SP: estudo aponta incidência maior de covid-19 entre professores

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Levantamento realizado por pesquisadores da Rede Escola Pública e Universidade (Repu) indicou que a incidência de covid-19 entre professores das escolas estaduais de São Paulo no início deste ano foi maior do que a registrada na população em geral.

Os resultados mostraram que a incidência da doença entre os professores foi quase o triplo (2,92 vezes) da registrada na população de 25 a 59 anos do estado de São Paulo, que foi utilizada como base de comparação. Isso significa que os professores foram 192% mais infectados que a população em geral, naquela faixa etária.

Foram acompanhadas 554 escolas da rede estadual paulista e selecionadas para análise 299 que forneceram os dados sobre casos de covid-19 entre professores no período de 7 de fevereiro a 6 de março – correspondente a quatro semanas epidemiológicas. O levantamento constatou ainda que, no período analisado, o crescimento da incidência de covid-19 entre os professores nas escolas monitoradas foi de 138%, ante 81% do registrado na população comparada.

Os dados constam em nota técnica elaborada pelos professores Ana Paula Corti e Leonardo Crochik, do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Débora Cristina Goulart, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e Fernando Cássio e Salomão Ximenes, ambos da Universidade Federal do ABC (UFABC).

A Repu foi criada por um grupo de professores e pesquisadores de universidades públicas e do Instituto Federal do estado de São Paulo (Unicamp, UFSCar, UFABC, USP, Unifesp e IFSP) em fevereiro de 2016, motivados pelos acontecimentos envolvendo a proposta de reorganização da rede escolar estadual em 2015 e pelo movimento secundarista de ocupação das escolas.

De acordo com a rede, houve pedido ao governo estadual dos dados oficiais de infecção especificamente em professores e funcionários, inclusive via Lei de Acesso à Informação, mas o pedido não foi respondido. Com isso, o grupo utilizou dados coletados pelos docentes das subsedes da Apeoesp – sindicato dos professores da rede estadual – com a finalidade de acompanhar o quadro da pandemia nas escolas do estado após a retornos às atividades presenciais em 8 de fevereiro.

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Diante dos resultados, o grupo de pesquisadores concluiu, no documento, que “a retomada das atividades escolares presenciais não pode ser considerada segura nas escolas da rede estadual, ao contrário do que anuncia o governo de São Paulo”. A nota aponta ainda que houve “problemas metodológicos e conclusões infundadas” nas informações sobre a infecção nas escolas divulgadas pela Secretaria da Educação do estado no boletim epidemiológico.

Governo

Na semana passada, a secretaria divulgou boletim epidemiológico sobre as infecções por covid-19 na comunidade escolar como um todo – professores, funcionários e estudantes – entre 3 de janeiro e 6 de março (correspondente a nove semanas epidemiológicas) e concluiu que a incidência do vírus nas escolas, incluindo públicas e particulares, foi menor do que fora delas. Tanto a Repu como o governo, calcularam o coeficiente de incidência da doença por 100 mil habitantes.

“No período acumulado, desde a primeira até a nona semana epidemiológica, a taxa de incidência notificada pelas escolas públicas e privadas foi 33 vezes menor do que a do estado. Tal fato está em consonância com as evidências científicas que apontam que os números de contaminação relativos àqueles que frequentam o ambiente escolar são sempre inferiores aos da transmissão comunitária”, divulgou a secretaria no boletim. Os pesquisadores do Repu contestam não apenas esse resultado mas outras declarações do boletim.

Uma das críticas diz respeito à secretaria calcular a incidência de infectados com base no número total de matrículas nas escolas públicas e privadas, sendo que a população exposta – aquela que realmente frequentou as escolas – é substancialmente menor, o que torna os coeficientes de incidência divulgados no boletim “claramente subestimados”, conforme avalia a Repu.

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Em relação ao número 33 vezes menor de infecções na comunidade escolar, a nota técnica pontua que “se isso fosse verdade, concluiríamos que é a ida à escola – e não o isolamento doméstico – a forma mais segura de nos protegermos da covid-19”.

Além disso, a decisão de calcular uma única taxa de incidência para estudantes, professores e funcionários dilui os números das infecções dos servidores em meio ao de crianças e adolescentes, sendo estes menos propensos a desenvolver formas sintomáticas ou graves de covid-19, além de constituírem grande maioria (92,6%) da população escolar.

A Secretaria da Educação do estado (Secduc) informou, em nota, que investe na segurança dos professores na volta às aulas e, por isso, já foram vacinados mais de 209.036 profissionais da área desde sábado (10). A pasta confirmou que o cálculo da incidência de casos de covid-19 considera o número de casos positivos de estudantes e profissionais, dentre eles os professores.

“Não foi realizado um recorte específico para o público docente porque o monitoramento realizado pela Seduc, por meio do Simed [Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para Covid-19], se dá sobre toda a comunidade escolar. O uso de dados gerais foi o número confiável a ser utilizado diante das incertezas, como metodologia possível”, informou a secretaria.

Segundo o governo do estado, um novo boletim epidemiológico será divulgado em breve sobre o acompanhamento dos casos da covid-19 em ambientes escolares. “Em cumprimento às orientações do Plano SP, o retorno às aulas se dá de forma gradual e reduzida, de acordo com a fase em que o estado se encontra, o que é definido pelas áreas de saúde competentes”, acrescentou a nota.

Edição: Aline Leal

Fonte: EBC Saúde

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SAÚDE

“Considero o Conselho a maior barreira para o negacionismo nesse país”, afirma Padilha durante reunião do CNS

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Nesta quinta (13), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, marcou presença na 364ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS), na sede do Ministério da Saúde, em Brasília. A agenda recordou os cinco anos da pandemia de Covid-19, além de abordar a participação social na garantia da equidade dos direitos das mulheres e as ações do Programa Brasil Saudável. O atendimento da população em situação de rua na atenção primária também foi uma das pautas.

Esta foi a primeira participação de Padilha em uma reunião do Conselho, desde que reassumiu a pasta na última segunda (10). Durante a plenária, ele falou das suas expectativas para os próximos dois anos e agradeceu o trabalho do CNS na luta pela defesa do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Alguns sentimentos me movem ao voltar para o Ministério da Saúde e um deles é consolidar a pasta com gestores municipais e estaduais. Como um espaço de controle social, o Conselho Nacional de Saúde é a maior barreira para o negacionismo nesse país e isso nos impulsiona para ser uma referência mundial”, declarou o ministro.

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A presidente do CNS, Fernanda Magano, agradeceu a presença de Padilha na reunião. “É muito importante esse diálogo e os compromissos aqui estabelecidos na defesa do nosso Sistema Único de Saúde. Esperamos que essa reconstrução seja muito proveitosa para as entregas necessárias pela democracia e garantia da vida no nosso país”, declarou.

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364ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS), na sede do Ministério da Saúde, em Brasília (Foto: Taysa Barros/MS)

Para o representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), José Ramix, é urgente a participação e valorização da diversidade na saúde: “Precisamos estimular estratégias que fortaleçam o controle social e a gestão participativa, além de reconhecer o protagonismo dos territórios e das diversas populações dos municípios brasileiros”, observou.

Durante sua fala, o ministro reforçou o pedido de Ramix e destacou, mais uma vez, a urgência da entrega e a obsessão pela redução no tempo de espera pelos atendimentos especializados. “Só vamos conseguir fazer isso acontecer com uma atenção primária fortalecida, valorizada e equilibrada, além de reorganizar as redes de média e alta complexidade”, pontuou.

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Ana Freire
Ministério da Saúde

Fonte: Ministério da Saúde

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