Opinião

Por uma política econômica inclusiva!

Um desenvolvimento inclusivo exige políticas econômicas que estejam alinhadas com a superação dessas disparidades, garantindo que o crescimento econômico esteja acompanhado pela melhoria da qualidade de vida da população e pela criação de uma sociedade mais justa e equitativa.

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André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.

O Brasil é um país de potencial extraordinário. Sua vasta extensão territorial o posiciona como uma das nações mais ricas em recursos naturais do mundo, abrigando diversos biomas, entre eles, a Amazônia e a chamada Amazônia Azul, que corresponde ao mar territorial do país, com sua imensa biodiversidade.

Essa riqueza natural proporciona uma base sólida para o desenvolvimento bioeconômico, criando um ambiente favorável para inovações científicas e tecnológicas. Além disso, a imensa população brasileira, somada à alta disposição para o consumo, torna o mercado interno uma força de atração para investimentos, com potencial para alavancar a economia nacional.

Um ponto de destaque é a compatibilidade da população brasileira com as novas tecnologias. Historicamente, o Brasil tem demonstrado uma capacidade impressionante de rápida adaptação às inovações tecnológicas, como visto no uso massivo de smartphones, serviços financeiros digitais, e-commerce, e o crescente interesse pela inteligência artificial e automação.

Não por acaso, cientistas brasileiros estão frequentemente presentes nas equipes que desenvolvem importantes inovações globais, desempenhando papéis de destaque devido à criatividade latente e à capacidade de solução de problemas que os caracteriza. Esse ambiente favorável à inovação e ao consumo, somado aos recursos naturais pujantes, posiciona o Brasil como um destino atraente para investimentos internacionais em um cenário geopolítico em transformação.

Fenômenos como o “friendlyshoring”, em que indústrias buscam países ideologicamente alinhados, o “nearshoring”, que prioriza nações próximas dos principais mercados consumidores, e o “powershoring”, que beneficia países com fontes abundantes de energia renovável, fazem do Brasil uma peça central na nova configuração global de investimentos.

O país não apenas atende a esses requisitos, como também oferece uma posição geográfica estratégica, recursos energéticos renováveis em abundância e um ambiente ideológico estável, quando comparado a outros países emergentes. Contudo, o Brasil enfrenta contradições sociais profundas, que exigem um olhar atento para o desenvolvimento inclusivo. Os déficits em áreas fundamentais, como educação, saneamento básico, saúde, qualificação do mercado de trabalho e inovação tecnológica, revelam a necessidade urgente de investimentos públicos robustos, que podem – e devem – ser realizados em conjunto com a iniciativa privada.

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Um desenvolvimento inclusivo exige políticas econômicas que estejam alinhadas com a superação dessas disparidades, garantindo que o crescimento econômico esteja acompanhado pela melhoria da qualidade de vida da população e pela criação de uma sociedade mais justa e equitativa.

Esses investimentos inclusivos devem, no entanto, ser contextualizados em um cenário macroeconômico que leve em consideração as particularidades do Brasil. Comparar o país com outras economias emergentes sem atentar para suas especificidades, como sua vasta riqueza natural, potencial de mercado e inovação, é inadequado. Como exemplo, sempre que se analisam as taxas de endividamento em relação ao PIB, o que realmente importa não é a taxa em si, mas sim a capacidade de rolagem dessa dívida ao longo do tempo.

O Brasil, com seus vastos recursos e potencial econômico, possui uma margem maior para sustentar níveis de endividamento mais elevados, desde que o ambiente econômico seja favorável ao crescimento e ao investimento. No entanto, as taxas de juros elevadas sufocam a livre iniciativa e desestimulam os investimentos, principalmente aqueles de natureza inclusiva, que são essenciais para reverter os déficits sociais.

O parque industrial brasileiro, que já sofre com a obsolescência, é ainda mais prejudicado por um ambiente de juros altos, o que mantém o Núcleo de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) em níveis baixos. O NUCI mede o quanto da capacidade produtiva de uma economia está sendo efetivamente utilizada. Quando está baixo, significa que a produção está aquém de seu potencial, refletindo uma economia desacelerada e um mercado de trabalho precarizado.

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Juros mais baixos, por outro lado, facilitam a realização de investimentos que visam incluir socialmente as populações marginalizadas e revitalizar setores estratégicos da economia. No médio prazo, essa política levará a um ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico e social.

A queda sustentada da inflação, a maior produtividade do mercado de trabalho e o aumento das inovações econômicas e sociais são apenas alguns dos benefícios que podem emergir desse processo. Além disso, uma maior inclusão econômica e social tende a reduzir a conflituosidade social, fortalecendo estruturas sociais sustentáveis, justas e inclusivas.
Portanto, uma política econômica inclusiva, focada em investimentos estratégicos em áreas-chave, pode transformar o Brasil em uma potência global, não apenas em termos econômicos, mas também como sociedade mais justa e igualitária.

O país, com sua combinação única de recursos naturais, população vibrante e disposição para a inovação, está pronto para desempenhar um papel de liderança em um mundo cada vez mais interconectado. Para isso, é necessário um ambiente econômico que favoreça a livre iniciativa e os valores sociais do trabalho, promova investimentos inclusivos e, acima de tudo, ofereça um caminho para o desenvolvimento sustentável e equitativo.

André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.

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ARTIGO

Alerta: Desafios urgentes para a indústria têxtil e de confecção

Nossas exportações permaneceram relativamente estáveis, prejudicadas pela crise econômica em mercados-chave, como a Argentina. Tal situação limita as oportunidades de crescimento e diversificação para as empresas brasileiras.

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Fernando Valente Pimentel é diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

A indústria têxtil e de confecção do Brasil enfrenta um momento delicado, marcado por desafios internos e externos que ameaçam sua competitividade e sustentabilidade. Esse cenário exige atenção urgente e ações estratégicas para fortalecê-la. Nos últimos 10 anos, o Brasil experimentou redução na renda per capita medida em dólares, indicando um empobrecimento relativo da população, que afetou diretamente o consumo interno, base fundamental para esse importante setor da economia nacional. Com o mercado interno enfraquecido, perdemos participação para produtos importados, muitas vezes beneficiados por práticas comerciais desleais ou subsídios governamentais em seus países de origem.

Nossas exportações permaneceram relativamente estáveis, prejudicadas pela crise econômica em mercados-chave, como a Argentina. Tal situação limita as oportunidades de crescimento e diversificação para as empresas brasileiras. O atual ambiente do comércio internacional, marcado por tensões geopolíticas e medidas protecionistas, coloca o Brasil em posição vulnerável. Com o recente crescimento do PIB e do consumo interno, o País torna-se alvo atrativo para exportadores estrangeiros, fator potencialmente capaz de prejudicar ainda mais a indústria local.

​Cabe ressalvar que o setor têxtil e de confecção teve e continua tendo participação na construção da Nova Indústria Brasil (NIB), ação relevante do Governo Federal, que inclui o plano Mais Produção, com financiamento do BNDES, e se soma ao B+P e ao programa de Depreciação Acelerada, dentre outras ações relevantes. São iniciativas positivas, que posicionam a indústria no centro das políticas de desenvolvimento, de modo coerente com seu significado na geração de empregos em quantidade e qualidade, fomento de tecnologia e inovação, exportações de itens com maior valor agregado e redução da dependência externa.

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No entanto, é preciso ponderar que os efeitos positivos da NIB serão percebidos principalmente a médio e a longo prazo, em contraste com a conjuntura atual enfrentada pela indústria têxtil e de confecção. Para superar esses desafios urgentes, é crucial avançar na agenda de competitividade sistêmica do País, por meio das seguintes ações: reduzir o “Custo Brasil”; implementar medidas de defesa comercial contra práticas desleais, defendendo a indústria nacional; acelerar a negociação e implementação de acordos comerciais, especialmente entre o Mercosul e a União Europeia, para ampliar o acesso a novos mercados; investir em inovação e tecnologia para aumentar a produtividade e competitividade do setor; e desenvolver políticas de incentivo à modernização industrial e qualificação e oferta de mão de obra.

A inação diante do cenário atual e de curto prazo pode resultar em graves consequências para a indústria têxtil e de confecção brasileira, com potenciais perdas de empregos, fechamento de empresas e aumento da dependência externa, a despeito do fato de o setor estar crescendo este ano e gerando empregos. É fundamental que governo, setor privado e sociedade civil unam esforços para fortalecer esse importante segmento da economia nacional, que se situa entre os cinco maiores do mundo, com R$ 200 bilhões de faturamento e 1,3 milhão de empregos, garantindo sua competitividade e sustentabilidade no longo prazo. Apenas com uma abordagem coordenada e proativa será possível superar os desafios atuais e posicionar o setor de maneira mais dinâmica e eficaz no contexto global.

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Fernando Valente Pimentel é diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

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