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Endofíticos: A Nova Fronteira da Agricultura Biológica

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A distinção entre eficácia e eficiência é um conceito essencial para a inovação, conforme explica Fernando de Sousa, gerente de Produto Sênior da Indigo AG no Brasil. Enquanto a eficiência se refere à otimização de recursos e processos, a eficácia está relacionada ao impacto real e à capacidade de gerar transformação. No setor agrícola, muitas tecnologias biológicas já se mostram eficientes, mas ainda há espaço para melhorias que tragam benefícios duradouros e sustentáveis.

Os produtos biológicos lançados até o momento representam um ponto de partida, e não um ponto final. Ao analisar o mercado, nota-se que muitas soluções parecem repetições de tecnologias anteriores. No entanto, uma fronteira ainda pouco explorada é a dos produtos baseados em bioativos encontrados dentro das próprias plantas, conhecidos como endobioma.

Uma das características mais promissoras dos microrganismos endofíticos é sua capacidade de transformar as plantas em verdadeiros biorreatores vivos, otimizando processos fisiológicos e bioquímicos essenciais para o crescimento e a resiliência das culturas.

Microrganismos endofíticos e sua função na agricultura

Pesquisas recentes avançaram significativamente na compreensão dos microrganismos endofíticos e seu impacto na fisiologia vegetal. Entre as descobertas mais relevantes, destaca-se a rizofagia, processo no qual esses microrganismos penetram nas células radiculares das plantas, auxiliando na absorção de nutrientes e na reciclagem celular (Paungfoo-Lonhienne C et al., 2010). Além disso, a presença dos endofíticos induz a produção de pelos radiculares por meio da liberação de etileno e óxido nítrico, aumentando a capacidade da planta de absorver água e nutrientes.

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Outro mecanismo fascinante é a ciclose dentro dos pelos radiculares, um processo dinâmico que facilita o transporte e distribuição dos microrganismos dentro da planta. Essa relação simbótica é fundamental para a adaptação das plantas a condições adversas, promovendo maior resiliência e eficácia no aproveitamento dos recursos naturais (White, 2017).

Um campo vasto a ser explorado

A pesquisa sobre microrganismos endofíticos ainda está em estágios iniciais, com poucos organismos identificados até o momento. Grande parte do conhecimento existente teve origem no setor farmacêutico, que explorou esses microrganismos na busca por novas drogas com potencial terapêutico. Apenas a partir dos anos 2000, a agricultura passou a explorar essa tecnologia, reconhecendo seu imenso potencial para melhorar a saúde das plantas e aumentar a resiliência dos cultivos.

Atualmente, estima-se que existam cerca de 100 mil gêneros e espécies diferentes de endofíticos identificados globalmente, o que abre caminho para o desenvolvimento de soluções altamente eficazes e adaptadas às necessidades da agricultura moderna (Zaferanloo et al., 2023).

Desafios e benefícios dos endofíticos

O interesse pelos microrganismos endofíticos tem crescido exponencialmente nas últimas décadas, conforme demonstrado pelo aumento do número de publicações científicas sobre o tema. Segundo um estudo de Rho et al. (2017), pesquisas focadas na interação entre endofíticos e fatores como seca, nitrogênio e salinidade tiveram um crescimento significativo desde os anos 2000, refletindo a importância crescente desse campo para a agricultura sustentável.

Apesar das perspectivas promissoras, identificar e isolar microrganismos endofíticos é um desafio, devido à sua menor abundância e alta especificidade com as plantas hospedeiras. O desenvolvimento dessas soluções exige técnicas avançadas de biotecnologia e bioinformática, tornando a pesquisa mais complexa do que no caso dos biológicos convencionais.

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No entanto, os benefícios são notáveis. Uma vez no interior da planta, os endofíticos participam ativamente dos processos fisiológicos e bioquímicos, promovendo crescimento, resistência ao estresse e proteção contra patógenos. Além disso, sua multiplicação interna ocorre de forma exponencial, potencializando seus efeitos positivos e transformando cada planta em um verdadeiro biorreator natural, otimizado para a absorção de nutrientes e melhoria da resposta ao estresse ambiental (Zaferanloo et al., 2023).

A Indigo e a inovação com endofíticos

A Indigo tem se destacado globalmente ao explorar o potencial dos microrganismos endofíticos como um novo mecanismo de ação para aprimorar a saúde do solo, a proteção das plantas e a resistência ao estresse ambiental. Enquanto a maioria das soluções biológicas no mercado utiliza microrganismos de bioplano – sejam eles de vida livre, simbiontes ou que colonizam a superfície das raízes –, os produtos da Indigo são desenvolvidos a partir de microrganismos presentes no endobioma das plantas. Esse diferencial, aliado a um banco genético com 36 mil microrganismos endofíticos, proporciona maior eficácia e previsibilidade no desempenho dos produtos.

Além de desenvolver soluções inovadoras, a Indigo também colabora com empresas locais, auxiliando no desenvolvimento e lançamento de produtos baseados em endofíticos. Dessa forma, contribui para a expansão do mercado de bioinsumos, tornando a tecnologia acessível a um maior número de produtores e fortalecendo o uso sustentável de tecnologias biológicas na agricultura.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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“Biocombustíveis não são vilões da inflação”, diz presidente da CTE na Câmara

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O debate sobre os impactos dos biocombustíveis na inflação voltou à tona nos primeiros meses de 2025, com o governo atribuindo parte da alta de preços a esses produtos. Para o deputado federal e presidente da Comissão de Transição Energética da Câmara dos Deputados, essa narrativa é equivocada e pode prejudicar a implementação de políticas estratégicas para o setor.

Ele destacou que a tentativa de vincular biocombustíveis ao aumento do custo de vida contrasta com a recente sanção da Lei do Combustível do Futuro, que atraiu R$ 200 bilhões em investimentos para ampliar a participação de combustíveis renováveis na matriz energética brasileira. “Não podemos deixar que a polêmica ‘food versus fuel’, criada na Europa, atrapalhe o avanço das energias renováveis no Brasil”, afirmou.

O parlamentar rebateu a ideia de que o Brasil enfrenta uma competição por terras agricultáveis como ocorre na União Europeia. Ele apontou que, enquanto países como Dinamarca, Irlanda e Países Baixos destinam mais de 60% de seus territórios à agricultura, o Brasil utilizou apenas 9% de sua área para a produção agropecuária em 2024. Além disso, há cerca de 159 milhões de hectares degradados, dos quais 36 milhões poderiam ser recuperados para a produção de alimentos sem comprometer biomas preservados.

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A alta do óleo de soja, segundo o deputado, não tem relação com a produção de biodiesel, mas sim com fatores como a quebra de safra devido a questões climáticas e a valorização do dólar. Ele lembrou que, durante a pandemia, o preço do óleo de soja disparou e, em 2023, registrou uma deflação de 36%. No entanto, com a safra recorde de 2024/25, a tendência é de acomodação nos preços, o que deve aliviar a pressão sobre os custos dos alimentos.

O mesmo ocorre com o milho. O parlamentar destacou que o aumento da produção de etanol de milho não impactou os preços dos alimentos, pois os estoques do grão no Brasil permanecem em níveis confortáveis. “Nosso mercado segue alinhado ao internacional, e o crescimento da produção de biocombustíveis não compromete a oferta alimentar”, ressaltou. Ele também destacou a importância da “safrinha”, que aumenta a oferta do grão sem afetar os preços e permite que o país produza energia renovável sem prejudicar a segurança alimentar.

Outro ponto criticado foi a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de reduzir a adição de biodiesel ao diesel fóssil de 15% para 14% (B14), medida que entrará em vigor em março. Segundo o deputado, o argumento de que essa redução evitaria impactos nos preços dos alimentos não se sustenta, uma vez que há oferta suficiente de soja no mercado. “O Brasil produziu 147,38 milhões de toneladas de soja em 2024, mas apenas 54 milhões foram esmagadas para biodiesel. Além disso, o biocombustível reduz as emissões de gases de efeito estufa em até 80%”, afirmou.

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O parlamentar também mencionou a importância do aumento da mistura de etanol na gasolina. No dia 17 de março, o Ministério de Minas e Energia apresentará os estudos do E30, que prevê a elevação do percentual de etanol na gasolina de 27% para 30%. “Isso tornará o Brasil autossuficiente em gasolina. Manter o percentual atual passa uma mensagem negativa ao mercado e pode frear investimentos em biocombustíveis”, alertou.

Para o presidente da Comissão de Transição Energética, os biocombustíveis são a alternativa mais custo-efetiva para a descarbonização e representam uma grande oportunidade para investimentos e geração de riqueza. “Não abriremos mão disso. O Brasil tem uma vantagem competitiva única no setor, e precisamos consolidá-la”, concluiu.

Fonte: Pensar Agro

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