Hatches médios: os carros que sumiram e o mercado não sentiu falta
O ano é 2010. Com 43 mil carros vendidos, o Ford EcoSport era o único utilitário esportivo que emplacava mais que o Hyundai i30, hatch médio mais vendido naquele ano, com 35.930 unidades. Não parecia. Mas começava aí a longa agonia desse segmento, que já reuniu alguns dos objetos de desejo da classe média brasileira.
Nos últimos dez anos, o segmento de hatches médios sofreu com um encolhimento constante da sua participação de mercado, que não foi freada nem por lançamentos importantes como o do Volkswagen Golf de 7ª geração (2013) e das duas gerações do Chevrolet Cruze Sport6 (2011 e 2016).
Se em 2010, os dados da Fenabrave apontam que os hatches médios mordiam uma fatia de 6,90% de um mercado que se aproximava dos 3,329 milhões de automóveis comercializados, no acumulado do ano de 2020, até agosto, essa participação havia caído para apenas 0,39% dos emplacamentos.
No mesmo período, a fatia dos SUVs saltou de 7,63% para 31,78% do mercado. Os hatches médios foram afetados principalmente pelo crescimento dos SUV compactos, modelos que atualmente ocupam mesma faixa de preços.
“Houve uma mudança de foco do mercado. Quando falamos em hatches médios no Brasil, o que está em jogo é um público de famílias, que acabaram migrando para os SUVs em busca de outros atributos, como robustez e a posição mais alta de dirigir”, avaliou Murilo Briganti, diretor de produto da consultoria de mercado Bright Consulting.
Briganti explica que isso que acabou gerando um ciclo. Conforme crescia a demanda por SUVs, as montadoras se viram obrigadas a alterar as suas estratégias de produtos. E conforme elas passavam a priorizar mais os utilitários, menos o consumidor acabava optando por modelos de outros segmentos.
Quem saiu ganhando com essa mudança na preferência do público foram as fabricantes. Apesar de serem posicionados na mesma faixa de preços dos hatches médios, os SUVs compactos são tradicionalmente baseados nas arquiteturas dos modelos de entrada, que utilizam plataformas menos sofisticadas (e mais baratas de produzir) que os modelos médios.
Mortos e vivos
Desde 2018, o segmento de hatches médios só teve perdas. Ford Focus, Peugeot 308 e, mais recentemente, o Volkswagen Golf, deixaram o Brasil e tiveram o seu espaço ocupado respectivamente por Ford EcoSport, Peugeot 2008 e Volkswagen T-Cross. Todos eles feitos sobre a base de modelos compactos.
O argentino Chevrolet Cruze Sport 6 passou a ser o único representante feito no Mercosul dentro do segmento dos hatches médios. Mesmo assim, já não empolga o público nas lojas: foram 2.520 emplacamentos entre janeiro e agosto. Volume quase dez vezes menor que o do SUV compacto Chevrolet Tracker.
No mesmo período, o Brasil viu o lançamento de novos modelos de SUVs compactos com produção local ou vindos de países do Mercosul (Caoa Chery Tiggo 5X, Citroën C4 Cactus, Volkswagen Nivus e Volkswagen T-Cross), além das novas gerações de Chevrolet Tracker e Renault Duster.
Isso sem contar as reestilizações de modelos já existentes, como Peugeot 2008, Mitsubishi ASX, Hyundai Creta e Jeep Renegade .
Na avaliação de Briganti, da Bright Consulting depois dos hatches médios , os próximos segmentos que devem ser impactados pelo “efeito SUV” são os de hatches e sedãs compactos. “O segmento de MPV (monovolumes) deve se manter, assim como o de picapes. Isso por conta dos perfis de público que são bem distintos”, finaliza.
CARROS E MOTOS
Fomos à Serra Gaúcha conferir um Rally de motonetas clássicas
Neste último fim de semana fui até o Rio Grande do Sul acompanhar a terceira etapa do Campeonato Brasileiro de Rally de Regularidade Histórica , promovido pela Federação Brasileira de Veículos Antigos – FBVA. A etapa chama-se Rally dos Vinhedos e é organizada pelo Veteran Car Club dos Vinhedos , sediado no município de Bento Gonçalves , na Serra Gaúcha.
Só o fato de estar em uma região tão bela, tão bem dotada pela natureza, já vale qualquer dificuldade em chegar, visto que fica no extremo sul do país, região que é bem conhecida pelas baixas temperaturas , especialmente no inverno. Mas é justamente isso que faz do lugar um destino tão desejado.
O Rally dos Vinhedos está comemorando sua décima edição, reunindo 129 veículos antigos e clássicos para um passeio cronometrado pelas estradas da região, passando por municípios como Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa, Pinto Bandeira e Santa Tereza. O mais interessante foi a participação de 13 intrépidos pilotos de motonetas clássicas , que enfrentaram a temperatura de quase zero grau no momento da largada.
E mais, diferentemente dos automóveis, que têm um piloto e um navegador, que além de lhe fornecer a velocidade ideal para cada trecho também indica o caminho a ser seguido, no scooter o piloto faz sozinho todos os trabalhos.
Claro, sendo um rally de veículos antigos , essas motonetas, que atualmente são conhecidas por scooters , são de época, de um tempo quando ainda não tinham esse apelido.
Dos 13 participantes, 11 deles pilotavam Vespa nacionais dos anos 80, que eram fabricadas em Manaus, AM, pela Piaggio . Os outros dois pilotavam Lambretta Li 150 , fabricadas nos anos 60. Vespa e Lambretta eram (e são) eternos rivais nesse segmento dos veículos de duas rodas.
Um rally de regularidade , que também pode ser chamado de passeio cronometrado, avalia a capacidade do piloto em manter as médias de velocidade pré-estabelecidas, que figuram na planilha com o roteiro. Quanto mais próximo o tempo de passagem pelos vários pontos de controle distribuídos pelo percurso, menos pontos o participante perde. No final, quem perder menos pontos, de acordo com um regulamento complexo, vence a prova.
Entre as motonetas, o vencedor foi André Sain, de Bento Gonçalves, pilotando (e navegando) a Vespa PX 200 1986 de número 21. André teve 78 pontos perdidos nessa etapa.
Em segundo lugar chegou Daniel Orso, também de Bento Gonçalves, com a Vespa PX 200 Elestart 1987 de número 24, com 84 pontos perdidos. Em terceiro lugar ficou Rodrigo Nenini, de Garibaldi, com a Vespa PX 200 1986 de número 22, com 123 pontos perdidos.
Fonte: Carros
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