Crédito rural sobe 18% em relação à safra anterior

Os produtores rurais brasileiros estão pegando mais dinheiro emprestado. Segundo o Balanço de Financiamento Agropecuário da Safra 2020/2021, divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, as contratações de crédito rural somaram R$ 147,57 bilhões entre julho de 2020 e fevereiro de 2021. Isso representa crescimento de 18% em relação ao emprestado no mesmo período da safra anterior.
O crédito para investimento totalizou R$ 47,33 bilhões e registrou o maior crescimento, de 40% na comparação com o segundo semestre do ano anterior. Os financiamentos de custeio alcançaram R$ 78,64 bilhões, crescimento de 14%, e os de industrialização, R$ 8,24 bilhões, alta de 1%.
A única modalidade a registrar queda nas contratações foi a dos financiamentos de comercialização, que caíram 3% e somaram R$ 13,34 bilhões. Segundo o Ministério da Agricultura, o recuo deve-se à alta nos preços dos alimentos, que reduziu a necessidade de crédito para a venda da produção.
Investimento
No crédito para investimento, que engloba compra de máquinas e melhorias no armazenamento e na produção, os empréstimos aos pequenos produtores atendidos pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) totalizaram R$ 10,23 bilhões, com alta de 8% em relação à safra passada.
Os médios produtores, atendidos pelo Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), contraíram R$ 1,88 bilhão emprestados para investimentos, com alta de 3%. Os demais produtores, categoria que abrange grandes produtores e cooperativas, responderam por R$ 35,22 bilhões, com alta de 56%.
Em relação aos programas de investimento, financiados com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o maior volume de contratações ocorreu no Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), com R$ 7,03 bilhões (+33%). Em seguida, vêm o Programa de Agricultura de Emissão de Baixo Carbono (Programa ABC), com R$ 2,09 bilhões (+12%) e o Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), com R$ 1,66 bilhão (+60%).
Os empréstimos do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro) totalizaram R$ 1,56 bilhão (+29%). As operações do Programa de Modernização da Agricultura e Conservação dos Recursos Naturais (Moderagro) somaram R$ 1,3 bilhão (+28%). As operações de crédito do Programa de Incentivo à Irrigação e à Produção em Ambiente Protegido (Moderinfra) totalizaram R$ 714 milhões (+106%).
Custeio
Quanto às contratações de custeio, os pequenos produtores responderam por R$ 12,11 bilhões (+19%) e os médios produtores, por R$ 17,38 bilhões (+6%). A maior parte, R$ 49,14 bilhões, foi contratada por grandes produtores e cooperativas, com crescimento de 16%.
Segundo o Ministério da Agricultura, os financiamentos agropecuários com base nas emissões de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) totalizam R$ 20,8 bilhões, com alta de 15%. Título de renda fixa privado, a LCA permite o financiamento do agronegócio sem custo para os cofres públicos.
Edição: Nádia Franco


ECONOMIA
CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos
Técnica amplia a produção, melhora a qualidade das mudas e favorece a sustentabilidade no campo

A CRV Industrial, usina bioenergética localizada em Carmo do Rio Verde, está investindo no plantio por Meiose como uma estratégia para otimizar o cultivo da cana-de-açúcar. Esse método permite que parte da área seja plantada inicialmente para gerar mudas destinadas ao restante da lavoura, possibilitando o uso temporário da terra com outras culturas ou o pousio.
De acordo com o superintendente agrícola, Carlos Jordão, a técnica visa otimizar o plantio, reduzir custos e preservar a área de moagem. Como teste inicial, a empresa implantou 100 hectares com Meiose, que se transformarão em 900 hectares para atender à área planejada. Esse sistema também já está sendo utilizado na unidade da empresa em Minas Gerais.
Jordão destaca que as principais vantagens desse método incluem a redução de operações agrícolas, a diminuição de custos, maior flexibilidade na janela de plantio, viabilidade do plantio em períodos chuvosos, interrupção do ciclo de pragas, melhor qualidade das mudas, maior rendimento no corte e preservação da cana destinada à moagem. “Entretanto, desafios como a necessidade de mão de obra especializada e o manejo dos tratos culturais da linha-mãe ainda são pontos de atenção”, ressalta.
Na CRV Industrial, o manejo da Meiose está sendo realizado com MPB (Mudas Pré-Brotadas), o que otimiza o processo e permite melhor aproveitamento da janela de plantio. A maior parte das mudas está sendo utilizada em plantios de um ano e meio, sendo metade mecanizada e metade por Meiose. Esse modelo contribui para a redução da área de mudas cortadas, pois uma única linha pode se desdobrar em oito a dez linhas.
A linha de Meiose exige um investimento maior devido à irrigação, com custo médio de R$ 17 mil por hectare. No entanto, a quebra da Meiose gera economias significativas em transporte e outros custos operacionais. “Quando se divide o custo total, o valor final fica em torno de R$ 11 mil por hectare. A ideia é expandir a técnica para uma área entre 2.500 e 3.000 hectares, economizando hectares de mudas e mantendo um custo competitivo em relação ao plantio mecanizado”, explica Carlos Jordão.
A CRV Industrial aposta nessa estratégia para aumentar a eficiência e a sustentabilidade na produção de cana-de-açúcar. Além da redução de custos, a possibilidade de plantar outras culturas entre as linhas da Meiose permite um melhor aproveitamento da terra e contribui para a melhoria do solo. O projeto reforça o compromisso da empresa com a inovação e a busca por soluções sustentáveis para o setor sucroenergético.
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