Após alta no PIB, analistas apontam força do consumo interno

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O crescimento de 0,9% da economia brasileira no segundo trimestre deste ano ante os três meses anteriores deu sinais da força do consumo interno, avaliam especialistas ouvidos pela Agência Brasil. Eles apontam sinais positivos e desafios após conhecerem dados do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, divulgados nesta quinta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

O professor Ecio Costa, do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), minimizou o recuo de 0,9% da agropecuária no segundo trimestre, em relação aos três primeiros meses do ano. Ele atribui o resultado ao comportamento sazonal da safra da soja, concentrada no começo do ano.  

Para Costa, os resultados mostram que a principal máquina da economia brasileira é o setor de serviços, que cresceu 0,6% no trimestre. “Representa mais de 70% do PIB e quando cresce, puxa a economia”, aponta. 

Demanda na indústria 

Sobre o comportamento da indústria, que apresentou avanço de 0,9% no trimestre, o professor da UFPE explica que é um desempenho relacionado à produção encomendada para o consumo de fim de ano, que é fabricada meses antes. Ele aponta ainda iniciativas do governo como subsídios ao consumo, que aquecem a produção industrial.  

“Você tem o Bolsa Família com valor mais elevado, incentivos que foram dados como para aquisição de veículos, por exemplo”, cita Costa, que faz uma ressalva: “o custo do crédito ainda está bem elevado”.  

O professor de economia destaca também que “a indústria ainda está muito distante do seu maior patamar da série histórica, que aconteceu em 2013. A indústria precisa se recuperar e, talvez, a reforma tributária venha ajudar nesse sentido”. 

Crescimento projetado 

Para o restante do ano, Costa acredita em mais crescimento. “O setor de serviços termina sendo puxado pelo consumo no segundo semestre, e as indústrias também produzem mais no segundo semestre. Em geral, quando a gente observa a série histórica [do IBGE], o segundo semestre é melhor que o primeiro, então se já tivemos um desempenho positivo, deve haver um crescimento importante para a economia brasileira em 2023”, prevê.

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Um fator negativo apresentado pelo professor na divulgação do IBGE é a taxa de investimentos (17,2%), que caiu na comparação com o ano passado (18,3%). “A economia cresce de maneira sustentável com mais investimento. O Brasil está com patamar baixo de investimento”, lamenta. 

Para Mauricio Andrade Weiss, professor de economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Brasil mostrou uma mudança no perfil de crescimento do PIB. Enquanto o primeiro trimestre foi puxado pela agricultura, o segundo teve participação mais marcante dos serviços, e não apenas os serviços relacionados com o agro, como transporte e armazenamento da produção agrícola.  

“Agora a parte de serviços está mais ampliada para uma diversidade maior de setores. É um bom sinal para o país, indica uma sustentabilidade maior do investimento comparado ao que a gente tinha no primeiro trimestre”, considera. 

Políticas públicas 

O professor da UFRGS aponta que a chamada PEC da Transição, iniciativa do então governo de transição aprovada pelo Congresso no fim do ano passado para abrir espaço no orçamento para financiar programas do governo, foi um dos fatores que têm possibilitado o crescimento do PIB em 2023.  

“Você tem uma ampliação do Bolsa Família, a retomada do Minha Casa, Minha Vida, aumento da renda dos aposentados, aumento real do salário mínimo, todos esses programas auxiliam na renda. Os efeitos não tinham sido observados no primeiro trimestre, mas foram sentidos nesse segundo trimestre”, pontua.  

Para o ano de 2023, Weiss acredita em um crescimento da economia perto de 3%. Ele cita o corte na taxa de juros, iniciado em agosto, e o programa Desenrola, que permite a renegociação de dívidas, como medidas que começarão a ser sentidas no fim do ano. Na visão dele, o cenário é de “otimismo, com uma taxa de crescimento continuada”. 

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O economista Bruno Sobral, professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), enxerga dados positivos no comportamento do PIB no segundo trimestre, como um crescimento de serviços ligados a áreas produtivas da economia. Programas de transferência de renda também foram avaliados como tendo uma influência positiva para a economia, melhorando o mercado de trabalho e impulsionando o consumo das famílias. 

Desafio na indústria 

Porém, Sobral ressalta desafios importantes. Um deles é relacionado ao setor industrial, que teve o crescimento puxado principalmente pela indústria extrativa (1,8%), relacionada ao petróleo, gás e mineração. Para o professor, a indústria de transformação (fábricas que transformam matéria-prima em um produto final ou intermediário) fica devendo, de forma recorrente, a ponto de o setor como um todo não ter conseguido ainda atingir o ponto máximo da série histórica do IBGE, que foi em 2013.  

“É fundamental ter políticas de desenvolvimento econômico de uma maneira mais concreta, um plano de reindustrialização”, aponta. “Pensando essa recuperação para setores de inovação, setores que fortaleçam complexos econômicos estratégicos, de alta produtividade”. 

Uma situação que se entrelaça com a baixa taxa de investimento no país. “Pensando a taxa de investimento como algo que possa fortalecer as infraestruturas, as bases fundamentais para a recuperação econômica”, destaca. 

Outro desafio sinalizado pelo economista da Uerj, que estima um crescimento do PIB perto ou até maior que 3% em 2023, é o nível alto de juros, que impulsiona a inadimplência. “Ainda há um problema de inadimplência, um desafio para obtenção de crédito. Se superado, o crescimento seria ainda maior”. 

Fonte: EBC Economia

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ECONOMIA

CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos

Técnica amplia a produção, melhora a qualidade das mudas e favorece a sustentabilidade no campo

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CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos. Fotos: CRV

A CRV Industrial, usina bioenergética localizada em Carmo do Rio Verde, está investindo no plantio por Meiose como uma estratégia para otimizar o cultivo da cana-de-açúcar. Esse método permite que parte da área seja plantada inicialmente para gerar mudas destinadas ao restante da lavoura, possibilitando o uso temporário da terra com outras culturas ou o pousio.

De acordo com o superintendente agrícola, Carlos Jordão, a técnica visa otimizar o plantio, reduzir custos e preservar a área de moagem. Como teste inicial, a empresa implantou 100 hectares com Meiose, que se transformarão em 900 hectares para atender à área planejada. Esse sistema também já está sendo utilizado na unidade da empresa em Minas Gerais.

Jordão destaca que as principais vantagens desse método incluem a redução de operações agrícolas, a diminuição de custos, maior flexibilidade na janela de plantio, viabilidade do plantio em períodos chuvosos, interrupção do ciclo de pragas, melhor qualidade das mudas, maior rendimento no corte e preservação da cana destinada à moagem. “Entretanto, desafios como a necessidade de mão de obra especializada e o manejo dos tratos culturais da linha-mãe ainda são pontos de atenção”, ressalta.

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Na CRV Industrial, o manejo da Meiose está sendo realizado com MPB (Mudas Pré-Brotadas), o que otimiza o processo e permite melhor aproveitamento da janela de plantio. A maior parte das mudas está sendo utilizada em plantios de um ano e meio, sendo metade mecanizada e metade por Meiose. Esse modelo contribui para a redução da área de mudas cortadas, pois uma única linha pode se desdobrar em oito a dez linhas.

A linha de Meiose exige um investimento maior devido à irrigação, com custo médio de R$ 17 mil por hectare. No entanto, a quebra da Meiose gera economias significativas em transporte e outros custos operacionais. “Quando se divide o custo total, o valor final fica em torno de R$ 11 mil por hectare. A ideia é expandir a técnica para uma área entre 2.500 e 3.000 hectares, economizando hectares de mudas e mantendo um custo competitivo em relação ao plantio mecanizado”, explica Carlos Jordão.

A CRV Industrial aposta nessa estratégia para aumentar a eficiência e a sustentabilidade na produção de cana-de-açúcar. Além da redução de custos, a possibilidade de plantar outras culturas entre as linhas da Meiose permite um melhor aproveitamento da terra e contribui para a melhoria do solo. O projeto reforça o compromisso da empresa com a inovação e a busca por soluções sustentáveis para o setor sucroenergético.

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