Mercadante discute mudança na TLP em reunião com Haddad

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, pediu hoje (14) a mudança no cálculo da Taxa de Longo Prazo (TLP), usada para corrigir os financiamentos da instituição. Ele discutiu o assunto com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em reunião em Brasília.
Atualmente, a TLP é calculada com base na inflação oficial mais os juros dos títulos públicos atrelados a índices de preços. Mercadante defendeu que a taxa seja calculada com base em uma média móvel da inflação, de forma a reduzir a volatilidade da inflação mensal.
“Viemos discutir também a TLP, que é muito volátil porque ela trabalha com a inflação do mês. Então taxa oscila muito, prejudica muito a previsibilidade para micro e pequenas empresas. O BNDES emprestou R$ 52 bilhões a micro e pequenas empresas. A taxa tem que ser mais estável. Não pode usar a inflação do mês. Tem que pegar uma média móvel da inflação”, disse Mercadante.
O presidente do BNDES fez o pedido dois dias antes da primeira reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes da TLP, os financiamentos do BNDES eram corrigidos pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que era fixado a cada três meses pelo CMN.
Mercadante defendeu que o Conselho Monetário Nacional possa flexibilizar a TLP para empresas de menor porte. “Também [pedimos] flexibilizar a TLP no Conselho Monetário Nacional para que a gente tenha, dependendo da linha, flexibilidade para ter taxas mais favoráveis para financiar micro e pequenas empresas. É diferente do financiamento de uma linha de infraestrutura, de 30 a 35 anos”, disse.
Obras no exterior
Sobre financiamentos de obras no exterior, Mercadante afirmou que o banco não financia diretamente os empreendimentos, mas sim empresas brasileiras que participam de obras em outros países. O presidente disse que o banco não financia obras no exterior, mas pode financiar empresas que fazem este tipo de projeto fora do país. “Nesse momento não tem nenhuma empresa de construção civil pedindo qualquer linha de financiamento no BNDES. Essa agenda não é com o BNDES”, disse.
Em viagem à Argentina no mês passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a intenção do BNDES de voltar a financiar projetos e engenharia e de desenvolvimento em países vizinhos. Os financiamentos ocorreriam por meio de empresas brasileiras que atuem no exterior, nos moldes do financiamento de exportações de serviços. No encontro de hoje, Mercadante defendeu que o Brasil tenha um EximBank, banco público que financia exportações.
Dividendos
Mercadante disse também ter pedido a Haddad a redução de 60% para 25% da parcela de dividendos paga pela instituição ao Tesouro Nacional. De acordo com ele, a mudança poria o BNDES em condições de igualdade com o Banco do Brasil e liberaria recursos para o financiamento a micro e pequenas empresas, a projetos de energia limpa e para inovação tecnológica.
“Historicamente, as empresas públicas distribuem em dividendos 25% [do lucro]. O BNDES pagava 25%. No período em que o BNDES tinha a TJLP e recebia muitos subsídios, o governo aumentou para 60%. Só que hoje o BNDES não recebe mais subsídios do Tesouro, ao contrário. O BNDES pagou, de 2015 para cá, R$ 678 bilhões de recursos transferidos ao Tesouro. Nós estamos acabando esse ciclo. Estamos indo para uma relação de equilíbrio entre o Tesouro e o BNDES”, explicou.
Além dos dividendos, nos próximos meses, o BNDES ainda fará um pagamento de R$ 22 bilhões ao Tesouro Nacional, após determinação do Tribunal de Contas da União. Essa será a última parcela do ressarcimento de mais de R$ 500 bilhões feito nos últimos seis anos. Segundo Mercadante, esse é um capítulo que está sendo encerrado.
Conflito de interesses
Sobre a indicação do secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, para o Conselho de Administração do BNDES, Mercadante disse não ver conflito de interesse. “Não acho que haja conflito de interesses, ao contrário. Acho que isso [a nomeação] aproxima a experiência do secretário da Receita. O banco é público, 100% público, então é compatível com a função que ele exerce”, afirmou.
Tradicionalmente, o Conselho de Administração do BNDES tem representantes do Ministério da Fazenda. No entanto, essa é a primeira vez em que o secretário da Receita ocupa essa função numa estatal. Especialistas apontam possível conflito de interesses porque a Receita Federal, por definição, está interessada em arrecadar o máximo possível das empresas, o que pode comprometer o lucro das companhias.
Edição: Fábio Massalli
Fonte: EBC Economia


ECONOMIA
CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos
Técnica amplia a produção, melhora a qualidade das mudas e favorece a sustentabilidade no campo

A CRV Industrial, usina bioenergética localizada em Carmo do Rio Verde, está investindo no plantio por Meiose como uma estratégia para otimizar o cultivo da cana-de-açúcar. Esse método permite que parte da área seja plantada inicialmente para gerar mudas destinadas ao restante da lavoura, possibilitando o uso temporário da terra com outras culturas ou o pousio.
De acordo com o superintendente agrícola, Carlos Jordão, a técnica visa otimizar o plantio, reduzir custos e preservar a área de moagem. Como teste inicial, a empresa implantou 100 hectares com Meiose, que se transformarão em 900 hectares para atender à área planejada. Esse sistema também já está sendo utilizado na unidade da empresa em Minas Gerais.
Jordão destaca que as principais vantagens desse método incluem a redução de operações agrícolas, a diminuição de custos, maior flexibilidade na janela de plantio, viabilidade do plantio em períodos chuvosos, interrupção do ciclo de pragas, melhor qualidade das mudas, maior rendimento no corte e preservação da cana destinada à moagem. “Entretanto, desafios como a necessidade de mão de obra especializada e o manejo dos tratos culturais da linha-mãe ainda são pontos de atenção”, ressalta.
Na CRV Industrial, o manejo da Meiose está sendo realizado com MPB (Mudas Pré-Brotadas), o que otimiza o processo e permite melhor aproveitamento da janela de plantio. A maior parte das mudas está sendo utilizada em plantios de um ano e meio, sendo metade mecanizada e metade por Meiose. Esse modelo contribui para a redução da área de mudas cortadas, pois uma única linha pode se desdobrar em oito a dez linhas.
A linha de Meiose exige um investimento maior devido à irrigação, com custo médio de R$ 17 mil por hectare. No entanto, a quebra da Meiose gera economias significativas em transporte e outros custos operacionais. “Quando se divide o custo total, o valor final fica em torno de R$ 11 mil por hectare. A ideia é expandir a técnica para uma área entre 2.500 e 3.000 hectares, economizando hectares de mudas e mantendo um custo competitivo em relação ao plantio mecanizado”, explica Carlos Jordão.
A CRV Industrial aposta nessa estratégia para aumentar a eficiência e a sustentabilidade na produção de cana-de-açúcar. Além da redução de custos, a possibilidade de plantar outras culturas entre as linhas da Meiose permite um melhor aproveitamento da terra e contribui para a melhoria do solo. O projeto reforça o compromisso da empresa com a inovação e a busca por soluções sustentáveis para o setor sucroenergético.
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