Curso de primeiros socorros em áreas remotas deve ser replicado em aldeias indígenas do país

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As comunidades que vivem na região da Terra Indígena Kaxuyana-Tunayana, no norte do Pará, dependem dos rios para se locomover e buscar apoio médico em caso de acidentes, levando de 10 a mais de 24 horas na locomoção por via fluvial. Para lidar com emergências de saúde nesse contexto, a Força Nacional do SUS (FN-SUS), em parceria com a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), realizaram nos dias 19 e 20 de fevereiro um curso de primeiros socorros em áreas remotas para 64 indígenas de 15 etnias. 

Ao longo dos dois dias, foram realizadas aulas práticas com foco nos primeiros atendimentos para emergências, como ataque por animais peçonhentos, fraturas, cortes, perfurações, ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, afogamentos e amputações. Também foi realizada uma dinâmica de simulações, na qual os participantes puderam aplicar seus conhecimentos em cenários construídos pela equipe da Força Nacional do SUS e Sesai. Com indígenas de diferentes etnias, o curso concentrou as atividades em ações práticas, contando com o apoio de dois tradutores. 

O projeto piloto deve ser replicado em outros locais, promovendo a resiliência comunitária frente a emergências. As atividades aconteceram na aldeia Tawanã, durante encontro organizado pela associação Indígena Kaxuyana, Tunayana e Kahyana (AIKATUK) e Conselho Geral do Povo Hexkaryana (CGPH), além do Instituto Iepé. 

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Os conhecimentos trocados devem auxiliar as comunidades locais não apenas a salvar vidas no caso de acidentes do dia-a-dia, mas, também, durante expedições para caça e para a demarcação e proteção do território. 

“A gente esperava muito esse curso, porque a gente precisa desse tipo de conhecimento, ainda mais agora que estamos fazendo a demarcação do território. Estou muito agradecido”, afirmou o cacique Kaiwi Wai Wai, da aldeia Tawanã, que recebeu o encontro. 

O comunicador indígena Zenildo Wai Wai afirmou que havia grande expectativa para o treinamento. “Fizemos treinamento e prática. Estamos felizes também porque estamos no processo de demarcação física da Kaxuyana-Tunayana, e se acontecer algo enquanto estamos na floresta, pode ser que a gente caia, aconteça um acidente, picada de cobra, e a gente já adquiriu conhecimento com as pessoas que trabalham com saúde e estamos preparados”. 

“Nosso objetivo era a preparação dessa comunidade, através da resiliência comunitária, ensinar e dar capacidade para responderem às emergências que encontram no dia a dia”, afirma Djair Soares, consultor técnico da força nacional do SUS e ponto focal da missão. “Nossa proposta era ensinar técnicas simples, que salvam vidas, especialmente nesse contexto delicado, onde o acesso é muito mais difícil e é necessário esse conjunto de competências. O cenário de áreas remotas traz um conjunto de desafios que fogem aos primeiros socorros tradicionais, quando estamos inseridos em um ambiente urbano”, frisa. 

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E completa: “O socorro não chega tão facilmente com profissionais qualificados, então, promover o conhecimento para controlar uma hemorragia, reconhecer sinais específicos de certas emergências que podem aparecer em uma expedição no meio da floresta, é essencial para essa comunidade”. 

Gustavo Leão, epidemiologista e socorrista na Sesai, além de ponto focal da missão, destacou que “o saldo é extremamente positivo, essa integração entre equipes, secretarias, e Força Nacional do SUS foi grandiosa, tanto na execução como no acolhimento. Os indígenas estão de parabéns por todo o aproveitamento do curso”. Ele ainda afirmou que “este é um projeto piloto que pode se estender a outras regiões do Brasil, dentro de territórios indígenas”. 

O médico indígena Idjarrury Sompré afirmou que a capacitação de comunidades locais é extremamente importante para situações extremas, que precisam de um cuidado mais rápido, assertivo e qualificado. “Como médico indígena atuando em território, tenho visto que há dificuldade muito grande em relação às barreiras geográficas de onde estão essas comunidades, de ter um acesso mais rápido a serviços de urgência e emergência. É muito importante dar essa autonomia e demonstra o compromisso dos nossos gestores em promover a saúde indígena”, afirmou. 

Pedro Sibahi
Ministério da Saúde

Fonte: Ministério da Saúde

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SAÚDE

Encontro promove troca de experiências internacionais no cuidado a pessoas com sífilis

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O Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) promoveu, na terça-feira (11), o webinário Atuação da Enfermagem na Atenção às Pessoas com Sífilis – Relatos de Experiências. O evento, moderado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em cooperação internacional com o Ministério de Saúde e Bem-estar Social do Paraguai, reuniu profissionais e gestores de enfermagem do Brasil e do Paraguai, proporcionando um espaço para a troca de experiências sobre as melhores práticas no tratamento da sífilis

Durante o evento, a Coordenação-Geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis brasileira destacou a relevância da troca de experiências entre os profissionais de Saúde entre os dois países para a atualização das práticas de prevenção e manejo da doença, principalmente em gestantes e populações mais vulnerabilizadas, destacando a participação ativa dos profissionais de enfermagem e a colaboração internacional para fortalecer o combate à sífilis na América Latina. 

As representantes do Paraguai, enfermeiras Lucia Belém Martinez Alderete e Alan Nícolas Ascona Gonzales, compartilharam experiências no combate à sífilis congênita, com foco em estratégias de monitoramento e gestão. No Brasil, a enfermeira Ivani Gromann apresentou o trabalho realizado na Atenção Primária à Saúde em Cacoal (Rondônia), enquanto o enfermeiro Erasmo Diógenes discutiu as abordagens no atendimento de pessoas em situação de rua em São José do Rio Preto (São Paulo) e Maria Alix (Ceará) sobre o uso racional da penicilina. 

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O webinário também destacou os desafios enfrentados pelos profissionais de saúde – especialmente em relação à interpretação de exames e à avaliação de cicatrizes sorológicas, que podem levar à tratamentos inadequados, principalmente em gestantes. 

Outro ponto discutido foi o uso racional da penicilina no tratamento da sífilis, um medicamento regulamentado para prescrição pela enfermagem, mas que ainda enfrenta desafios para garantir que todos os profissionais de saúde estejam qualificados para utilizá-la corretamente. 

Em relação ao atendimento a pessoas em situação de rua, foi apresentado o modelo de cuidado desenvolvido em São José do Rio Preto, enfatizando a distribuição de kits de saúde e a realização de exames no local. 

Swelen Botaro e João Moraes
Ministério da Saúde

Fonte: Ministério da Saúde

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