Em plena ditadura, uma disputa política levou ao rompimento do governador Irapuan Costa Júnior (1975-1978) com o seu secretário de Segurança Pública, Marcus Fleury. O ano era 1977. O general-presidente Ernesto Geisel preparava o seu sucessor, mas estava sob pressão. Internamente, pipocavam manifestações e comitês da Anistia e pela abertura política provocada  após a morte do jornalista Valdmir Herzog nos porões do Doi-Coid de São Paulo. No plano internacional do presidente norte-americano Jimmy Carter manifestava repúdio às torturas no Cone Sul. Geisel foi forçado a preparar a distensão do regime e escolhera como sucessor o general João Baptista Figueiredo, chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações). O general Silvio Frota, representante da linha dura (contrário ao fim do regime militar) se opôs e Geisel foi vítima de uma tentativa de golpe.

Em Goiás o capitão Marcus Fleury era aliado de Frota. Irapuan compunha com Geisel. Numa trama que contou com políticos locais, Fleury grampeou o gabinete do governador e outras salas do Palácio das Esmeraldas. A trama foi descoberta. Com apoio de Geisel, o governador exonerou Fleury, que era o principal representante da linha dura em Goiás, como secretário de Segurança e chefe do SNI e Doi-Codi locais.

Em 2010, reportagem do jornalista Leandro Fortes, da revista Carta Capital, trouxe à tona a rede de grampos que seria coordenada pelo radialista Luis Gama. Entre outros, foram grampeados o ex-prefeito Nion Albernaz, o ex-secretário da Fazenda Jorcelino Braga e outros desafetos do senador Marconi Perillo, a época, candidato ao governo. Perillo negou qualquer envolvimento com o esquema de Gama, que acabou desacreditado. Ainda assim, há denúncias de que a grampolândia campeia solta em terras goianas. Denúncias dão conta de que o sistema Guardião, ferramenta de escuta utilizado principalmente pela Polícia Federal (com autorização legal), teria sido utilizado de maneira indiscriminada por setores do Ministério Público local.

Pelo sim, pelo não, valem as recomendações do analista Edward Snowden: evitar telefones e smartphones e proteger arquivos com criptografia e os emails com o Tor, software de proteção para conversas na internet.

Informações DM

Foto: Irapuan Costa Júnior teve o gabinete grampeado por Marcus Fleury