Conab faz nova previsão de safra: 147,68 milhões de toneladas

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou o 8º Levantamento da Safra de Grãos 2023/2024, apresentando ajustes na área plantada e na estimativa de produção de soja no Brasil. Segundo o relatório, a produção de soja deve alcançar 147,68 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 4,5% em relação à temporada anterior.
A Conab destacou que, se não fosse pelas condições climáticas adversas no Rio Grande do Sul, a produção projetada poderia ter superado 148,4 milhões de toneladas. A produtividade média de soja foi menor em quase todas as regiões do país, influenciada por períodos de seca e excesso de chuvas durante fases críticas do ciclo da cultura.
A Conab realiza um acompanhamento contínuo da safra de grãos, monitorando o desenvolvimento de diversas culturas, incluindo algodão, amendoim, arroz, aveia, canola, centeio, cevada, feijão, girassol, mamona, milho, sorgo, trigo e triticale.
Este monitoramento resulta em publicações mensais como o Boletim de Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos e o Boletim de Monitoramento Agrícola, que fornecem informações vitais para produtores rurais e formuladores de políticas agrícolas e de abastecimento.
Esses boletins são essenciais para compreender os resultados da safra e auxiliam na formulação de políticas agrícolas, além de apoiar a tomada de decisão dos produtores rurais. O esforço da Conab visa qualificar as estatísticas agropecuárias, promover a transparência e reduzir a assimetria de informações no setor.
A revisão na área cultivada de soja indica que 45,7 milhões de hectares foram dedicados à cultura na atual temporada, um aumento de 3,8% em comparação à safra passada. Isso representa cerca de 500 mil hectares a mais do que o indicado no levantamento anterior. Novas lavouras foram identificadas em estados como Maranhão, Goiás, Pará, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Além disso, a Conab apontou que a quantidade de soja exportada este ano deve atingir 92,5 milhões de toneladas. No entanto, essas projeções podem ser ajustadas à medida que se avaliam os impactos das condições climáticas no Rio Grande do Sul.
A divulgação desses dados pela Conab é parte de uma estratégia maior de monitoramento e transparência no setor agropecuário, fundamental para a segurança alimentar e nutricional do país.
Fonte: Pensar Agro


Agronegócio
“Biocombustíveis não são vilões da inflação”, diz presidente da CTE na Câmara

O debate sobre os impactos dos biocombustíveis na inflação voltou à tona nos primeiros meses de 2025, com o governo atribuindo parte da alta de preços a esses produtos. Para o deputado federal e presidente da Comissão de Transição Energética da Câmara dos Deputados, essa narrativa é equivocada e pode prejudicar a implementação de políticas estratégicas para o setor.
Ele destacou que a tentativa de vincular biocombustíveis ao aumento do custo de vida contrasta com a recente sanção da Lei do Combustível do Futuro, que atraiu R$ 200 bilhões em investimentos para ampliar a participação de combustíveis renováveis na matriz energética brasileira. “Não podemos deixar que a polêmica ‘food versus fuel’, criada na Europa, atrapalhe o avanço das energias renováveis no Brasil”, afirmou.
O parlamentar rebateu a ideia de que o Brasil enfrenta uma competição por terras agricultáveis como ocorre na União Europeia. Ele apontou que, enquanto países como Dinamarca, Irlanda e Países Baixos destinam mais de 60% de seus territórios à agricultura, o Brasil utilizou apenas 9% de sua área para a produção agropecuária em 2024. Além disso, há cerca de 159 milhões de hectares degradados, dos quais 36 milhões poderiam ser recuperados para a produção de alimentos sem comprometer biomas preservados.
A alta do óleo de soja, segundo o deputado, não tem relação com a produção de biodiesel, mas sim com fatores como a quebra de safra devido a questões climáticas e a valorização do dólar. Ele lembrou que, durante a pandemia, o preço do óleo de soja disparou e, em 2023, registrou uma deflação de 36%. No entanto, com a safra recorde de 2024/25, a tendência é de acomodação nos preços, o que deve aliviar a pressão sobre os custos dos alimentos.
O mesmo ocorre com o milho. O parlamentar destacou que o aumento da produção de etanol de milho não impactou os preços dos alimentos, pois os estoques do grão no Brasil permanecem em níveis confortáveis. “Nosso mercado segue alinhado ao internacional, e o crescimento da produção de biocombustíveis não compromete a oferta alimentar”, ressaltou. Ele também destacou a importância da “safrinha”, que aumenta a oferta do grão sem afetar os preços e permite que o país produza energia renovável sem prejudicar a segurança alimentar.
Outro ponto criticado foi a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de reduzir a adição de biodiesel ao diesel fóssil de 15% para 14% (B14), medida que entrará em vigor em março. Segundo o deputado, o argumento de que essa redução evitaria impactos nos preços dos alimentos não se sustenta, uma vez que há oferta suficiente de soja no mercado. “O Brasil produziu 147,38 milhões de toneladas de soja em 2024, mas apenas 54 milhões foram esmagadas para biodiesel. Além disso, o biocombustível reduz as emissões de gases de efeito estufa em até 80%”, afirmou.
O parlamentar também mencionou a importância do aumento da mistura de etanol na gasolina. No dia 17 de março, o Ministério de Minas e Energia apresentará os estudos do E30, que prevê a elevação do percentual de etanol na gasolina de 27% para 30%. “Isso tornará o Brasil autossuficiente em gasolina. Manter o percentual atual passa uma mensagem negativa ao mercado e pode frear investimentos em biocombustíveis”, alertou.
Para o presidente da Comissão de Transição Energética, os biocombustíveis são a alternativa mais custo-efetiva para a descarbonização e representam uma grande oportunidade para investimentos e geração de riqueza. “Não abriremos mão disso. O Brasil tem uma vantagem competitiva única no setor, e precisamos consolidá-la”, concluiu.
Fonte: Pensar Agro
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