Economia
Oportunidade para o Brasil com Novas Tarifas Chinesas

A recente decisão da China de aplicar tarifas de 10% a 15% sobre produtos agrícolas dos Estados Unidos, incluindo soja, milho e carne, pode abrir uma janela de oportunidades para o Brasil expandir suas exportações ao mercado chinês, já que o país asiático é o maior destino das exportações brasileiras de soja. Alê Delara, diretor da Pine Agronegócios, destaca que, diante do cenário de intensificação da guerra comercial entre os EUA e a China, a China tende a voltar seus olhos ainda mais para o Brasil, o que pode resultar em um aumento na demanda por produtos brasileiros.
“Em 2024, 70% das exportações brasileiras de soja foram para o mercado chinês, consolidando a posição do Brasil como líder no setor. Com o agravamento da guerra comercial, é natural que Pequim busque o Brasil como alternativa. O problema é a nossa infraestrutura logística”, comenta Delara.
Embora o Brasil tenha grande potencial para ocupar essa lacuna, o diretor alerta que a infraestrutura logística do país continua sendo um grande obstáculo. Rodovias em péssimas condições, a escassez de ferrovias eficientes e os portos congestionados aumentam os custos e dificultam o escoamento rápido da produção. Isso pode limitar a capacidade do Brasil de atender à demanda adicional que deverá surgir com a saída de produtos dos EUA do mercado chinês.
Para superar esses desafios, o governo brasileiro já indicou ações como investimentos em concessões rodoviárias, a expansão da malha ferroviária e a modernização dos portos. Além disso, a intensificação de acordos bilaterais com a China, para agilizar processos como a habilitação de frigoríficos e a diversificação das exportações agropecuárias, pode ser crucial para o Brasil aproveitar esta nova oportunidade.
“Com as melhorias necessárias na infraestrutura, o Brasil tem o potencial de ampliar ainda mais sua posição no agronegócio global. Porém, sem essas melhorias, a oportunidade poderá ser apenas um ganho pontual, e não um avanço sustentável no comércio com a China. O investimento em logística não é mais uma opção, mas uma necessidade urgente”, conclui Delara.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio


Agronegócio
“Biocombustíveis não são vilões da inflação”, diz presidente da CTE na Câmara

O debate sobre os impactos dos biocombustíveis na inflação voltou à tona nos primeiros meses de 2025, com o governo atribuindo parte da alta de preços a esses produtos. Para o deputado federal e presidente da Comissão de Transição Energética da Câmara dos Deputados, essa narrativa é equivocada e pode prejudicar a implementação de políticas estratégicas para o setor.
Ele destacou que a tentativa de vincular biocombustíveis ao aumento do custo de vida contrasta com a recente sanção da Lei do Combustível do Futuro, que atraiu R$ 200 bilhões em investimentos para ampliar a participação de combustíveis renováveis na matriz energética brasileira. “Não podemos deixar que a polêmica ‘food versus fuel’, criada na Europa, atrapalhe o avanço das energias renováveis no Brasil”, afirmou.
O parlamentar rebateu a ideia de que o Brasil enfrenta uma competição por terras agricultáveis como ocorre na União Europeia. Ele apontou que, enquanto países como Dinamarca, Irlanda e Países Baixos destinam mais de 60% de seus territórios à agricultura, o Brasil utilizou apenas 9% de sua área para a produção agropecuária em 2024. Além disso, há cerca de 159 milhões de hectares degradados, dos quais 36 milhões poderiam ser recuperados para a produção de alimentos sem comprometer biomas preservados.
A alta do óleo de soja, segundo o deputado, não tem relação com a produção de biodiesel, mas sim com fatores como a quebra de safra devido a questões climáticas e a valorização do dólar. Ele lembrou que, durante a pandemia, o preço do óleo de soja disparou e, em 2023, registrou uma deflação de 36%. No entanto, com a safra recorde de 2024/25, a tendência é de acomodação nos preços, o que deve aliviar a pressão sobre os custos dos alimentos.
O mesmo ocorre com o milho. O parlamentar destacou que o aumento da produção de etanol de milho não impactou os preços dos alimentos, pois os estoques do grão no Brasil permanecem em níveis confortáveis. “Nosso mercado segue alinhado ao internacional, e o crescimento da produção de biocombustíveis não compromete a oferta alimentar”, ressaltou. Ele também destacou a importância da “safrinha”, que aumenta a oferta do grão sem afetar os preços e permite que o país produza energia renovável sem prejudicar a segurança alimentar.
Outro ponto criticado foi a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de reduzir a adição de biodiesel ao diesel fóssil de 15% para 14% (B14), medida que entrará em vigor em março. Segundo o deputado, o argumento de que essa redução evitaria impactos nos preços dos alimentos não se sustenta, uma vez que há oferta suficiente de soja no mercado. “O Brasil produziu 147,38 milhões de toneladas de soja em 2024, mas apenas 54 milhões foram esmagadas para biodiesel. Além disso, o biocombustível reduz as emissões de gases de efeito estufa em até 80%”, afirmou.
O parlamentar também mencionou a importância do aumento da mistura de etanol na gasolina. No dia 17 de março, o Ministério de Minas e Energia apresentará os estudos do E30, que prevê a elevação do percentual de etanol na gasolina de 27% para 30%. “Isso tornará o Brasil autossuficiente em gasolina. Manter o percentual atual passa uma mensagem negativa ao mercado e pode frear investimentos em biocombustíveis”, alertou.
Para o presidente da Comissão de Transição Energética, os biocombustíveis são a alternativa mais custo-efetiva para a descarbonização e representam uma grande oportunidade para investimentos e geração de riqueza. “Não abriremos mão disso. O Brasil tem uma vantagem competitiva única no setor, e precisamos consolidá-la”, concluiu.
Fonte: Pensar Agro
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