Opinião
A medalha de Simone Biles
Parece que todas as esferas da vida humana (inclusive o mundo dos afetos) é moldada pelo valor da alta performance. Damos nota aos serviços. Quem é bem avaliado respondeu positivamente às expectativas das metas. Sem perceber, estamos avaliando pessoas.
No contexto das Olimpíadas de Tóquio em 2021, a atleta estadunidense Simone Biles desistiu de participar da final do solo da modalidade. Biles era um dos grandes símbolos dos jogos. Seu desempenho individual era o mais esperado. Diante de tamanha pressão, ela preferiu se resguardar dizendo: “Temos que proteger nossas mentes e corpos, não é apenas ir lá [competir] e fazer o que o mundo quer que façamos. Nós não somos apenas atletas, no fim do dia nós somos pessoas e, às vezes, temos que dar um passo atrás”.
Penso que Biles é a última romântica que sobreviveu no mundo pós-moderno. Romantismo foi o nome de um movimento intelectual que nasceu na Europa nos séculos XVIII e XIX e que teve como traço distintivo um mal-estar com a modernização burguesa. O romantismo foi uma reação contra a vida brutalizada pela fúria produtivista. Os românticos reuniram uma crítica contundente a um sistema tecnicista e sua crença na racionalidade instrumental, na tirania das métricas que constitui a lógica que toda vida é um meio para se alcançar um fim. Parece que todas as esferas da vida humana (inclusive o mundo dos afetos) é moldada pelo valor da alta performance. Damos nota aos serviços. Quem é bem avaliado respondeu positivamente às expectativas das metas. Sem perceber, estamos avaliando pessoas. O ranking é o novo contrato social, indicando a uberização da vida, um sistema de julgamento para a qualidade do serviço prestado. Sobre isso vale a pena assistir o “Nosedive”, o primeiro episódio da terceira temporada da série antológica de ficção científica britânica Black Mirror, disponível no canal de streaming Netflix.
A ditadura das métricas e dos resultados tem gerado aquilo que o filósofo teuto-coreano Byung-Chul Han chamou de “A Sociedade do Cansaço”, que estabelece modos de vida que se expressam por um excesso ou tirania da positividade, produzindo sujeitos que devem buscar sempre superar-se com relação aos seus ganhos. Com isso, são engendradas subjetividades e sociabilidades agenciadas pela multitarefa e constante (auto)produção. Talvez por isso verifica-se um crescimento de casos de ansiedade e depressão desencadeados pela pressão imposta no mundo corporativo em que o normal é ser workaholic, uma pessoa que trabalha compulsivamente.
Românticos são pessoas como Biles, que fazem escolhas nas quais a vida não está pautada pela ética utilitária, competitiva e avaliada por resultados. Menos é mais. O exemplo de Biles nos convida a alinhar nossas vidas aos valores ecológicos, identificados com uma vida psíquica sustentável. Servir a propósitos comunitários e ter relações humanas saudáveis é a medalha de ouro que podemos conquistar na vida.
Jorge Miklos, analista junguiano e sociólogo. Graduado em História e Ciências Sociais. Especialista em Psicologia Analítica. Mestre em Ciências da Religião e Doutor em Comunicação Social. Coordena uma pesquisa sobre as masculinidades contemporâneas.
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ARTIGO
Seja mais otimista
Na época, eu me via afundada em pensamentos negativos. Parecia o fim do mundo. Quando finalmente decidi sair desse buraco, fui a busca de algo que me ajudasse. Encontrei várias coisas: estudos, práticas, meditação entre outros. Mas qual foi o divisor de águas? Um TED Talk sobre a técnica da gratidão. Nela, a pessoa precisa terminar o seu dia dizendo três coisas pela qual foi grata naquele dia.
Você sabia que ser otimista pode influenciar positivamente no seu desempenho? Algumas pesquisas já comprovaram isso. Por exemplo, um experimento organizado pelo pesquisador Martin Seligman, da Universidade da Pensilvânia, acompanhou dois grupos de funcionários: os aprovados por aptidão e os escolhidos pelo otimismo. Logo no primeiro ano, os otimistas tiveram desempenho 21% melhor do que os demais.
Outro dia, assisti um episódio do meu podcast favorito, o The Diary of a CEO, tratando deste mesmo tema. Em algum momento do vídeo, a convidada traz um dado bem interessante: ‘Pessoas otimistas ganham, em média, 33 mil dólares a mais que pessoas pessimistas’.
A pesquisa não é bem clara e não dá para saber se isso acontece apenas pelo fato delas pensarem positivo, ou se elas compartilham características mais valorizadas no mercado de trabalho. O fato é que pessoas otimistas ganham mais!
A convidada ainda comentou que pessoas otimistas são mais felizes, porque correm mais riscos. E isso acontece pelo simples fato delas acreditarem que as coisas vão dar certo. Parece meio óbvio. Por que começar uma coisa pensando que vai dar errado?
É por isso que a maioria dos empreendedores de sucesso são pessoas otimistas. Outra opinião dada foi que o pessimismo está ligado a depressão. Mas o que fazer para se tornar uma pessoa mais otimista? A resposta dada não me agradou muito. Porém, fez-me lembrar da minha própria experiência com depressão, em 2015.
Na época, eu me via afundada em pensamentos negativos. Parecia o fim do mundo. Quando finalmente decidi sair desse buraco, fui a busca de algo que me ajudasse. Encontrei várias coisas: estudos, práticas, meditação entre outros. Mas qual foi o divisor de águas? Um TED Talk sobre a técnica da gratidão. Nela, a pessoa precisa terminar o seu dia dizendo três coisas pela qual foi grata naquele dia.
E o que isso faz? Isso faz com que, depois de um tempo praticando essa técnica, o seu cérebro começa a procurar coisas para citar ao final do dia. Você passa a olhar para o lado mais positivo do seu dia. Esse tempo varia, para mim foram uns 7 dias. Essa experiência me fez pensar: por que não trazer essa técnica para o meu negócio?
Criei um ritual antes de cada reunião semanal: cada um do time tem que compartilhar uma coisa positiva e uma coisa negativa que aconteceu com ela na semana anterior. Você tem um minuto para isso, ou seja, não gasta muito tempo! Tem uma regra, aliás. Você pode passar uma semana sem uma experiência negativa, mas uma positiva é obrigatória.
E por que o negativo? Ah, isso é para criar empatia! Às vezes, uma palavra atravessada numa conversa ou uma mensagem não respondida pode deixar alguém magoado. Quando compartilhamos o negativo, normalmente descobrimos que a pessoa estava passando por algo complicado quando não agiu da melhor forma.
Não se trata de uma sessão de terapia em grupo, mas ajuda a criar laços e compreensão. Essa prática trouxe resultados incríveis na cultura da empresa, na gestão e na união da equipe. É algo que vai além do profissional, cria empatia e positividade no ambiente. Isso pode fazer a diferença.
Juliana Brito, empresária, CEO e cofundadora da Indie Hero e da GJ+
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