Gastos com política agrícola caem 25% em 2024 e desafiam Plano Safra

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A restrição orçamentária e a necessidade de transmitir uma mensagem de austeridade fiscal ao mercado têm limitado as ações do governo para amenizar os custos financeiros dos produtores no Plano Safra, especialmente diante da alta da Selic. Medidas mais robustas exigiriam maior volume de recursos federais, o que poderia gerar desconfiança no cenário econômico, pressionando juros e inflação.

Em 2024, os gastos com a política agrícola recuaram 25% em relação ao ano anterior. Para 2025, a proposta orçamentária – que ainda aguarda votação – prevê um reforço, com R$ 22,4 bilhões destinados ao setor, dos quais mais de R$ 14 bilhões serão usados para equalizar os juros do crédito rural. O foco principal está no apoio à agricultura familiar e na ampliação dos investimentos em diferentes frentes.

No entanto, há incerteza no mercado sobre se o aumento previsto será suficiente para evitar uma elevação generalizada dos juros, afetando inclusive pequenos produtores. A avaliação é de que o governo precisará adotar soluções inovadoras. Com a Selic a 13,25% e possibilidade de novas altas até junho – quando o Plano Safra 2025/26 será anunciado –, os custos de captação para os bancos tendem a subir, ampliando a diferença para os juros controlados oferecidos no Pronaf, que hoje chegam a 3%. Essa disparidade é coberta pela subvenção federal.

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A Secretaria do Tesouro Nacional informou que aguarda a divulgação do primeiro relatório bimestral de receitas e despesas primárias do governo, previsto para março, para atualizar a projeção dos gastos com a equalização de juros em 2025. Caso o orçamento se mostre insuficiente, o governo pode solicitar suplementação ou suspender novas contratações.

“Não tem dinheiro, não tem crédito, não tem de onde sair, não tem espaço fiscal. Como vamos resolver, não sei”, afirmou o deputado Pedro Lupion (PP-PR), integrante da bancada ruralista.

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Campos, reconhece que o crédito permanecerá caro, o que representa um desafio para o governo. “Precisamos encontrar novas fontes de financiamento. Esse problema não afeta apenas o agronegócio, mas a economia como um todo, e certamente terá impacto no setor agrícola”, disse.

Para Ivan Wedekin, ex-secretário de Política Agrícola e consultor da área, o governo pode utilizar a necessidade de conter a inflação dos alimentos como argumento político para ampliar o crédito rural subsidiado. Ainda assim, ele vê um impasse difícil de resolver.

“Os gastos com a política agrícola são pequenos em comparação com o orçamento geral do governo, mas há uma fragilidade evidente. A diferença entre os juros de mercado e os controlados é muito grande”, explicou. Wedekin também destacou as dificuldades na gestão de riscos, que elevam os custos do crédito rural, especialmente no Programa de Subvenção ao Seguro Rural (PSR), cujo orçamento e modelo permanecem inalterados.

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A expectativa é de que o novo Plano Safra conte com uma participação ainda maior de recursos livres. “O aumento dos subsídios será pouco expressivo e concentrado na agricultura familiar. Para os médios e grandes produtores, o financiamento dependerá, em grande parte, de recursos de mercado via emissão de títulos”, avaliou José Carlos Vaz, consultor jurídico do agronegócio.

Entre as instituições financeiras, cresce a preocupação de que o aumento dos custos da safra possa ser repassado a elas, sobretudo caso haja um direcionamento maior de fontes do crédito rural, como depósitos à vista e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). Esse tipo de estratégia, adotada no ciclo 2023/24, impactou o mercado e pode voltar a gerar tensões, alertou um executivo do setor sob condição de anonimato.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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Mercado de Arroz: Preço em Queda e Expectativa por Exportações

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O mercado brasileiro de arroz continua a enfrentar uma queda acentuada nos preços, impulsionada pela colheita que avança rapidamente no país. No Rio Grande do Sul, o processo de ceifa já alcançou 26,21% da área semeada, conforme o mais recente levantamento do Instituto Riograndense do Arroz (Irga). A Fronteira Oeste lidera os trabalhos, seguida pela Planície Costeira Interna, Planície Costeira Externa, Região Central, Campanha e, por último, a Zona Sul.

A aceleração da colheita, em grande parte devido às condições climáticas favoráveis, tem intensificado a oferta de arroz no mercado, o que reforça a pressão para baixo nos preços. “A maior disponibilidade do grão tem influenciado diretamente a baixa nas cotações”, afirma o analista e consultor da Safras & Mercado, Evandro Oliveira.

Em relação aos preços, a média da saca de 50 quilos de arroz do Rio Grande do Sul (58/62% de grãos inteiros e pagamento à vista), referência principal no mercado nacional, foi cotada em R$ 83,02 na última quinta-feira (13). Este valor representa uma queda de 6,05% em comparação à semana anterior e um recuo de 15,56% em relação ao mesmo período do mês passado. Além disso, o preço atual é 18,03% inferior ao registrado no mesmo período de 2024.

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Exportações em Perspectiva

Enquanto o mercado doméstico enfrenta a pressão da colheita, as exportações permanecem como um fator de expectativa. Há rumores sobre a saída de um navio de arroz pelo porto de Rio Grande na próxima semana, já com parte da nova safra a bordo. “Para abril, ainda não há contratos fechados, apenas embarques negociados em dezembro de 2024”, explica Oliveira. Além disso, circulam informações sobre dois novos embarques, um de 32 mil toneladas e outro de 25 mil toneladas, com detalhes ainda não definidos sobre variedades ou destinos.

No mercado internacional, o Paraguai continua com contratos firmados em 2024, com preços variando entre US$ 360 e US$ 370 por tonelada. No entanto, os preços atuais caíram para US$ 300 a US$ 310 por tonelada, o que sugere uma maior pressão sobre o mercado global. O país vizinho também realizou vendas antecipadas para embarques em fevereiro, mas não houve novos negócios relevantes desde então.

Nos Estados Unidos, a guerra comercial com o México e as políticas do governo Trump ainda são fatores a serem observados, podendo alterar fluxos de exportação e criar novas oportunidades para fornecedores de arroz de outros países. “Uma escalada na disputa comercial pode fazer com que compradores mexicanos busquem o Mercosul, o que pode beneficiar o Brasil e outros produtores da região”, finaliza Oliveira.

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Fonte: Portal do Agronegócio

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