Paciente com câncer deve ter prioridade para vacinar contra covid-19

A pandemia do novo coronavírus reduziu em 75% as cirurgias de câncer de mama no Brasil em seu período de pico, entre os meses de março e abril do ano passado, em comparação ao mesmo bimestre de 2019. “Não só as pacientes deixaram de ser operadas, como muitas deixaram de realizar o rastreamento mamográfico para fazer o diagnóstico precoce do câncer de mama. Muitas ainda deixaram de ir aos consultórios médicos para fazer suas consultas de rotina no seguimento de suas doenças”, disse hoje (5) à Agência Brasil o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Vilmar Marques.
A entidade comemorou, nesta sexta-feira, o Dia da Mamografia e o Dia do Mastologista, reivindicando a vacinação prioritária de pacientes com câncer de mama e outros cânceres contra a covid-19.
O medo de contaminação pela covid-19 durante o deslocamento e também ao dar entrada na unidade de saúde levou a uma queda de 45% no número de mamografias entre janeiro e julho de 2020, em relação a igual período do ano anterior, de acordo com levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Câncer de Mama, em parceria com a SBM. No estado do Rio de Janeiro, essa queda alcançou 52%. Marques explicou que esses números refletem a queda no rastreamento mamográfico. “Essas pacientes perderam a oportunidade de fazer um diagnóstico precoce da doença”. O presidente da SBM informou que agora, devido ao aumento de mortes pela covid-19 e em razão do estrangulamento do sistema de saúde, muitos mastologistas diminuíram o seu movimento cirúrgico.
Grupo de risco
Vilmar Marques alertou que as pessoas com câncer de mama e outros tipos de câncer devem ser incluídas no grupo de risco à covid-19 para vacinação priorizada. “Esses pacientes têm de ser convocados para vacinação, sem demora. Imagine uma mulher fazendo quimioterapia. Se ela, porventura, vir a contrair covid-19, essa mulher tem o seu tratamento muito prejudicado. Além disso, quando grave, ela tem uma porcentagem muito maior de ser contaminada, do que qualquer outra pessoa”. Por isso, Marques defendeu que os pacientes com câncer têm de ser vacinados de forma muito prioritária. O mesmo ocorre com mulheres com câncer de mama em tratamento, porque elas têm que se deslocar para hospitais e centros de atendimento para realizar seus exames. “Para nós, a vacinação dessas pacientes é muito importante”.
O número ainda reduzido de vacinas disponíveis e o tamanho continental do Brasil, com uma população superior a 210 milhões de habitantes, torna a logística de vacinação muito complicada no país, indicou o presidente da SBM. “Infelizmente, todos se julgam prioritários. E se nós não levantarmos a bandeira do paciente com câncer, vão deixar esse grupo tão importante para a frente e os pacientes vão ser prejudicados”, apostou. Marques avaliou que incluir as pacientes com câncer de mama nos grupos prioritários é de extrema importância, representando a vida de algumas e maior segurança para todas.
Em relação à mamografia, Vilmar Marques informou que um novo levantamento será efetuado pela SBM até abril próximo para traçar um retrato atual desse exame no Brasil. Afirmou, contudo, que os exames estão se normalizando. As mamografias estão voltando a ser realizadas porque os centros de diagnóstico e os hospitais são lugares muito seguros. “E nós temos orientado sempre as nossas pacientes que elas procurem realizar os seus exames de rastreamento”. A pesquisa demonstrará se as campanhas de orientação para rastreio mamográfico, feitas pela SBM, tiveram repercussão.
Edição: Valéria Aguiar


SAÚDE
Encontro promove troca de experiências internacionais no cuidado a pessoas com sífilis

O Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) promoveu, na terça-feira (11), o webinário Atuação da Enfermagem na Atenção às Pessoas com Sífilis – Relatos de Experiências. O evento, moderado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em cooperação internacional com o Ministério de Saúde e Bem-estar Social do Paraguai, reuniu profissionais e gestores de enfermagem do Brasil e do Paraguai, proporcionando um espaço para a troca de experiências sobre as melhores práticas no tratamento da sífilis.
Durante o evento, a Coordenação-Geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis brasileira destacou a relevância da troca de experiências entre os profissionais de Saúde entre os dois países para a atualização das práticas de prevenção e manejo da doença, principalmente em gestantes e populações mais vulnerabilizadas, destacando a participação ativa dos profissionais de enfermagem e a colaboração internacional para fortalecer o combate à sífilis na América Latina.
As representantes do Paraguai, enfermeiras Lucia Belém Martinez Alderete e Alan Nícolas Ascona Gonzales, compartilharam experiências no combate à sífilis congênita, com foco em estratégias de monitoramento e gestão. No Brasil, a enfermeira Ivani Gromann apresentou o trabalho realizado na Atenção Primária à Saúde em Cacoal (Rondônia), enquanto o enfermeiro Erasmo Diógenes discutiu as abordagens no atendimento de pessoas em situação de rua em São José do Rio Preto (São Paulo) e Maria Alix (Ceará) sobre o uso racional da penicilina.
O webinário também destacou os desafios enfrentados pelos profissionais de saúde – especialmente em relação à interpretação de exames e à avaliação de cicatrizes sorológicas, que podem levar à tratamentos inadequados, principalmente em gestantes.
Outro ponto discutido foi o uso racional da penicilina no tratamento da sífilis, um medicamento regulamentado para prescrição pela enfermagem, mas que ainda enfrenta desafios para garantir que todos os profissionais de saúde estejam qualificados para utilizá-la corretamente.
Em relação ao atendimento a pessoas em situação de rua, foi apresentado o modelo de cuidado desenvolvido em São José do Rio Preto, enfatizando a distribuição de kits de saúde e a realização de exames no local.
Swelen Botaro e João Moraes
Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde
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