade. À noite com chuva é ainda pior.
A BMW R 1250 RT é importada da Alemanha e por esse motivo custa bem mais que sua prima GS: R$ 165.750 na versão Premium (branca) e R$ 178.750 na versão Premium Spezial, que tem bancos de couro marrom e alguns outros itens adicionais.
Suas concorrentes são a Honda Gold Wing , que custa R$ 142.012, na versão bagger, sem a mala traseira, e a Tour, que custa R$ 162.812. Entre as Harley-Davidson, a que mais e aproxima da BMW R 1250 RT seria a Road Glide Special, que custa R$ 122.000. Dentro da própria marca, a BMW K 1600 GTL custa pouca coisa mais, R$ 196.750.
CARROS E MOTOS
Fomos à Serra Gaúcha conferir um Rally de motonetas clássicas
Neste último fim de semana fui até o Rio Grande do Sul acompanhar a terceira etapa do Campeonato Brasileiro de Rally de Regularidade Histórica , promovido pela Federação Brasileira de Veículos Antigos – FBVA. A etapa chama-se Rally dos Vinhedos e é organizada pelo Veteran Car Club dos Vinhedos , sediado no município de Bento Gonçalves , na Serra Gaúcha.
Só o fato de estar em uma região tão bela, tão bem dotada pela natureza, já vale qualquer dificuldade em chegar, visto que fica no extremo sul do país, região que é bem conhecida pelas baixas temperaturas , especialmente no inverno. Mas é justamente isso que faz do lugar um destino tão desejado.
O Rally dos Vinhedos está comemorando sua décima edição, reunindo 129 veículos antigos e clássicos para um passeio cronometrado pelas estradas da região, passando por municípios como Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa, Pinto Bandeira e Santa Tereza. O mais interessante foi a participação de 13 intrépidos pilotos de motonetas clássicas , que enfrentaram a temperatura de quase zero grau no momento da largada.
E mais, diferentemente dos automóveis, que têm um piloto e um navegador, que além de lhe fornecer a velocidade ideal para cada trecho também indica o caminho a ser seguido, no scooter o piloto faz sozinho todos os trabalhos.
Claro, sendo um rally de veículos antigos , essas motonetas, que atualmente são conhecidas por scooters , são de época, de um tempo quando ainda não tinham esse apelido.
Dos 13 participantes, 11 deles pilotavam Vespa nacionais dos anos 80, que eram fabricadas em Manaus, AM, pela Piaggio . Os outros dois pilotavam Lambretta Li 150 , fabricadas nos anos 60. Vespa e Lambretta eram (e são) eternos rivais nesse segmento dos veículos de duas rodas.
Um rally de regularidade , que também pode ser chamado de passeio cronometrado, avalia a capacidade do piloto em manter as médias de velocidade pré-estabelecidas, que figuram na planilha com o roteiro. Quanto mais próximo o tempo de passagem pelos vários pontos de controle distribuídos pelo percurso, menos pontos o participante perde. No final, quem perder menos pontos, de acordo com um regulamento complexo, vence a prova.
Entre as motonetas, o vencedor foi André Sain, de Bento Gonçalves, pilotando (e navegando) a Vespa PX 200 1986 de número 21. André teve 78 pontos perdidos nessa etapa.
Em segundo lugar chegou Daniel Orso, também de Bento Gonçalves, com a Vespa PX 200 Elestart 1987 de número 24, com 84 pontos perdidos. Em terceiro lugar ficou Rodrigo Nenini, de Garibaldi, com a Vespa PX 200 1986 de número 22, com 123 pontos perdidos.
Fonte: Carros
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