Comissão do Senado aprova nomes para duas diretorias do Banco Central

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A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, no fim da manhã desta terça-feira (28), os nomes de Rodrigues Alves e Paulo Picchetti para a diretoria do Banco Central (BC). As indicações ainda precisam ser aprovados pelo plenário da Casa para serem efetivadas.

Rodrigues Alves, aprovado por 22 votos a favor e um contra, foi indicado para a Diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta; e Picchetti, com 20 votos a favor, um contra e uma abstenção, para a de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos.

Funcionário de carreira do BC, Alves é graduado, mestre e doutor em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e professor do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC), tendo também já trabalhado como professor do Departamento de Economia da USP; diretor adjunto da Diretoria de Relações Internacionais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), na Assessoria Econômica do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão; no gabinete da Secretaria do Orçamento Federal no Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão.

Durante a sabatina, Alves disse que a autonomia do Banco Central não retirou o seu compromisso com a sociedade e democracia.  Ele afirmou que vai atuar para recompor a carreira dos servidores do BC, que enfrenta redução no quadro funcional, ao mesmo tempo em que ocorre aumento nas tarefas e responsabilidades.

“Ainda que os mandatos de diretores não coincidam com aquele do governo eleito, a autonomia do Banco Central não afasta a possibilidade de um diálogo democrático entre ambos para que se possa ter uma coordenação entre a política monetária e fiscal, uma vez que existem importantes interações entre ambas”, disse Alves, observando que a política fiscal tem impactos na inflação e a política monetária, sobre serviços da dívida pública e a sua evolução.

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Ele afirmou ainda que a autonomia do BC não isenta a instituição de críticas dos diferentes atores sociais e ressaltou que a instituição precisa estar aberta para debater as diferentes posições a respeito do debate macroeconômico, feitas a partir de análises críticas das teorias e instrumentos que embasam a atuação da instituição.

“Entretanto, é preciso cautela, mudanças no campo da política macroeconômica e, em especial, da política monetária, devem ser feitas com serenidade e transparência, com embasamento técnico e fazendo uso de uma comunicação eficaz com a sociedade”, defendeu.

Para Alves, que atualmente é secretário especial adjunto de Análise Governamental na Casa Civil da Presidência da República, essa atuação do BC contribui para a manutenção da estabilidade macroeconômica no país. “A estabilidade, bem como um sistema financeiro que permita o direcionamento de recursos com volume, prazos e taxas de juros adequadas para financiar a atividade produtiva, é fundamental para garantir um ambiente favorável aos investimentos, permitindo a retomada do desenvolvimento econômico e social sustentável, garantindo o objetivo último do Banco que é a melhoria de vida das condições do povo brasileiro.”

Arcabouço fiscal

Brasília (DF) 28/11/2023 Sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) dos indicados pelo atual governo para exercerem cargos na diretoria do Banco Central. Rodrigues Alves Teixeira e Paulo Picchetti, Foto Lula Marques/ Agência Brasil Brasília (DF) 28/11/2023 Sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) dos indicados pelo atual governo para exercerem cargos na diretoria do Banco Central. Rodrigues Alves Teixeira e Paulo Picchetti, Foto Lula Marques/ Agência Brasil

Indicado para uma diretoria do BC, Paulo Picchetti tem nome aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado – Lula Marques/Agência Brasil

Professor pesquisador da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Picchetti tem mestrado em Economia pela USP e doutorado em Economics pela University of Illinois-System. Já desenvolveu pesquisas para o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), especialmente em métodos quantitativos em economia, trabalhando há mais de 20 anos na produção de estatísticas econômicas.

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Na sabatina, Pichetti destacou que, em razão de seu trabalho com econometria, já teve a oportunidade de interagir com funcionários do BC e de publicar artigos científicos com alguns deles.

Ao analisar o cenário macroeconômico, Picchetti disse que a política monetária tem várias restrições e condicionantes e que uma das mais importantes é a situação fiscal do país. Na avaliação do professor, o arcabouço fiscal aprovado este ano é positivo por prever uma trajetória para a evolução da dívida pública.

“Aprendemos que não é possível ter uma política monetária que não preste atenção a desequilíbrios intertemporais do setor publico no país”, afirmou. “O arcabouço fiscal tem o grande mérito de apontar uma trajetória de sustentabilidade da dívida, e ela [a sustentabilidade] garante que a política monetária possa ter o papel de estabilizar os preços, com níveis de juros que sejam condizentes com um nível de atividade que garanta emprego para a população e desenvolvimento econômico.” Segundo Pichetti, isso precisa ser preservado e deve-se ter em mente que essas variáveis estão interligadas e que cabe ao Banco Central avaliar a evolução do cenário fiscal para implementar a política monetária adequada para garantir a estabilidade da moeda.

Para o professor, o Banco Central independente consegue desempenhar a sua função básica de controle da inflação e de controle da saúde do sistema financeiro de forma mais eficaz. “Um banco central independente não é um banco central que não dialoga, que não presta contas, pelo contrário, é um banco central que tem liberdade de tomar decisões puramente técnicas, independentes de pressões políticas externas, mas tomando essas decisões de forma a honrar essa concessão de autonomia e entregando os melhores resultados possíveis para o país”, argumentou.

Fonte: EBC Economia

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ECONOMIA

CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos

Técnica amplia a produção, melhora a qualidade das mudas e favorece a sustentabilidade no campo

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CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos. Fotos: CRV

A CRV Industrial, usina bioenergética localizada em Carmo do Rio Verde, está investindo no plantio por Meiose como uma estratégia para otimizar o cultivo da cana-de-açúcar. Esse método permite que parte da área seja plantada inicialmente para gerar mudas destinadas ao restante da lavoura, possibilitando o uso temporário da terra com outras culturas ou o pousio.

De acordo com o superintendente agrícola, Carlos Jordão, a técnica visa otimizar o plantio, reduzir custos e preservar a área de moagem. Como teste inicial, a empresa implantou 100 hectares com Meiose, que se transformarão em 900 hectares para atender à área planejada. Esse sistema também já está sendo utilizado na unidade da empresa em Minas Gerais.

Jordão destaca que as principais vantagens desse método incluem a redução de operações agrícolas, a diminuição de custos, maior flexibilidade na janela de plantio, viabilidade do plantio em períodos chuvosos, interrupção do ciclo de pragas, melhor qualidade das mudas, maior rendimento no corte e preservação da cana destinada à moagem. “Entretanto, desafios como a necessidade de mão de obra especializada e o manejo dos tratos culturais da linha-mãe ainda são pontos de atenção”, ressalta.

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Na CRV Industrial, o manejo da Meiose está sendo realizado com MPB (Mudas Pré-Brotadas), o que otimiza o processo e permite melhor aproveitamento da janela de plantio. A maior parte das mudas está sendo utilizada em plantios de um ano e meio, sendo metade mecanizada e metade por Meiose. Esse modelo contribui para a redução da área de mudas cortadas, pois uma única linha pode se desdobrar em oito a dez linhas.

A linha de Meiose exige um investimento maior devido à irrigação, com custo médio de R$ 17 mil por hectare. No entanto, a quebra da Meiose gera economias significativas em transporte e outros custos operacionais. “Quando se divide o custo total, o valor final fica em torno de R$ 11 mil por hectare. A ideia é expandir a técnica para uma área entre 2.500 e 3.000 hectares, economizando hectares de mudas e mantendo um custo competitivo em relação ao plantio mecanizado”, explica Carlos Jordão.

A CRV Industrial aposta nessa estratégia para aumentar a eficiência e a sustentabilidade na produção de cana-de-açúcar. Além da redução de custos, a possibilidade de plantar outras culturas entre as linhas da Meiose permite um melhor aproveitamento da terra e contribui para a melhoria do solo. O projeto reforça o compromisso da empresa com a inovação e a busca por soluções sustentáveis para o setor sucroenergético.

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