Atendimentos ambulatoriais crescem 303% na pandemia

Dados do Ministério da Saúde mostram uma elevação de 303% nos atendimentos ambulatoriais, os que não necessitam de internação no Sistema Único de Saúde (SUS) por acidentes domésticos durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19), em pessoas de até 15 anos de idade. A pesquisa comparou os registros entre os meses de março e outubro de 2020 com igual período de 2019. Os atendimentos subiram de 7.179 para 28.939.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM) informou que a maior parte desses atendimentos se refere a lesões nas mãos, causadas por queimaduras, quedas e cortes. Somando os atendimentos hospitalares e ambulatoriais, foram contabilizados 39.338 atendimentos, uma alta de 112% em 2020 contra 18.525 em 2019.
O presidente da SBCM, Henrique de Barros Pinto Netto, confirmou hoje (18), à Agência Brasil, o aumento da procura nos hospitais por acidentes domésticos na faixa de zero a 15 anos de idade. Ela alerta os pais e responsáveis para ficarem atentos quanto à segurança dos filhos dentro de casa durante a pandemia do novo coronavírus, quando a maioria das creches e escolas está atuando de maneira virtual.
Netto disse que de acordo com a faixa etária, há uma exposição maior aos acidentes. “Quando a criança nasce, ela tem cuidados pela mãe e não vai ao solo. Quando ela está querendo engatinhar, tem um nível de visão baixo e o que está mais próximo dela são as tomadas”, explicou.
“Como a criança está na fase oral, isso significa que se ela colocar a mão na boca e em seguida na tomada, se esta não tiver proteção, a criança leva um choque e tem uma lesão grave, que vai se estender até a adolescência”, disse o especialista.
Na fase de começar a andar, Netto chama a atenção que a cozinha “é um paraíso” para os menores, porque tem faca, tem panela no fogo, tem acesso ao detergente, ao ferro. “A criança pode ter uma queimadura séria, se cortar ou, mesmo, beber produtos de limpeza. É um ambiente muito perigoso para a criança na fase de um ano a um ano e pouco”.
O cirurgião destacou que aos 4 anos de idade, a criança já começa a brincar com outras coisas, e já pode subir em móveis. “Nessa faixa, tem maior incidência de fraturas”. Aos 8 anos, o menor volta sua atenção para equipamentos como skate e outros, com risco também de fraturas.
O especialista lembra que aos 14 anos, na adolescência, há a descoberta de fogo e de fogos de artifício, que podem provocar sérias queimaduras. Ao mesmo tempo, o jovem tem sua atenção voltada para a rua e começa a ter um pouco mais de liberdade.
Recomendações
Em relação à criança, a primeira recomendação que a SBCM faz aos pais, para evitar acidentes domésticos, é ter uma porta ou divisória que limite o acesso à cozinha. Outra é colocar protetor em todas as tomadas. A entidade lembra ainda que quando a mãe ou pai estiver cozinhando, não deve deixar cabos de panelas para fora do fogão, e ferro de passar roupa perto. “Você vai observando e, depois, conforme a criança vai crescendo, você vai orientando as precauções que devem ser tomadas, como uso de capacete, cotoveleira, dependendo do esporte que ela vai praticar”.
Também é preciso estar atento ao banheiro, onde as crianças podem pegar o barbeador do pai ou aparelho de gilete, por exemplo, provocando acidentes. Barreiras de proteção na escada também são importantes, além de deixar plantas venenosas em local inacessível, segundo a entidade.
Netto observou que acidentes também ocorrem com adultos na pandemia, que ficam mais tempo em casa e começam a cozinhar. Outros tomam bebidas alcoólicas, com risco de se cortarem e ocasionarem lesões no tendão. As facas são outros elementos que provocam cortes, muitas vezes profundos, lembra o médico. “Todos esses tipos de acidentes aumentaram, por causa da maior atividade manual domiciliar”.
Álcool em gel
Henrique Pinto Netto alertou ainda para o perigo do álcool em gel para crianças e adultos porque, como o produto forma uma película nas mãos, uma camada fina, a pessoa não deve se aproximar do fogão para não provocar uma combustão. “Quando você vê, está queimado”, disse.
O álcool em gel 70, segundo o médico, deve ser usado por todos para evitar o contágio pela covid-19, mas a pessoa tem de estar alerta para não se aproximar do fogão, de velas e até mesmo de cigarros. O presidente da SBCM sugeriu que para o uso direto na higienização das mãos dos pequenos, o melhor método é água e sabão.
O cirurgião destacou também que os pais devem prestar atenção à parte psíquica das crianças no isolamento social. Embora seja fundamental o distanciamento social nesse momento de pandemia, eles devem pensar em variadas formas de entreter os pequenos o máximo possível, sem restrição, procurando distrações em casa e pela internet.
Edição: Fernando Fraga


SAÚDE
“Considero o Conselho a maior barreira para o negacionismo nesse país”, afirma Padilha durante reunião do CNS

Nesta quinta (13), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, marcou presença na 364ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS), na sede do Ministério da Saúde, em Brasília. A agenda recordou os cinco anos da pandemia de Covid-19, além de abordar a participação social na garantia da equidade dos direitos das mulheres e as ações do Programa Brasil Saudável. O atendimento da população em situação de rua na atenção primária também foi uma das pautas.
Esta foi a primeira participação de Padilha em uma reunião do Conselho, desde que reassumiu a pasta na última segunda (10). Durante a plenária, ele falou das suas expectativas para os próximos dois anos e agradeceu o trabalho do CNS na luta pela defesa do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Alguns sentimentos me movem ao voltar para o Ministério da Saúde e um deles é consolidar a pasta com gestores municipais e estaduais. Como um espaço de controle social, o Conselho Nacional de Saúde é a maior barreira para o negacionismo nesse país e isso nos impulsiona para ser uma referência mundial”, declarou o ministro.
A presidente do CNS, Fernanda Magano, agradeceu a presença de Padilha na reunião. “É muito importante esse diálogo e os compromissos aqui estabelecidos na defesa do nosso Sistema Único de Saúde. Esperamos que essa reconstrução seja muito proveitosa para as entregas necessárias pela democracia e garantia da vida no nosso país”, declarou.
- 364ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS), na sede do Ministério da Saúde, em Brasília (Foto: Taysa Barros/MS)
Para o representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), José Ramix, é urgente a participação e valorização da diversidade na saúde: “Precisamos estimular estratégias que fortaleçam o controle social e a gestão participativa, além de reconhecer o protagonismo dos territórios e das diversas populações dos municípios brasileiros”, observou.
Durante sua fala, o ministro reforçou o pedido de Ramix e destacou, mais uma vez, a urgência da entrega e a obsessão pela redução no tempo de espera pelos atendimentos especializados. “Só vamos conseguir fazer isso acontecer com uma atenção primária fortalecida, valorizada e equilibrada, além de reorganizar as redes de média e alta complexidade”, pontuou.
Ana Freire
Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde
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