Procel economiza 22,7 bilhões de quilowatts-hora em 2021

O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) respondeu pela economia de cerca de 22,73 bilhões de quilowatts-hora (kWh) de energia elétrica em 2021, o que corresponde a 4,54% do consumo total de eletricidade no Brasil.
Esse volume é suficiente para atender 11,49 milhões de residências durante um ano. A redução do consumo de energia elétrica é equivalente à energia gerada por uma usina hidrelétrica com capacidade de 5.451 MW, revela o Relatório de Resultados 2022 – ano-base 2021 do Procel, divulgado hoje (20).
O documento indica que essa economia significa quase metade da produção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, ou 2,5 vezes a produção das usinas nucleares Angra 1 e 2 juntas, situadas na Costa Verde do estado do Rio de Janeiro.
As ações desenvolvidas pelo Procel, no ano passado, contribuíram também para que o Brasil evitasse a emissão de 2,87 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2e) na atmosfera, o que equivale às emissões geradas por 987 mil veículos em um ano.
Com investimento de pouco mais de R$ 300 milhões, os resultados alcançados pelo Procel em 2021 foram considerados “altamente satisfatórios”, tendo em vista o cenário do país no ano passado, com onda de casos de covid-19 no primeiro trimestre e a maior crise hídrica energética em 91 anos.
A estimativa é que as ações fomentadas pelo programa contribuíram para reduzir a demanda em 7.508 megawatts (MW). O custo anual evitado, em função dos resultados energéticos proporcionados pelas ações do Procel no ano, atingiu em torno de R$ 4,261 bilhões.
Fomento
O gerente do Programa Nacional de Conservação de Energia, Marcel da Costa Siqueira, comentou que, diante do cenário de insegurança energética, os resultados obtidos mostraram que o programa exerceu o seu papel de fomentar políticas públicas de Estado ao destinar a aplicação de recursos públicos para projetos que possam dar retorno imediato para a sociedade. Segundo ele, são mais de 150 projetos que se encontram em andamento de forma simultânea.
Siqueira lembrou ainda outro ponto importante que “é o efeito multiplicador do programa que os números não mostram, já que as metodologias e os profissionais capacitados pelo programa servem ao mercado em geral, independentemente dos investimentos diretos do Procel”.
O relatório registra também o valor empenhado em 2021, de R$ 306,6 milhões, para o desenvolvimento de novos projetos para os próximos anos. Esses recursos são provenientes da Lei nº 13.280/2016 (Lei do Procel), que determina um orçamento próprio e permanente para que o programa possa realizar investimentos em projetos de eficiência energética. Graças à lei, a Eletrobras, que é a entidade jurídica executora do Procel, não precisa investir recursos próprios nos projetos do programa, e é ressarcida posteriormente pelos custos administrativos e de pessoal cedido para os trabalhos do Procel.
Desde a sua fundação, em 1985, o Procel contabiliza investimentos em eficiência energética da ordem de R$ 3,89 bilhões em recursos próprios da Eletrobras, da Reserva Global de Reversão (RGR), de outros investimentos de fundos internacionais e, desde 2016, com recursos da Lei 13.280. A economia de energia proporcionada nesses 36 anos alcançou 217,9 bilhões de kWh.
Projetos inovadores
Um dos destaques do Procel em 2021 foi a alocação de recursos em projetos inovadores, como o Programa Lab Procel, integrante do 2º Plano de Aplicação de Recursos do Procel (PAR-Procel 2018/2019), cujo objetivo é acelerar soluções de eficiência energética. Em 30 meses de atividades, com foco em startups (empresas emergentes) e micro e pequenas empresas, o Lab Procel foi executado por meio de convênio entre a Eletrobras e a Firjan/Senai, com recursos no montante de R$ 16,670 milhões para a aceleração e pré-aceleração tecnológica e de negócios das soluções inovadoras. Desse total, o Procel participou com R$15 milhões.
Para o engenheiro da Eletrobras, Thales Terrola e Lopes, integrante da equipe de coordenação do Lab Procel, “os resultados alcançados pelo Programa Lab Procel mostram a assertividade desse projeto, que traz como principal resultado a oferta ao mercado nacional de soluções em eficiência energética dotadas de elevado grau tecnológico e capazes de trazer benefícios energéticos aos seus usuários”. Terrola e Lopes observou ainda que as empresas participantes estão agora mais preparadas para enfrentar os desafios do mercado.
Outra iniciativa inovadora implementada pelo Procel é o projeto de desenvolvimento do Centro de Excelência em Eficiência Energética na Indústria. Pioneiro na América Latina, o projeto é um desdobramento das atividades do Programa Aliança, parceria do Procel com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e entidades do setor, para levar ações de eficiência energética para indústrias energointensivas. Com a conclusão do primeiro ciclo do Programa Aliança, no qual participaram 12 plantas industriais, foi alcançada uma economia de energia em cerca de 175 bilhões de kWh.
Novos projetos
O Relatório Procel 2022 – ano base 2021 apresenta, no capítulo ‘O que vem por aí’, algumas atividades iniciadas no ano passado e que serão concluídas nos próximos anos. Um dos projetos com maior expectativa é o “Smart Selo Procel – Aplicações em Plataforma Blockchain para Certificação de Eficiência Energética”. Aprovado no PAR Procel (2020/2021), o projeto inova ao prever o estabelecimento de aplicações e funcionalidades, em uma plataforma blockchain, para suporte ao processo de certificação de eficiência energética e reposicionamento tecnológico do Selo Procel.
Outro projeto aguardado com expectativa é a Pesquisa de Posses e Hábitos de Uso de Equipamentos Elétricos na Classe Comercial e de Serviços (PPH Comercial). A PPH Comercial é inédita no Brasil e constitui a primeira pesquisa do Procel dedicada a identificar os hábitos de consumo de energia elétrica nas classes comercial e de serviços. Com previsão de ser concluída no segundo semestre de 2023, a PPH Comercial será realizada de forma presencial em todas as 26 capitais estaduais do Brasil, além de Brasília.
No segmento de edificações, destaque para o Projeto Esplanada Solar, cujo objetivo é a instalação de usinas solares fotovoltaicas nos edifícios da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Serão investidos R$ 31 milhões na construção dessas usinas. Os ministérios beneficiados se comprometerão a implementar medidas de eficiência energética de baixo e médio custos, além de um Sistema de Gestão de Energia.
Edição: Lílian Beraldo


ECONOMIA
CRV Industrial aposta na meiose para otimizar o cultivo da cana e reduzir custos
Técnica amplia a produção, melhora a qualidade das mudas e favorece a sustentabilidade no campo

A CRV Industrial, usina bioenergética localizada em Carmo do Rio Verde, está investindo no plantio por Meiose como uma estratégia para otimizar o cultivo da cana-de-açúcar. Esse método permite que parte da área seja plantada inicialmente para gerar mudas destinadas ao restante da lavoura, possibilitando o uso temporário da terra com outras culturas ou o pousio.
De acordo com o superintendente agrícola, Carlos Jordão, a técnica visa otimizar o plantio, reduzir custos e preservar a área de moagem. Como teste inicial, a empresa implantou 100 hectares com Meiose, que se transformarão em 900 hectares para atender à área planejada. Esse sistema também já está sendo utilizado na unidade da empresa em Minas Gerais.
Jordão destaca que as principais vantagens desse método incluem a redução de operações agrícolas, a diminuição de custos, maior flexibilidade na janela de plantio, viabilidade do plantio em períodos chuvosos, interrupção do ciclo de pragas, melhor qualidade das mudas, maior rendimento no corte e preservação da cana destinada à moagem. “Entretanto, desafios como a necessidade de mão de obra especializada e o manejo dos tratos culturais da linha-mãe ainda são pontos de atenção”, ressalta.
Na CRV Industrial, o manejo da Meiose está sendo realizado com MPB (Mudas Pré-Brotadas), o que otimiza o processo e permite melhor aproveitamento da janela de plantio. A maior parte das mudas está sendo utilizada em plantios de um ano e meio, sendo metade mecanizada e metade por Meiose. Esse modelo contribui para a redução da área de mudas cortadas, pois uma única linha pode se desdobrar em oito a dez linhas.
A linha de Meiose exige um investimento maior devido à irrigação, com custo médio de R$ 17 mil por hectare. No entanto, a quebra da Meiose gera economias significativas em transporte e outros custos operacionais. “Quando se divide o custo total, o valor final fica em torno de R$ 11 mil por hectare. A ideia é expandir a técnica para uma área entre 2.500 e 3.000 hectares, economizando hectares de mudas e mantendo um custo competitivo em relação ao plantio mecanizado”, explica Carlos Jordão.
A CRV Industrial aposta nessa estratégia para aumentar a eficiência e a sustentabilidade na produção de cana-de-açúcar. Além da redução de custos, a possibilidade de plantar outras culturas entre as linhas da Meiose permite um melhor aproveitamento da terra e contribui para a melhoria do solo. O projeto reforça o compromisso da empresa com a inovação e a busca por soluções sustentáveis para o setor sucroenergético.
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