Entidades divergem sobre alta dos juros

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A primeira elevação da taxa Selic (juros básicos da economia) em quase seis anos dividiu o setor produtivo. A indústria considerou precipitada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reajustar a Selic de 2% para 2,75% ao ano. Entidades ligadas ao comércio, no entanto, elogiaram o reajuste, citando a necessidade de conter a alta do dólar.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou a decisão de apressada. Segundo a entidade, o recrudescimento da pandemia de covid-19 reduzirá o crescimento da demanda neste ano, diminuindo o ritmo de elevação nos preços de bens e de serviços. Para o setor industrial, seria mais prudente esperar para avaliar o comportamento da inflação nos próximos meses, em vez de elevar os juros básicos e encarecer o crédito num momento em que empresas e consumidores tendem a se endividar.

“Consideramos que a decisão de aumento da taxa Selic deveria ter sido postergada até que os efeitos das medidas de isolamento sobre a demanda e, consequentemente, sobre a trajetória da inflação pudessem ser avaliados”, afirmou em comunicado, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

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ACSP

Em nota, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) destacou que o aumento nos juros serve como um recado para o governo promover ajustes fiscais urgentes. Para a entidade, o BC acertou ao elevar os juros, por causa da necessidade de conter a inflação, mesmo com a atividade econômica ainda muito fraca.

Segundo a ACSP, o agravamento da pandemia e das medidas restritivas deve enfraquecer ainda mais o consumo das famílias. No entanto, a autoridade monetária precisa restabelecer a confiança de que o impacto da alta do dólar sobre os preços é temporário.

“Podemos entender que o comitê quis mandar uma mensagem ao Congresso e ao Executivo sobre a necessidade e urgência de medidas de ajuste fiscal mais efetivas. Apenas com o restabelecimento da confiança na área fiscal será possível reverter a desvalorização cambial que se constitui em um dos responsáveis pela elevação dos preços. Esperamos que essa sinalização atinja seus objetivos, permitindo que as altas da Selic possam ser interrompidas ou, pelo menos, moderadas nas próximas reuniões”, diz Marcel Solimeo, economista da ACSP.

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Edição: Nádia Franco

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ECONOMIA

CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos

Técnica amplia a produção, melhora a qualidade das mudas e favorece a sustentabilidade no campo

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CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos. Fotos: CRV

A CRV Industrial, usina bioenergética localizada em Carmo do Rio Verde, está investindo no plantio por Meiose como uma estratégia para otimizar o cultivo da cana-de-açúcar. Esse método permite que parte da área seja plantada inicialmente para gerar mudas destinadas ao restante da lavoura, possibilitando o uso temporário da terra com outras culturas ou o pousio.

De acordo com o superintendente agrícola, Carlos Jordão, a técnica visa otimizar o plantio, reduzir custos e preservar a área de moagem. Como teste inicial, a empresa implantou 100 hectares com Meiose, que se transformarão em 900 hectares para atender à área planejada. Esse sistema também já está sendo utilizado na unidade da empresa em Minas Gerais.

Jordão destaca que as principais vantagens desse método incluem a redução de operações agrícolas, a diminuição de custos, maior flexibilidade na janela de plantio, viabilidade do plantio em períodos chuvosos, interrupção do ciclo de pragas, melhor qualidade das mudas, maior rendimento no corte e preservação da cana destinada à moagem. “Entretanto, desafios como a necessidade de mão de obra especializada e o manejo dos tratos culturais da linha-mãe ainda são pontos de atenção”, ressalta.

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Na CRV Industrial, o manejo da Meiose está sendo realizado com MPB (Mudas Pré-Brotadas), o que otimiza o processo e permite melhor aproveitamento da janela de plantio. A maior parte das mudas está sendo utilizada em plantios de um ano e meio, sendo metade mecanizada e metade por Meiose. Esse modelo contribui para a redução da área de mudas cortadas, pois uma única linha pode se desdobrar em oito a dez linhas.

A linha de Meiose exige um investimento maior devido à irrigação, com custo médio de R$ 17 mil por hectare. No entanto, a quebra da Meiose gera economias significativas em transporte e outros custos operacionais. “Quando se divide o custo total, o valor final fica em torno de R$ 11 mil por hectare. A ideia é expandir a técnica para uma área entre 2.500 e 3.000 hectares, economizando hectares de mudas e mantendo um custo competitivo em relação ao plantio mecanizado”, explica Carlos Jordão.

A CRV Industrial aposta nessa estratégia para aumentar a eficiência e a sustentabilidade na produção de cana-de-açúcar. Além da redução de custos, a possibilidade de plantar outras culturas entre as linhas da Meiose permite um melhor aproveitamento da terra e contribui para a melhoria do solo. O projeto reforça o compromisso da empresa com a inovação e a busca por soluções sustentáveis para o setor sucroenergético.

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