IBGE
IBGE: 2020 registrou queda em serviços de alimentação e turismo

No primeiro ano da pandemia de covid-19, em 2020, as maiores quedas no número de empresas e de empregos ocorreram no setor de serviços prestados às famílias, que inclui as atividades de alimentação e de turismo. As informações são da Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2020, divulgada hoje (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento não inclui os serviços financeiros.
De acordo com os dados, de 2019 para 2020, a maior queda proporcional em número de empresas ocorreu no setor de serviços prestados às famílias, com uma redução de 14,3%. Em pessoal ocupado, houve queda de 16,4% no setor. Entre as atividades, a que mais perdeu pessoal, em números absolutos, foi a de alimentação, com uma redução de 329,2 mil pessoas. Em percentuais, a maior queda ocorreu em agências de viagens, operadores turísticos e outros serviços de turismo, que diminuiu em 28,4% os quadros de pessoal.
O gerente da pesquisa, Marcelo Miranda, explica que a PAS traz dados comparativos dos últimos 10 anos, mas nesta divulgação foi dado o enfoque na comparação com 2019, para analisar os impactos da pandemia. Porém, ele destaca que a pesquisa não busca apontar as causas das variações.
“A pesquisa não tenta verificar relações de causalidade entre os elementos conjunturais e a evolução dos indicadores apresentados. No senso comum, a gente pode ver muitos dados que corroboram o pensamento comum do que a pandemia pode ter causado lá no ano de 2020, mas a gente não faz essa análise de causalidade”.
Nos dados gerais, o número de empresas do setor de Serviços caiu 1,1% frente a 2019. O pessoal ocupado diminuiu 2,4% e o total pago em remunerações reduziu 4%. Houve aumento de pessoas ocupadas na atividade de seleção, agenciamento e locação de mão de obra, com o maior crescimento tanto em termos absolutos (143,1 mil pessoas) como percentuais (22,2%).
Na comparação com 2019, enquanto o (PIB) brasileiro caiu 3,9% em 2020, o PIB do setor de serviços recuou 4,3%, gerando R$ 1,8 trilhão de receita operacional líquida. Os maiores aumentos em participação na receita de um ano para o outro foram serviços profissionais, administrativos e complementares (1,7 ponto percentual) e outras atividades de serviços (1,3 ponto percentual). As maiores quedas foram de serviços prestados principalmente às famílias (2,6 pontos percentuais) e transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (1 ponto percentual).
Panorama
No ano de 2020, o setor de serviços não financeiros tinha 1,4 milhão de empresas, que geraram R$ 1,8 trilhão em receita operacional líquida e R$ 1,1 trilhão de valor adicionado. O setor empregava 12,5 milhões de pessoas, que receberam R$ 373,5 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações.
A remuneração média mensal foi de 2,2 salários mínimos, abaixo dos 2,5 registrados em 2011. A maior remuneração em salários médios continuou em serviços de informação e comunicação, com 4,5 salários mínimos, apesar da redução de 1 salário mínimo, em 10 anos. A queda foi influenciada pela atividade de telecomunicações, que reduziu em 2,1 salários mínimos as remunerações no período analisado. Serviços prestados principalmente às famílias tiveram a média salarial mais baixa, com 1,4 salário mínimo em 2020.
O maior número de empresas está nos serviços profissionais, administrativos e complementares (504,5 mil empresas e 5,5 milhões de pessoas ocupadas) e nos serviços prestados principalmente às famílias (357,8 mil empresas e 467,9 mil ocupações) que, juntos, somam 63% do total.
De 2011 para 2020, a média de ocupação caiu de dez para nove pessoas por empresa, com as de maior porte sendo no segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, que tinha a maior média 15 trabalhadores. Em transportes aéreos, houve uma redução média de 41 pessoas por empresa.
Participação regional
No período analisado, três das cinco grandes regiões do país perderam participação em receita. O Sudeste concentrou a maior parcela da receita bruta, mas perdeu 0,7 ponto percentual, passando de 66,1% em 2011 para 65,4% do total nacional em 2020. O Nordeste caiu de 10,2% para 9,5% e o Norte passou de 2,8% para 2,6%. O Sul subiu sua participação de 14,1% para 15% e o Centro-Oeste foi de 6,8% para 7,4%.
As perdas nos salários ocorreram em todas as regiões sendo de 0,3 salário mínimo, no Sudeste, Norte e Centro-Oeste e de 0,2 salário mínimo, no Sul e no Nordeste.
Edição: Lílian Beraldo
Fonte: EBC Economia


ECONOMIA
CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos
Técnica amplia a produção, melhora a qualidade das mudas e favorece a sustentabilidade no campo

A CRV Industrial, usina bioenergética localizada em Carmo do Rio Verde, está investindo no plantio por Meiose como uma estratégia para otimizar o cultivo da cana-de-açúcar. Esse método permite que parte da área seja plantada inicialmente para gerar mudas destinadas ao restante da lavoura, possibilitando o uso temporário da terra com outras culturas ou o pousio.
De acordo com o superintendente agrícola, Carlos Jordão, a técnica visa otimizar o plantio, reduzir custos e preservar a área de moagem. Como teste inicial, a empresa implantou 100 hectares com Meiose, que se transformarão em 900 hectares para atender à área planejada. Esse sistema também já está sendo utilizado na unidade da empresa em Minas Gerais.
Jordão destaca que as principais vantagens desse método incluem a redução de operações agrícolas, a diminuição de custos, maior flexibilidade na janela de plantio, viabilidade do plantio em períodos chuvosos, interrupção do ciclo de pragas, melhor qualidade das mudas, maior rendimento no corte e preservação da cana destinada à moagem. “Entretanto, desafios como a necessidade de mão de obra especializada e o manejo dos tratos culturais da linha-mãe ainda são pontos de atenção”, ressalta.
Na CRV Industrial, o manejo da Meiose está sendo realizado com MPB (Mudas Pré-Brotadas), o que otimiza o processo e permite melhor aproveitamento da janela de plantio. A maior parte das mudas está sendo utilizada em plantios de um ano e meio, sendo metade mecanizada e metade por Meiose. Esse modelo contribui para a redução da área de mudas cortadas, pois uma única linha pode se desdobrar em oito a dez linhas.
A linha de Meiose exige um investimento maior devido à irrigação, com custo médio de R$ 17 mil por hectare. No entanto, a quebra da Meiose gera economias significativas em transporte e outros custos operacionais. “Quando se divide o custo total, o valor final fica em torno de R$ 11 mil por hectare. A ideia é expandir a técnica para uma área entre 2.500 e 3.000 hectares, economizando hectares de mudas e mantendo um custo competitivo em relação ao plantio mecanizado”, explica Carlos Jordão.
A CRV Industrial aposta nessa estratégia para aumentar a eficiência e a sustentabilidade na produção de cana-de-açúcar. Além da redução de custos, a possibilidade de plantar outras culturas entre as linhas da Meiose permite um melhor aproveitamento da terra e contribui para a melhoria do solo. O projeto reforça o compromisso da empresa com a inovação e a busca por soluções sustentáveis para o setor sucroenergético.
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