BC: saldo de crédito chega a R$ 4,7 trilhões, em fevereiro

O estoque de todos os empréstimos feitos por instituições financeiras, no Brasil, chegou a R$ 4,711 trilhões, em fevereiro, com alta de 0,8% em relação a janeiro e de 16,6 % em 12 meses. Os dados foram divulgados hoje (28), em Brasília, pelo Banco Central (BC).
Esse saldo do crédito correspondeu a 53,3% de tudo o que o país produz – o Produto Interno Bruto (PIB) – resultado estável em relação a janeiro deste ano e a fevereiro de 2021.
O saldo de crédito às empresas aumentou 1% em relação a janeiro e 10,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, ao totalizar R$ 1,952 trilhão. No caso das famílias, o estoque de crédito somou R$ 2,759 trilhões, com incrementos de 0,7% e de 21,4% nas mesmas bases de comparação.
Taxas de juros
A taxa média de juros para pessoas físicas ficou em 48,1% ao ano, no mês, com aumento de 1,8 ponto percentual em relação a janeiro. No ano, o aumento chegou a 3,1 pontos percentuais e, em 12 meses, a 8 pontos percentuais.
No caso das empresas, o aumento de um mês para o outro foi de apenas de 0,1 pp (ponto percentual), mas no ano chegou a 1,1 pp e, em 12 meses, a 7,7 pontos percentuais. Os juros cobrados das empresas ficaram em 21,5% ao ano, em fevereiro.
Pessoas físicas
Entre as modalidades para pessoas físicas, o rotativo do cartão de crédito tem a taxa mais alta: 355,2 % ao ano. Houve aumento de 8,9 pontos percentuais, em fevereiro, e de 28,2 pontos percentuais, em 12 meses.
O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida.
Na modalidade de parcelamento das compras pelo cartão de crédito, os juros chegaram a 174,3% ao ano em fevereiro, com aumento de 1,8 pp, no mês. Nessa taxa média estão as compras parceladas, o parcelamento de fatura de cartão de crédito ou o migrado do rotativo e saques parcelados.
A taxa de juros do cheque especial chegou a 132,6% ao ano, com aumento de 6,9 pontos percentuais, no mês, e de 7,1 pontos percentuais, em 12 meses.
A taxa de juros do crédito pessoal não consignado subiu para 83,4% ao ano em fevereiro, com aumento de 3,6 pontos percentuais em relação a janeiro e queda de 1,1 pp, em 12 meses.
A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) caiu 0,2 pp, indo para 22,9% ao ano, em fevereiro. Em 12 meses, subiu 4,1 pontos percentuais.
Inadimplência
A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas, subiu 0,1 pp, chegando a 4,7%. Para as pessoas jurídicas, a inadimplência caiu 0,1 pp e ficou em 1,5%.
Todos esses dados de taxas de juros e inadimplência são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes.
Crédito direcionado
No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito), os juros para as pessoas físicas caíram 0,8 pp para 8,5% ao ano. A taxa cobrada das empresas subiu 0,2 pp para 10,7% ao ano, no mês.
Greve dos servidores
A greve dos servidores do Banco Central, neste mês, atrasou a divulgação de relatórios, como esse de hoje das estatísticas de crédito. Com a suspensão da greve, anunciada no último dia 19, a divulgação de estatísticas está sendo normalizada gradualmente.
Edição: Kleber Sampaio


ECONOMIA
CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos
Técnica amplia a produção, melhora a qualidade das mudas e favorece a sustentabilidade no campo

A CRV Industrial, usina bioenergética localizada em Carmo do Rio Verde, está investindo no plantio por Meiose como uma estratégia para otimizar o cultivo da cana-de-açúcar. Esse método permite que parte da área seja plantada inicialmente para gerar mudas destinadas ao restante da lavoura, possibilitando o uso temporário da terra com outras culturas ou o pousio.
De acordo com o superintendente agrícola, Carlos Jordão, a técnica visa otimizar o plantio, reduzir custos e preservar a área de moagem. Como teste inicial, a empresa implantou 100 hectares com Meiose, que se transformarão em 900 hectares para atender à área planejada. Esse sistema também já está sendo utilizado na unidade da empresa em Minas Gerais.
Jordão destaca que as principais vantagens desse método incluem a redução de operações agrícolas, a diminuição de custos, maior flexibilidade na janela de plantio, viabilidade do plantio em períodos chuvosos, interrupção do ciclo de pragas, melhor qualidade das mudas, maior rendimento no corte e preservação da cana destinada à moagem. “Entretanto, desafios como a necessidade de mão de obra especializada e o manejo dos tratos culturais da linha-mãe ainda são pontos de atenção”, ressalta.
Na CRV Industrial, o manejo da Meiose está sendo realizado com MPB (Mudas Pré-Brotadas), o que otimiza o processo e permite melhor aproveitamento da janela de plantio. A maior parte das mudas está sendo utilizada em plantios de um ano e meio, sendo metade mecanizada e metade por Meiose. Esse modelo contribui para a redução da área de mudas cortadas, pois uma única linha pode se desdobrar em oito a dez linhas.
A linha de Meiose exige um investimento maior devido à irrigação, com custo médio de R$ 17 mil por hectare. No entanto, a quebra da Meiose gera economias significativas em transporte e outros custos operacionais. “Quando se divide o custo total, o valor final fica em torno de R$ 11 mil por hectare. A ideia é expandir a técnica para uma área entre 2.500 e 3.000 hectares, economizando hectares de mudas e mantendo um custo competitivo em relação ao plantio mecanizado”, explica Carlos Jordão.
A CRV Industrial aposta nessa estratégia para aumentar a eficiência e a sustentabilidade na produção de cana-de-açúcar. Além da redução de custos, a possibilidade de plantar outras culturas entre as linhas da Meiose permite um melhor aproveitamento da terra e contribui para a melhoria do solo. O projeto reforça o compromisso da empresa com a inovação e a busca por soluções sustentáveis para o setor sucroenergético.
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