Chuvas em Minas e queda na demanda chinesa afetam mineração

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A indústria mineral no Brasil experimentou uma queda de desempenho no primeiro trimestre de 2022. Os dados foram divulgados hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), entidade que representa as maiores empresas do setor em atividade no país. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a produção, de 200 milhões de toneladas, caiu 13%, e o faturamento, de R$ 56,2 bilhões, encolheu 20%. As exportações fecharam com redução de 22,8%.

Segundo o Ibram, dois fatores tiveram contribuição importante para o novo cenário, já que os últimos balanços trimestrais do setor registraram alta de produção e faturamento. O primeiro está relacionado com a China, principal compradora dos minérios do Brasil. Nos três primeiros meses do ano, as exportações para o país asiático caíram 31% na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação ao último trimestre de 2021, a queda é de 29%.

“Tivemos uma redução da produção das siderúrgicas chinesas relacionada aos Jogos Olímpicos de Inverno. Havia uma determinação do governo chinês para melhorar as condições ambientais para a realização do evento esportivo. Também houve um maior controle de preços por parte da China”, explicou Raul Jungmann, diretor-presidente do Ibram.

A entidade também chama atenção para as medidas de isolamento decretadas em diversas cidades do país asiático para o combate à pandemia da covid-19.

O segundo fator que exerceu forte influência no desempenho do setor foram as chuvas torrenciais ocorridas em janeiro em Minas Gerais. Em algumas localidades, foram registrados mais de 200 milímetros em apenas dois dias. Diversas unidades operacionais foram paralisadas por precaução ou para realização de manutenção, impactando na produção. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) recomendou intervenção preventiva em 18 estruturas.

No Pará, a produção também ficou abaixo do que o esperado. “Tivemos problemas associados ao licenciamento ambiental, sobretudo em unidades situadas no Norte do Brasil”, disse Jungmann.

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Dessa forma, os dois principais estados mineradores – Minas Gerais e Pará – somaram 77% do faturamento do país. Nos três primeiros meses de 2021, as unidades mineiras e paraenses responderam por 85% da produção.

A queda no desempenho do setor no trimestre trouxe impacto para a arrecadação dos cofres públicos. Os dados indicam que, na comparação com os primeiros três meses de 2021, as empresas minerárias pagaram 20% a menos de tributos e 25% a menos de royalties, que é cobrado por meio da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).

Foram arrecadados R$ 1,5 bilhão de CFEM, enquanto entre janeiro e março de 2021 foram R$ 2,1 bilhões. Considerando a soma de royalties e de todos os tributos, o setor recolheu R$ 19,4 bilhões no primeiro trimestre deste ano e R$ 24,2 bilhões no mesmo período do ano passado.

Para o Ibram, o desempenho trimestral também está associado à natureza cíclica da atividade minerária, que é afetada pela sazonalidade do clima. A expectativa é de que uma ligeira recuperação seja observada nos próximos meses, com o fim do período chuvoso.

A entidade aponta ainda que, apesar da redução na produção e no faturamento, o saldo comercial mineral, que é a diferença entre exportações e importações de minérios, foi de US$ 6,2 bilhões.

“Mesmo quando há alguma queda nos resultados, as exportações de minérios geram divisas das quais o país não pode abrir mão”, disse Jungmann. O minério de ferro, carro-chefe da produção mineral brasileira, respondeu por 95% das exportações de minérios em toneladas e por 68% em dólar. Além disso, foi responsável por 58% do faturamento de toda a indústria. O ouro respondeu por 11%, o cobre por 9% e os demais minerais por 22%.

O balanço trimestral também traz dados de investimentos estimados para um período de 5 anos, entre 2022 e 2026. Espera-se que sejam gastos pelo setor US$ 40,4 bilhões, sendo US$ 36,2 bilhões em produção e em infraestrutura e US$ 4,2 bilhões em projetos socioambientais, que envolvem preservação de áreas protegidas, aproveitamento de resíduos, processamento a seco e redução de dependência de barragens, redução no consumo de água, planos de descarbonização, geração de energia solar e autossuficiência energética de fontes renováveis. Segundo o Ibram, 46% dos investimentos previstos já estão em execução.

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Novo mandato

Este é o primeiro balanço trimestral apresentado por Jungmann. O ex-deputado federal e ex-ministro da Defesa durante o governo de Michel Temer substituiu Flávio Ottoni Penido, tomando posse como diretor-presidente do Ibram no dia 1º de março. Também no mês passado, foi eleito um novo presidente para o Conselho Diretor da entidade: Wilson Brumer deu lugar à Wilfred Bruijn, CEO da mineradora Anglo American no Brasil. Penido e Brumer ocupavam os postos desde 2019.

Jungmann aproveitou a apresentação dos dados trimestrais para enumerar algumas diretrizes do seu mandato. Ele defendeu a intensificação da pesquisa mineral, criticou a elevação da carga tributária do setor e pediu o fim do contingenciamento de recursos destinados à Agência Nacional de Mineração (ANM), órgão responsável pela regulação e fiscalização do setor.

Outra bandeira levantada pela gestão de Jungmann é a da diversificação da produção mineral, de forma a reduzir a dependência do minério de ferro e explorar o potencial brasileiro de vanádio, níquel, lítio e outros minerais. Essa é uma medida que o novo diretor-presidente considera fundamental também para diminuir a dependência do mercado chinês.

Jungmann disse que a sustentabilidade e a segurança serão preocupações prioritárias da sua gestão e anunciou que, em junho, será lançado um aplicativo para celulares em parceria com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).

“[O aplicativo] Vai possibilitar a qualquer brasileiro consultar a situação das barragens. Isso é devido a toda a sociedade brasileira, sobretudo levando em conta os acidentes trágicos que vivenciamos em Mariana e em Brumadinho”, anunciou, lembrando dos grandes desastres ambientais ocorridos em 2015 e em 2019.

Edição: Fernando Fraga

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ECONOMIA

CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos

Técnica amplia a produção, melhora a qualidade das mudas e favorece a sustentabilidade no campo

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CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos. Fotos: CRV

A CRV Industrial, usina bioenergética localizada em Carmo do Rio Verde, está investindo no plantio por Meiose como uma estratégia para otimizar o cultivo da cana-de-açúcar. Esse método permite que parte da área seja plantada inicialmente para gerar mudas destinadas ao restante da lavoura, possibilitando o uso temporário da terra com outras culturas ou o pousio.

De acordo com o superintendente agrícola, Carlos Jordão, a técnica visa otimizar o plantio, reduzir custos e preservar a área de moagem. Como teste inicial, a empresa implantou 100 hectares com Meiose, que se transformarão em 900 hectares para atender à área planejada. Esse sistema também já está sendo utilizado na unidade da empresa em Minas Gerais.

Jordão destaca que as principais vantagens desse método incluem a redução de operações agrícolas, a diminuição de custos, maior flexibilidade na janela de plantio, viabilidade do plantio em períodos chuvosos, interrupção do ciclo de pragas, melhor qualidade das mudas, maior rendimento no corte e preservação da cana destinada à moagem. “Entretanto, desafios como a necessidade de mão de obra especializada e o manejo dos tratos culturais da linha-mãe ainda são pontos de atenção”, ressalta.

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Na CRV Industrial, o manejo da Meiose está sendo realizado com MPB (Mudas Pré-Brotadas), o que otimiza o processo e permite melhor aproveitamento da janela de plantio. A maior parte das mudas está sendo utilizada em plantios de um ano e meio, sendo metade mecanizada e metade por Meiose. Esse modelo contribui para a redução da área de mudas cortadas, pois uma única linha pode se desdobrar em oito a dez linhas.

A linha de Meiose exige um investimento maior devido à irrigação, com custo médio de R$ 17 mil por hectare. No entanto, a quebra da Meiose gera economias significativas em transporte e outros custos operacionais. “Quando se divide o custo total, o valor final fica em torno de R$ 11 mil por hectare. A ideia é expandir a técnica para uma área entre 2.500 e 3.000 hectares, economizando hectares de mudas e mantendo um custo competitivo em relação ao plantio mecanizado”, explica Carlos Jordão.

A CRV Industrial aposta nessa estratégia para aumentar a eficiência e a sustentabilidade na produção de cana-de-açúcar. Além da redução de custos, a possibilidade de plantar outras culturas entre as linhas da Meiose permite um melhor aproveitamento da terra e contribui para a melhoria do solo. O projeto reforça o compromisso da empresa com a inovação e a busca por soluções sustentáveis para o setor sucroenergético.

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