Em entrevista ao Bom Dia, Ministra, Luciana Santos fala sobre políticas de equidade de gênero e reconhecimento

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) completa 40 anos no dia 15 de março, um marco celebrado com entusiasmo pela ministra Luciana Santos em entrevista exclusiva ao programa “Bom Dia, Ministra”. A data é vista como um momento de reflexão sobre as conquistas e os desafios futuros para o setor no Brasil.
Quatro décadas de ciência e tecnologia
A ministra Luciana Santos destacou a importância da criação do MCTI, que acompanhou a abertura democrática do país, sendo uma iniciativa do então presidente Tancredo Neves e implementada pelo presidente José Sarney. “Foi um grande avanço e uma grande conquista para a política de ciência e tecnologia brasileira”, afirmou a ministra, lembrando o primeiro ministro da pasta, Renato Archer.
Apesar dos avanços, a ministra reconheceu que o Brasil ainda enfrenta desafios para alcançar o pleno desenvolvimento tecnológico. “Um dos grandes desafios é estarmos na ponta do domínio tecnológico”, disse, citando a necessidade de superar a dependência de outros países em áreas estratégicas.
Investimentos e prioridades
O MCTI tem buscado fortalecer a infraestrutura de pesquisa no país. A ministra citou a modernização do supercomputador Santos Dumont, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), que saltou da posição de um dos 500 mais potentes para o top 100 mundial. O feito foi financiado pela Petrobras, em uma parceria que exemplifica a importância da colaboração entre o setor público e privado.
“Nós estamos nos patamares de investimentos públicos da União Europeia”, comparou a ministra, ressaltando o compromisso do governo com o desenvolvimento da Inteligência Artificial. Até 2026, estão previstos R$ 23 bilhões em investimentos, provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Inteligência Artificial e novos horizontes
O lançamento do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) é uma das apostas do MCTI para impulsionar o setor. A ministra Luciana Santos destacou a importância de desenvolver soluções próprias, como a linguagem brasileira para IA, para evitar vieses e garantir a soberania tecnológica do país.
“O grande desafio da ciência de dados é o domínio dos dados”, enfatizou, citando o patrimônio de informações do SUS, Embrapa e outras instituições brasileiras. A capacitação de profissionais e a criação de centros de competência em diversas áreas, como saúde, agricultura e educação, são outras prioridades do ministério.
Mulheres na ciência: avanços e desafios
A participação feminina na ciência brasileira foi outro tema abordado na entrevista. A ministra anunciou a 1ª edição do Prêmio Mulheres e Ciências, que homenageia a trajetória científica de pesquisadoras e estimula a participação de mulheres nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.
Apesar de representarem a maioria dos acadêmicos e da iniciação científica no Brasil, as mulheres ainda enfrentam dificuldades para ascender no topo da carreira científica. “No meio do caminho, há o que chamamos da economia de cuidados”, explicou a ministra, referindo-se às responsabilidades familiares que muitas vezes recaem sobre as mulheres.
O MCTI tem implementado políticas para promover a equidade de gênero na ciência, como a flexibilização de prazos para pesquisadoras que se tornam mães, o programa Futuras Cientistas e editais específicos para meninas nas áreas de exatas, engenharia e computação.
Desafios e perspectivas futuras
A ministra reconheceu que o Brasil ainda precisa avançar para alcançar o nível de desenvolvimento tecnológico de outros países. “Nós largamos do box”, comparou, utilizando uma analogia esportiva para ilustrar a necessidade de correr atrás do tempo perdido.
No entanto, ela se mostrou otimista com o potencial do país para acompanhar o ritmo das mudanças tecnológicas. “Nós temos condição de não ficar para trás”, afirmou, citando a capacidade instalada, a produção científica e o histórico de cooperação internacional do Brasil.
A ministra destacou também a importância da Nova Indústria Brasil (NIB) para impulsionar o crescimento do país por meio da inovação e da tecnologia. “Quem está puxando o crescimento brasileiro é a indústria de transformação”, enfatizou.
Parcerias e iniciativas
O MCTI tem buscado parcerias com diversos setores para impulsionar o desenvolvimento científico e tecnológico. A ministra citou a Lei do Bem, que incentiva o investimento em inovação por meio de isenções fiscais, e a Empresa Brasileira de Inovação Industrial (Embrapii), que promove a interação entre a produção científica e o setor produtivo.
Para o Nordeste, a ministra destacou o potencial da região para liderar a transição energética, com a produção de hidrogênio verde e energia solar e eólica. Editais específicos e o programa ProInfra, que destina no mínimo 30% dos recursos para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste, são algumas das iniciativas para reduzir as assimetrias regionais.
Preparativos para a COP 30 e BRICS
A ministra Luciana Santos também falou sobre os preparativos para a COP 30. O MCTI está integrado com a organização do evento, que terá como foco a bioeconomia e o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
“Não haverá soluções na Amazônia sem sustentabilidade”, enfatizou a ministra, destacando a importância de conciliar o uso das riquezas naturais com a preservação ambiental.
Além da COP 30, o MCTI também está envolvido com os BRICS, com cinco projetos estratégicos, incluindo a produção de radioisótopos, em parceria com a China. “Estamos animados com essa possibilidade”, disse a ministra, ressaltando a liderança do presidente Lula no cenário internacional.
A entrevista da ministra Luciana Santos ao “Bom Dia, Ministra” mostrou um panorama otimista para o futuro da ciência, tecnologia e inovação no Brasil. Com investimentos, parcerias e foco em áreas estratégicas, o MCTI busca consolidar o país como protagonista no cenário global, com soluções para os desafios do presente e do futuro.


TECNOLOGIA
Entrega do 1º Prêmio Mulheres e Ciência é marcada pela defesa da equidade de gênero no ambiente científico

Em uma cerimônia realizada nesta quarta-feira (12), no auditório do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em Brasília, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, liderou a entrega do 1º Prêmio Mulheres e Ciência a seis pesquisadoras brasileiras de destaque e três instituições científicas. O evento foi promovido pelo MCTI em parceria com o CNPq, o Ministério das Mulheres, o British Council e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF).
Com uma mesa composta majoritariamente por mulheres, a premiação, que teve investimento de cerca de R$ 500 mil, destacou as cientistas pela excelência em suas pesquisas e inovações. Ela também teve um forte simbolismo, pois foi realizada, também, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, celebrando não apenas as trajetórias individuais de cientistas brasileiras, mas também a luta pela equidade de gênero no ambiente científico.
Para a ministra Luciana Santos, é preciso garantir que os talentos, dedicação e inovação das mulheres sejam reconhecidos, valorizados e incentivados. Segundo ela, o Brasil avança quando sua ciência é plural, diversa e acessível a todos e todas. “Eu, enquanto a primeira mulher ministra da Ciência e Tecnologia, tenho mais do que a honra, mas a responsabilidade de garantir uma política pública que possa promover mudanças estruturais, fortalecer a participação feminina e promover a equidade de gênero”, afirmou a ministra.
Ricardo Galvão, presidente do CNPq, frisou a importância do prêmio e do momento. “Ciência e tecnologia não podem ficar para trás. Temos que avançar muito mais e saber premiar os nossos valores. É importante ressaltar que este prêmio, voltado para as mulheres, acontece na gestão da primeira ministra mulher, que recebeu com alegria e de forma colaborativa nossa proposta de criação desta premiação”.
Galvão também destacou a relevância dessas iniciativas para corrigir desigualdades históricas. “Essas premiações são necessárias para resgatar as dificuldades que as mulheres sempre enfrentaram na carreira, como as desigualdades. No entanto, para mim, o mais importante é que a sociedade brasileira e, especialmente, a academia reconheçam cada vez mais o enorme valor da contribuição das mulheres para o nosso desenvolvimento científico”, disse.
O Prêmio Mulheres e Ciência foi estruturado em três categorias: Estímulo, Trajetória e Mérito Institucional. Cada uma teve um foco específico: a primeira, para cientistas de até 45 anos com produção científica de destaque; a segunda, para profissionais com mais de 46 anos e trajetória consolidada; e a última, para instituições comprometidas com a promoção da equidade de gênero no ambiente acadêmico e científico.
Patrícia Takako, premiada na categoria Estímulo, fez questão de agradecer a todas as mulheres que passaram por sua vida. “Agradeço a todas as mulheres que ficaram, as que deixaram um pouco do conhecimento delas comigo e também as que permitiram que eu deixasse um pouco do meu conhecimento com elas. Esse prêmio, sem dúvida alguma, é a construção de uma jornada conjunta de todas nós”.
Categoria Estímulo: apoio às jovens cientistas
A categoria Estímulo premiou três jovens cientistas de até 45 anos, que demonstraram liderança e inovação em suas áreas de atuação. Cada uma delas recebeu R$ 20 mil, além de passagem aérea e diárias para participar de congressos científicos no Brasil ou no exterior. São elas:
• Mariana Emerenciano Cavalcanti de Sá, do Instituto Nacional de Câncer (INCA): atua em projetos sobe leucemias agudas, com foco no tratamento de crianças com esse tipo de câncer.
• Patricia Takako Endo, da Universidade de Pernambuco (UFPE): reconhecida pelas pesquisas em inteligência artificial aplicadas ao diagnóstico e tratamento de doenças tropicais negligenciadas, além da atuação na saúde materna e neonatal.
• Marina Alves Amorim, da Fundação João Pinheiro (FJP): estuda sobre as políticas públicas para mulheres, com ênfase nas políticas de gênero e os serviços essenciais que impactam a vida das mulheres.
Categoria Trajetória: reconhecimento às cientistas com contribuições relevantes
A categoria Trajetória reconheceu o trabalho de três cientistas mais experientes. É voltada para mulheres com mais de 46 anos, que ao longo de suas carreiras realizaram contribuições significativas para o avanço da ciência no Brasil e no mundo. As premiadas receberam R$ 40 mil cada, além de uma missão ao Reino Unido, onde poderão discutir políticas de educação superior e ciência.
• Camila Cherem Ribas, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA): trabalha com pesquisas sobre biogeografia e biodiversidade da Amazônia, sempre em parceria com povos indígenas e ribeirinhos.
• Mariangela Hungria da Cunha, da Embrapa: teve sua carreira reconhecida pela pesquisa inovadora no desenvolvimento de alternativas sustentáveis para a agricultura, com foco em insumos biológicos.
• Débora Diniz Rodrigues, da Universidade de Brasília (UnB): atua em pesquisas sobre o impacto das políticas de saúde nos direitos das mulheres e meninas, com destaque para suas investigações sobre a criminalização do aborto e os efeitos das emergências sanitárias no Brasil.
Categoria Mérito Institucional: reconhecimento às instituições comprometidas com a equidade de gênero
Na categoria Mérito Institucional, três instituições foram premiadas por suas iniciativas de promoção da equidade de gênero. Cada uma delas recebeu R$ 50 mil para o desenvolvimento de ações específicas voltadas à igualdade de gênero no ambiente acadêmico e científico.
• A Universidade Federal Fluminense (UFF) foi premiada por sua atuação pioneira em políticas institucionais de equidade de gênero, com destaque para a criação da Comissão Permanente de Equidade de Gênero (CPEG) e suas ações de apoio à maternidade e igualdade nos cargos de decisão.
• A Universidade Federal do Ceará (UFC) se destacou pela criação da Divisão de Equidade, Diversidade e Inclusão (DEDI), com ações focadas em governança de diversidade e na permanência de mulheres em áreas STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).
• O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) foi reconhecido por suas ações de promoção de igualdade de gênero no ambiente acadêmico, incluindo programas como o Mulheres Mil, que apoia mulheres em situação de vulnerabilidade.
Celebração e inspiração
O 1º Prêmio Mulheres e Ciência não foi apenas uma cerimônia de premiação, mas também uma celebração da diversidade e da importância do empoderamento feminino no cenário científico. Com a participação de diversas autoridades e cientistas, o evento se consolidou como um marco na história da ciência brasileira, reforçando o compromisso de transformar a realidade de desigualdade de gênero que ainda persiste no ambiente científico.
A ministra Luciana Santos afirmou que este é apenas o começo de uma série de iniciativas para garantir a participação ativa das mulheres nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação. “Equidade, luta e justiça são também questões de excelência. Quanto maior a diversidade, mais rica e produtiva se torna nossa produção científica, finalizou a titular da pasta.
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