Problema de oxigênio no Amazonas está equacionado, diz Pazuello

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, declarou em entrevista coletiva hoje (18) que o problema de abastecimento no estado do Amazonas está “equalizado”. Ele e o governador do estado, Wilson Lima, falaram sobre o plano de ações para enfrentar o colapso no sistema de saúde local, especialmente na capital Manaus.
O plano foi elaborado em resposta a uma determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandovski na sexta-feira (15). A partir de um pedido do PC do B e do PT, o magistrado estabeleceu que o governo federal teria até 48h para apresentar o plano e fornecer oxigênio e insumos ao estado.
Pazuello informou que o plano foi submetido ao STF ontem (17) e que será disponibilizado na página do Ministério da Saúde. Apesar de afirmar que o abastecimento de oxigênio estaria normalizado, o titular do Ministério admitiu a situação grave do estado. “Toda a logística está impactada, não é só oxigênio. Equipes de saúde estão no seu limite. Hospitais estão no seu limite. Médicos estão no seu limite”, destacou.
O governador do Amazonas reforçou que o abastecimento de oxigênio foi “equilibrado”, mas acrescentou que o cenário pode piorar. Isso porque o mês de fevereiro é tradicionalmente quando há mais casos de síndromes gripais graves, tendo um clima e ambiente propícios para a disseminação de vírus gripais.
“Temos preocupação para o mês de fevereiro. Ele historicamente é onde há maior quantidade de casos de SRAG [Síndrome Respiratória Aguda Grave]. Estamos nos preparando para a situação. Estamos trabalhando para ampliação de leitos. Uma enfermaria foi montada no estacionamento do hospital Delphina Aziz. Ainda temos fila significativa de pessoas que esperam atendimento”, contou Lima.
Crise
Tanto Lima quanto Pazuello buscaram explicar como a situação saiu do controle e as ações adotadas. Segundo o governador, no auge do primeiro pico da pandemia, entre abril e maio, o consumo de oxigênio chegou ao máximo de 30 mil metros cúbicos (m3). Já neste novo pico, entre dezembro e janeiro, o consumo médio saiu de 15 mil m³ para 75 mil m³.
Lima colocou que houve ampliação dos leitos na cidade, com 700 unidades criadas nos últimos dois meses. Agora, para além de Manaus está havendo uma preocupação com o interior, onde o sistema de saúde é menos estruturado.
O ministro da Saúde disse que a equipe da pasta tomou conhecimento do desabastecimento no dia 8 de janeiro. Ele negou a informação publicada na imprensa de que um ofício da Advocacia-Geral da União (AGU) ao STF revelaria que o órgão já tinha ciência da situação antes.
“Quando chegamos [a Manaus] no dia 4 [de janeiro] o problema era estrutura de leito. Não havia a menor indicação de falta de oxigênio. A quantidade de oxigênio que a White Martins fabrica por dias é de 28 mil m³ e o consumo era de 17 mil m³. A White Martins tinha flexibilidade de trazer quase o dobro. A elevação foi muito rápida. Tomamos conhecimento de que a White Martins chegou no limite quando ela nos informou”, comentou.
Pazuello elencou as medidas adotadas pelo governo. Até o momento foram removidos 90 pacientes para hospitais federais. Foram levadas “toneladas de equipamentos e insumos” ao estado e transportados “centenas de cilindros” em aviões cargueiros civis e militares. Um navio cargueiro da Marinha está em deslocamento para Manaus com 40 mil m³ de oxigênio.
Ele destacou os leitos habilitados (quando o ministério passa a custear parte das despesas), mas não detalhou o número. Um hospital de campanha militar foi deslocado para Manaus. Sobre o apoio com pessoal, o titular do Ministério da Saúde relatou ter selecionado e capacitado oito mil profissionais de saúde, tendo 300 já sido contratados.
O governo brasileiro está em diálogo com o governo dos Estados Unidos para conseguir o apoio de um avião que auxilie no transporte dos cilindros. Mas, conforme o ministro, ainda não há data para que a aeronave comece a operar.
Outras cidades
Pazuello alertou que a crise em curso no Amazonas pode se replicar em outras cidades e estados. Ele destacou o período chuvoso no Norte e em parte do Nordeste neste início do ano como propício para a disseminação do vírus, enquanto no restante do país os períodos mais perigosos podem ser no inverno. Além disso, chamou a atenção para o fato de que a variante do novo coronavírus encontrada na capital amazonense já está em circulação em outros locais do país.
“Isso sim pode se replicar para outras cidades e pode se replicar quando chegarmos mais perto do inverno na região centro-sul. Vamos combater isso com vacina. É por isso que estamos tão ávidos por receber as vacinas, distribuí-las e imunizar a população. Esta é a grande ação efetiva para segurar a pandemia. E manter as estruturas que foram criadas, os leitos que foram criados para a covid-19 ativos nas regiões que poderão sofrer o impacto”, sublinhou.
Edição: Aline Leal


SAÚDE
“Considero o Conselho a maior barreira para o negacionismo nesse país”, afirma Padilha durante reunião do CNS

Nesta quinta (13), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, marcou presença na 364ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS), na sede do Ministério da Saúde, em Brasília. A agenda recordou os cinco anos da pandemia de Covid-19, além de abordar a participação social na garantia da equidade dos direitos das mulheres e as ações do Programa Brasil Saudável. O atendimento da população em situação de rua na atenção primária também foi uma das pautas.
Esta foi a primeira participação de Padilha em uma reunião do Conselho, desde que reassumiu a pasta na última segunda (10). Durante a plenária, ele falou das suas expectativas para os próximos dois anos e agradeceu o trabalho do CNS na luta pela defesa do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Alguns sentimentos me movem ao voltar para o Ministério da Saúde e um deles é consolidar a pasta com gestores municipais e estaduais. Como um espaço de controle social, o Conselho Nacional de Saúde é a maior barreira para o negacionismo nesse país e isso nos impulsiona para ser uma referência mundial”, declarou o ministro.
A presidente do CNS, Fernanda Magano, agradeceu a presença de Padilha na reunião. “É muito importante esse diálogo e os compromissos aqui estabelecidos na defesa do nosso Sistema Único de Saúde. Esperamos que essa reconstrução seja muito proveitosa para as entregas necessárias pela democracia e garantia da vida no nosso país”, declarou.
- 364ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS), na sede do Ministério da Saúde, em Brasília (Foto: Taysa Barros/MS)
Para o representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), José Ramix, é urgente a participação e valorização da diversidade na saúde: “Precisamos estimular estratégias que fortaleçam o controle social e a gestão participativa, além de reconhecer o protagonismo dos territórios e das diversas populações dos municípios brasileiros”, observou.
Durante sua fala, o ministro reforçou o pedido de Ramix e destacou, mais uma vez, a urgência da entrega e a obsessão pela redução no tempo de espera pelos atendimentos especializados. “Só vamos conseguir fazer isso acontecer com uma atenção primária fortalecida, valorizada e equilibrada, além de reorganizar as redes de média e alta complexidade”, pontuou.
Ana Freire
Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde
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