Projeto preserva cultura da pesca artesanal de mexilhões em Niterói
Os primeiros resultados práticos do projeto Futuro Próspero da Produção de Mexilhões: da Tradição ao Dinamismo em Niterói, na região metropolitana do Rio, devem ser apresentados em três meses. Desenvolvido pela Universidade Federal Fluminense (UFF), o projeto visa preservar o conhecimento e a cultura dessa atividade. A iniciativa é do Programa de Desenvolvimento de Projetos Aplicados, parceria da universidade com a prefeitura do município, com o apoio da Fundação Euclides da Cunha.
Criado pela doutora em ciências biológicas e professora da UFF Eliana Mesquita, o projeto deveria ter sido iniciado no fim de 2019. Com a pandemia da covid-19, pesquisadores não tiveram acesso às comunidades de pescadores e enfrentaram outro problema – o fechamento dos laboratórios da universidade, principalmente de microbiologia e físico-químico.
Entre as prioridades do programa, destaca-se o monitoramento da qualidade higiênico-sanitária dos mexilhões produzidos em Niterói, já que um dos entraves para a pesca artesanal é a poluição na Baía de Guanabara.
Os mariscos bivalves (com duas conchas) são animais filtradores do meio ambiente. É preciso que passem por processo de depuração, para que possam ser comercializados e, consequentemente, consumidos, inclusive in natura. Os pesquisadores estão montando depurador simples, com preço acessível às comunidades, e fazendo levantamento da qualidade atual da água e dos mexilhões, para exame posterior.
Agregar valor
A divulgação de informações sobre empreendedorismo para marisqueiros, atividade tradicional do município, e a criação de unidade de beneficiamento de moluscos, para melhoria das condições de trabalho e segurança do alimento, são metas do projeto. “A gente pretende dar a eles condições sanitárias muito melhores e agregar valor aos mariscos, com novos produtos”. Eliana citou a produção de marinados e de sopas liofilizadas. O processo de liofilização consiste em tecnologia de secagem, baseada na remoção da água por meio da sublimação da água presente no alimento.
Segundo a professora, a parte de microbiologia é o foco maior para os pesquisadores “porque vai dizer se o molusco está bom para consumo”. Será feito também o mapeamento das comunidades de pescadores de mexilhões, com localização, “planejamento de atividades, de modo que possam se orientar, se organizar e entender o que é o projeto”. Eliana Mesquita lembrou que a pandemia obrigou muitos pescadores artesanais a procurarem outros meios de subsistência. Eles passaram a atuar como frentistas de postos de gasolina, motoristas de carros de aplicativo, ambulantes e, inclusive, em lixões.
O trabalho se concentra em três localidades onde, até hoje, muitos marisqueiros vivem da pesca artesanal, entre elas Jurujuba, Boa Viagem e Centro. O projeto quer preservar esse saber, passado de geração a geração, que constitui marca da cultura niteroiense, contribuindo para a construção de pólo gastronômico próprio da região, com alimentos de alto valor nutricional, e que funcione como atrativo para turistas, a exemplo do que ocorre com o pintado nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país.
O projeto tem colaboração da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro RJ) e da Fundação Instituto de Pesca (Fiperj), informou Eliana.
Emprego e renda
O reitor da UFF, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, afirmou que a pesca artesanal contribui de forma direta para geração de emprego e renda, ação fundamental no momento em que as pessoas estão passando por grandes dificuldades.
Eliana Mesquita destacou que o conhecimento transmitido de geração em geração é de extrema importância para o presente e o futuro da produção de moluscos bivalves, de forma sustentável e rentável para essas populações, ajudando a combater o desemprego, principalmente entre as mulheres, que mais trabalham na área. Outra ideia é identificar o que se pode fazer com os resíduos sólidos dos mariscos, como as conchas dos mexilhões, para aproveitamento no artesanato e como fertilizante.
O projeto pode ajudar também na criação de melhores condições para prática de maricultura mais racional, concentrando a atividade em áreas limpas, não contaminadas, e seguindo exigências da vigilância sanitária. “É fundamental mostrarmos que isso fará com que o produto tenha valor muito maior de mercado”. Além de levar conhecimento científico para o dia a dia dos pescadores, o projeto contribui para criação de políticas públicas e boa qualidade de vida da população local.
Edição: Graça Adjuto
ECONOMIA
Vereadores de SP aprovam 1ª votação da privatização da Sabesp
A Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou nesta quarta-feira (17), em primeira votação, o projeto de lei que possibilita a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), responsável pelo abastecimento de água. Foram 36 votos favoráveis e 18 contrários.
O Projeto de Lei 163 de 2024 altera a legislação municipal e autoriza a capital paulista a aderir à privatização e manter os contratos com a companhia, uma vez sob comando da iniciativa privada. Ainda não há data prevista para a segunda votação, que será definitiva.
Entre os defensores do projeto, o vereador Sidney Cruz (MDB) argumentou que, com a transferência da empresa para a iniciativa privada, a universalização do saneamento básico deverá ocorrer até 2029 e beneficiar milhares de pessoas.
“Essas famílias que vivem em volta da represa Billings e da represa Guarapiranga, essas famílias sem água potável, não dá. E eu tenho certeza que todos que estão aqui sabem que é verdade o que eu estou falando”, disse.
Já a vereadora do PT, Luna Zarattini, criticou a privatização da companhia e citou como exemplo a transferência à iniciativa privada da administração da Companhia de Águas do Rio de Janeiro. “A privatização não vai melhorar os serviços e tampouco vai diminuir as tarifas. Muito pelo contrário, depois de privatizada, aumentou o número de reclamações sobre a Águas do Rio e diminuiu o tratamento de esgoto”, afirmou, acrescentando que o projeto não é claro se as tarifas de água serão mais baratas com a medida.
Na esfera estadual, o projeto de lei da privatização da Sabesp já foi aprovado pelos deputados da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), em dezembro de 2023. No mesmo mês, foi sancionado pelo governador Tarcísio de Freitas.
Atualmente, metade das ações da Sabesp está sob controle privado, sendo que parte é negociada na bolsa de valores B3 e outra parte na Bolsa de Valores de Nova Iorque, nos Estados Unidos. O governo de São Paulo é o acionista majoritário, com 50,3% do controle da empresa. O projeto, já aprovado na Alesp, prevê a venda da maior parte dessas ações, com o governo mantendo poder de veto em algumas decisões.
Em 2022, a empresa registrou lucro de R$ 3,1 bilhões e seu valor de mercado chegou a R$ 39,1 bilhões. Atualmente, a companhia atende 375 municípios e tem 28 milhões de clientes.
Fonte: EBC Economia
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