Omissão de raça em internações do SUS cai, mas ainda chega a 23,3%

A omissão da informação sobre cor/raça dos pacientes internados no Sistema Único de Saúde (SUS) teve uma queda de 35,4%, em 2008, para 23,3%, em 2021, mostra um estudo divulgado hoje (25) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O preenchimento do campo cor/raça no Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Sistema Único de Saúde (SUS) foi iniciado em 2008 e é importante pelo potencial de apontar desigualdades relacionadas ao acesso a serviços de saúde.
A análise foi realizada pelo Projeto de Avaliação do Desempenho do Sistema de Saúde (Proadess), iniciativa vinculada ao Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz).
As regiões Sul e Sudeste foram as que apresentaram os menores percentuais de informações omitidas ao SIH: 12,3% e 19,3%, respectivamente, em 2021. Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o percentual ficou acima da média nacional.
O estudo analisou com mais detalhamento as hospitalizações chamadas Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP), classificação que inclui 19 grupos diagnósticos para os quais o cuidado adequado realizado no nível da atenção primária pode prevenir a internação hospitalar. Segundo a pesquisa, 15,5% das internações sem a informação de cor/raça podem ser consideradas de condições sensíveis à atenção primária.
Estão inseridos nesse grupo gastroenterites infecciosas e complicações; anemia; deficiências nutricionais; infecções de ouvido, nariz e garganta; pneumonias bacterianas; asma; doenças pulmonares; hipertensão; angina; insuficiência cardíaca; doenças cerebrovasculares; diabetes mellitus; epilepsias; infecção no rim e trato urinário; infecção da pele e tecido subcutâneo; doença inflamatória órgãos pélvicos femininos; úlcera gastrointestinal; doenças relacionadas ao pré-natal e parto. Quando são considerada apenas essas internações, o percentual das que não informam cor/raça era de 22,4% em 2021.
O estudo ressalva que, ao contrário das pesquisas domiciliares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em que raça/cor são autodeclarados pelos próprios cidadãos, nos Sistemas de Informação em Saúde o registro é feito, em muitas situações, pelos profissionais da atenção à saúde, sem necessariamente perguntar aos usuários dos serviços.
Edição: Juliana Andrade
Fonte: EBC Saúde


SAÚDE
Dia Mundial do Rim: cuidado com a saúde renal deve começar na infância
Somente em 2024, o maior hospital pediátrico do país realizou mais de cinco mil sessões de hemodiálise em crianças e adolescentes.

A doença renal crônica afeta mais de dez milhões de brasileiros e 850 milhões de pessoas no mundo, além de causar 2,4 milhões de mortes todos os anos, segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia e a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, cerca de 157 mil pessoas dependem de terapia renal substitutiva, conforme dados do Censo Brasileiro de Nefrologia de 2023. Só no Hospital Pequeno Príncipe, que é o maior e mais completo hospital pediátrico do país, foram mais de cinco mil sessões de hemodiálise em crianças e adolescentes em 2024.
Embora seja mais comum em adultos, a doença renal crônica também acomete o público infantojuvenil. Estima-se que sejam 20 casos a cada um milhão de crianças, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria. Por isso, no Dia Mundial do Rim, lembrado em 13 de março, o Hospital Pequeno Príncipe reforça a importância dos cuidados com a saúde renal desde a infância.
Além da produção de urina, os rins desempenham funções essenciais no organismo, como filtrar impurezas do sangue, controlar a pressão arterial e produzir hormônios. “Muitas pessoas pensam que os rins são responsáveis apenas pela urina, mas eles também são fundamentais para o bom funcionamento do metabolismo, crescimento e desenvolvimento do corpo. Por isso é tão importante que o cuidado com a saúde renal e os bons hábitos iniciem ainda na infância, pois eles interferem na saúde por toda a vida”, enfatiza a nefrologista pediátrica Lucimary Sylvestre, do Hospital Pequeno Príncipe.
A ingestão adequada de líquidos, a alimentação balanceada (evitando processados e excesso de sal) e a prática regular de atividades físicas são fundamentais para manter os rins saudáveis ao longo da vida. Também é importante controlar o peso e a glicose e aferir a pressão arterial regularmente a partir dos 3 anos de idade.
Quando suspeitar de problemas renais?
Existem diferentes doenças renais e que não se limitam apenas aos rins, atingindo todo o trato urinário. Elas se apresentam por malformações congênitas, condições hereditárias ou adquiridas. “Algumas doenças se manifestam com sinais como perda de urina, infecção urinária de repetição, presença de sangue ou proteína na urina, mas outras são silenciosas até que atinjam um estágio mais avançado de alteração na função renal”, explica a nefrologista pediátrica. Além desses sinais, também é importante estar atento para:
- alteração na pressão arterial;
- anemia que não melhora com reposição de ferro;
- alterações ou fraqueza óssea;
- cansaço excessivo;
- inchaço nos pés e no rosto;
- histórico familiar de doenças renais.
Ao observar qualquer sinal ou sintoma, é fundamental passar por avaliação médica. Se não tratada adequadamente, a doença renal crônica pode levar a complicações graves, como insuficiência renal e necessidade de realização de diálise ou até mesmo de transplante de rim. Os problemas renais também podem resultar em edemas, dificuldades respiratórias e problemas cardiovasculares, como hipertensão e aumento do risco de infarto.
Cor da urina como alerta para a saúde
A urina é um indicativo relevante da saúde dos rins, pois a coloração reflete o estado de hidratação e pode sinalizar problemas que exigem atenção médica. “É importante que seja avaliado o aspecto da urina como um todo e sempre buscar para que ela não seja muito escura, concentrada demais e que não tenha alterações do cheiro. Ao observar alguma dessas alterações, é importante buscar por atendimento médico para verificar se existe algum problema renal ou se é algo secundário, causado por desidratação, consumo de alimentos que podem mudar a coloração da urina ou pelo uso de alguma medicação”, realça Lucimary.
Saiba o que cada cor da urina pode indicar
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