Brasil e Reino Unido discutem possível negociação de acordo comercial

Representantes do Brasil e do Reino Unido discutiram hoje (11) a possibilidade de uma negociação de um acordo comercial entre os dois países. Outros pontos debatidos foram medidas que evitem a dupla tributação (quando um imposto é cobrado pelos dois governos), a adesão do Brasil à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e acordos bilaterais de investimento, tributação e seguridade social.
A reunião do Comitê Econômico e de Comércio Conjunto entre Brasil e Reino Unido (Jetco na sigla em inglês) ocorreu ao longo de todo o dia em Brasília. Participaram da reunião o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Roberto Fendt, e a secretária de Estado de Comércio Internacional do Reino Unido, Elisabeth Truss.
Entre os pontos debatidos, estão temas como crescimento limpo e sustentável, cooperação comercial multilateral e bilateral, acesso a mercados e projetos do Prosperity Fund, fundo interministerial do governo britânico destinado a impulsionar o crescimento econômico e projetos sustentáveis em países em desenvolvimento.
Em relação à OCDE, os representantes do Reino Unido reforçaram o apoio britânico à adesão do Brasil à organização, que reúne as economias mais industrializadas do planeta. As autoridades britânicas, informou o Ministério da Economia, disseram estar cooperando com o governo brasileiro nos processos de alinhamento do Brasil aos padrões e aos instrumentos legais da organização.
Multilateralismo
Em relação ao comércio internacional, Fendt defendeu o fortalecimento do sistema multilateral de comércio e uma reforma abrangente da Organização Mundial do Comércio (OMC) como meio para promover o investimento global e aumentar a produtividade. A secretária britânica disse que atualmente há maior espaço para cooperação bilateral na OMC em temas como compras governamentais, comércio eletrônico e facilitação de investimentos, num momento em que o Reino Unido passa a ter assento próprio na organização após a saída do país da União Europeia.
Os dois países também discutiram o reconhecimento mútuo das indicações geográficas do uísque escocês e da cachaça brasileira. A indicação geográfica torna exclusiva a denominação de origem para bens produzidos em determinadas regiões e países.
Fundo de desenvolvimento
Sobre o Prosperity Fund, o fundo deve investir 1,2 bilhão de libras esterlinas em países em desenvolvimento até março de 2023. Para o Brasil, deve destinar aproximadamente 110 milhões de libras nas áreas de facilitação de comércio, ambiente de negócios, saúde, educação, energia, finanças verdes, cidades inteligentes e acesso digital.
Somente o Ministério da Economia deverá receber até 30 milhões em projetos para a facilitação do comércio. O dinheiro será aplicado em cinco frentes de ação: inserção de micro, pequenas e médias empresas nas cadeias globais de valor; eficiência dos portos; melhoria regulatória; apoio à acessão do Brasil à OCDE e propriedade intelectual.
Pelo lado brasileiro, o encontro teve a presença de representantes de outros órgãos além do Ministério da Economia. Também participaram autoridades dos Ministérios das Relações Exteriores e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além de integrantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Segundo o Ministério da Economia, um comunicado preparado pelos dois países deve ser divulgado até o fim desta semana com as principais conclusões e medidas acertadas.
Edição: Liliane Farias


ECONOMIA
CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos
Técnica amplia a produção, melhora a qualidade das mudas e favorece a sustentabilidade no campo

A CRV Industrial, usina bioenergética localizada em Carmo do Rio Verde, está investindo no plantio por Meiose como uma estratégia para otimizar o cultivo da cana-de-açúcar. Esse método permite que parte da área seja plantada inicialmente para gerar mudas destinadas ao restante da lavoura, possibilitando o uso temporário da terra com outras culturas ou o pousio.
De acordo com o superintendente agrícola, Carlos Jordão, a técnica visa otimizar o plantio, reduzir custos e preservar a área de moagem. Como teste inicial, a empresa implantou 100 hectares com Meiose, que se transformarão em 900 hectares para atender à área planejada. Esse sistema também já está sendo utilizado na unidade da empresa em Minas Gerais.
Jordão destaca que as principais vantagens desse método incluem a redução de operações agrícolas, a diminuição de custos, maior flexibilidade na janela de plantio, viabilidade do plantio em períodos chuvosos, interrupção do ciclo de pragas, melhor qualidade das mudas, maior rendimento no corte e preservação da cana destinada à moagem. “Entretanto, desafios como a necessidade de mão de obra especializada e o manejo dos tratos culturais da linha-mãe ainda são pontos de atenção”, ressalta.
Na CRV Industrial, o manejo da Meiose está sendo realizado com MPB (Mudas Pré-Brotadas), o que otimiza o processo e permite melhor aproveitamento da janela de plantio. A maior parte das mudas está sendo utilizada em plantios de um ano e meio, sendo metade mecanizada e metade por Meiose. Esse modelo contribui para a redução da área de mudas cortadas, pois uma única linha pode se desdobrar em oito a dez linhas.
A linha de Meiose exige um investimento maior devido à irrigação, com custo médio de R$ 17 mil por hectare. No entanto, a quebra da Meiose gera economias significativas em transporte e outros custos operacionais. “Quando se divide o custo total, o valor final fica em torno de R$ 11 mil por hectare. A ideia é expandir a técnica para uma área entre 2.500 e 3.000 hectares, economizando hectares de mudas e mantendo um custo competitivo em relação ao plantio mecanizado”, explica Carlos Jordão.
A CRV Industrial aposta nessa estratégia para aumentar a eficiência e a sustentabilidade na produção de cana-de-açúcar. Além da redução de custos, a possibilidade de plantar outras culturas entre as linhas da Meiose permite um melhor aproveitamento da terra e contribui para a melhoria do solo. O projeto reforça o compromisso da empresa com a inovação e a busca por soluções sustentáveis para o setor sucroenergético.
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