Argentina reduz impostos sobre exportações agrícolas para enfrentar seca severa

Diante de uma das piores secas recentes e da desvalorização das commodities agrícolas no mercado global, o governo argentino anunciou uma significativa redução nos impostos sobre as exportações de soja, milho e outras culturas. A medida, que busca apoiar os agricultores e estimular as exportações, também reflete a urgência em captar dólares para equilibrar a economia nacional.
O presidente Javier Milei determinou cortes nas tarifas de exportação de farelo e óleo de soja, que passaram de 31% para 24,5%. O imposto sobre vagens de soja não processadas caiu de 33% para 26%, enquanto a tarifa sobre o milho foi reduzida de 12% para 9,5%. Outras culturas, como trigo, cevada e girassol, também tiveram cortes significativos.
Seca acentuada por La Niña
O padrão climático de La Niña, que já havia causado sérios danos à agricultura argentina há dois anos, voltou a trazer preocupações. Apesar das expectativas de um impacto mais brando em 2025, a estação de cultivo começou com períodos prolongados de seca.
Na região agrícola dos Pampas, chuvas irregulares prejudicaram ainda mais o potencial das plantações. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu suas previsões para as safras de milho e soja em 2%, prevendo agora 49,6 milhões de toneladas métricas de soja e 49 milhões de toneladas de milho. Além disso, a área de soja classificada como “em condições ruins ou muito ruins” saltou de 8% para 28% em poucas semanas.
Negociações com o FMI
A redução dos impostos ocorre em paralelo às conversas entre o governo e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que busca estabelecer um novo programa para substituir o atual acordo de US$ 44 bilhões. Uma questão central é a reforma cambial, altamente dependente da entrada de dólares provenientes das exportações agrícolas.
A promessa de Javier Milei de eliminar os controles cambiais depende do aumento das reservas internacionais, razão pela qual o apoio ao setor agrícola é estratégico. Embora a redução de impostos seja temporária, com validade até junho, ela coincide com o início da colheita no segundo trimestre, quando o impacto nos mercados globais será mais significativo.
Perspectivas desafiadoras
Analistas apontam que as próximas semanas serão decisivas para a agricultura argentina. A continuidade da seca poderá agravar ainda mais o cenário, com previsões indicando a manutenção de condições climáticas adversas em partes dos Pampas. Enquanto isso, o governo enfrenta o desafio de equilibrar as pressões econômicas e políticas, além de lidar com a lembrança da histórica seca de 2023, cujos efeitos ainda são sentidos no país.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio


Agronegócio
Especialistas Apontam Necessidade de Maior Conhecimento sobre o Mercado Chinês pelo Agro Brasileiro

A influência crescente da China no mercado global de grãos e as projeções para a negociação de soja e milho foram os principais temas abordados na 35ª edição do Fórum Nacional da Soja, realizado durante a 25ª Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS). O evento, promovido pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS) e Cotrijal, contou com o patrocínio de CCGL e Sistema Ocergs Sescoop.
Na abertura do fórum, o presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, destacou a importância da Expodireto como um espaço para difusão de tecnologia, inovação e cooperativismo, além de ser um ponto de discussão sobre temas relevantes, como a conservação do solo e o investimento em irrigação. Pires ressaltou que as mudanças climáticas têm intensificado os desafios relacionados à distribuição irregular das chuvas e ao aumento das temperaturas. “Precisamos de uma política pública que seja favorável ao Rio Grande do Sul. Não pedimos perdão de dívidas, nem anistia, mas sim uma política que nos ajude a superar este momento desafiador”, concluiu.
China e a Soja Brasileira: Desafios e Oportunidades
Em sua palestra, o investidor e especialista em China, Ricardo Geromel, abordou a relevância crescente do país asiático para a economia brasileira. Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, e, nos últimos quatro anos, os negócios entre os dois países têm atingido números recordes. Geromel enfatizou que a soja é, sem dúvida, um dos maiores responsáveis por esse desempenho. “Mais da metade de toda a soja brasileira exportada vai para a China. O que você sabe sobre a China? Precisamos conhecer mais sobre o nosso maior comprador de soja. A China é a segunda maior economia do mundo e não podemos ignorar sua importância”, afirmou.
Cenários de Mercado: Produção, Custos e Desafios
Na segunda palestra, o sócio-diretor da Agroconsult, André Debastiani, apresentou uma análise das perspectivas para os mercados de soja e milho na safra 2024/2025. Para Debastiani, o ano será marcado por desafios significativos, com uma oferta de produção robusta no Brasil, mas com pressão sobre os preços devido à superprodução. “Vamos produzir mais do que o mundo consome, o que cria uma grande pressão sobre os preços. Além disso, o cenário inflacionário e o aumento dos custos de produção apertam as margens dos produtores, resultando em um nível elevado de endividamento”, destacou.
O especialista também observou que, embora a produção de grãos seja boa em algumas regiões, nem todos os estados terão bons resultados. “O centro-norte do país apresenta uma boa produção, mas o Rio Grande do Sul e o sul do Mato Grosso do Sul enfrentam problemas. O Rio Grande do Sul precisa de uma política pública eficaz para renegociar as dívidas dos produtores e oferecer medidas estruturantes de crédito, além de mais tecnologia para alcançar altas produtividades”, concluiu Debastiani.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio
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