Vacinação contra a gripe para população-alvo começa dia 19 no Rio
O início da campanha de vacinação contra a gripe para a população em geral foi adiado para a próxima segunda-feira (19), no estado do Rio de Janeiro. Nesta semana, a imunização contra a influenza é restrita aos trabalhadores da saúde que atuam na urgência e emergência dos hospitais. A decisão da Secretaria de Estado de Saúde (SES) atende pedido dos municípios uma vez que a campanha se dará ao mesmo tempo da aplicação das doses das vacinas contra a covid-19 e, ainda, porque os municípios queriam imunizar primeiro toda a força de trabalho da saúde que está à frente do combate à doença.
A campanha da vacinação contra a gripe seguirá até julho em três etapas e a expectativa é imunizar 6,8 milhões de pessoas, o que corresponde a 90% dos grupos prioritários, entre outros, crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias) e povos indígenas, que começam a ser imunizados na segunda-feira que vem. Pelos números da SES, nesse grupo que vai receber a vacina até maio, estão 1 milhão 933 mil 898 pessoas.
Na segunda fase serão vacinados idosos com 60 anos ou mais e professores, com um total previsto de 3 milhões 186 mil e 89 pessoas. A última fase para um público-alvo estimado em 1 milhão 730 mil e 698 pessoas estão as que têm comorbidades, as com deficiência permanente, caminhoneiros, trabalhadores de transporte coletivo rodoviário passageiros urbano e de longo curso, Trabalhadores Portuários, Forças de Segurança e Salvamento, integrantes das Forças Armadas, funcionários do sistema de privação de liberdade, população privada de liberdade e adolescentes e jovens em medidas socioeducativas.
Distribuição
A previsão é que a SES completa hoje (13) a entrega de 555.600 doses de vacina contra influenza aos 92 municípios do estado, mas desde cedo está enfrentando dificuldades com o clima chuvoso e de nebulosidade no Rio. De acordo com a secretaria, as cidades do Rio, de Niterói, São Gonçalo e Maricá, na região metropolitana, retiraram ontem suas doses em caminhões e vans, diretamente na Coordenação Geral de Armazenagem (CGA) da SES, em Niterói. Para os outros 88 municípios, a distribuição é realizada com o uso de seis helicópteros, sendo dois do governo do Estado, um da Secretaria de Estado de Polícia Civil, dois do Corpo de Bombeiros e um da Secretaria de Estado de Polícia Militar. Além de 264.300 doses contra a gripe, as aeronaves vão transportar 72.440 doses de vacina Oxford/AstraZeneca. Ao todo, serão distribuídas 158.250 doses da vacina contra a covid-19, incluindo os municípios que já fizeram a retirada na véspera.
O secretário de Saúde, Carlos Alberto Chaves, disse que a pasta procurou garantir que os municípios recebessem as doses no mesmo tempo. “Assim como já vínhamos fazendo com a vacina contra Covid-19, estamos realizando a entrega da vacina de influenza a todos os municípios ao mesmo tempo. Queremos que todos os cidadãos do estado tenham o mesmo tratamento”, indicou.
Influenza x Covid-19
O médico sanitarista da SES Alexandre Chieppe informou que quem já teve covid-19 pode se vacinar contra influenza, porque são duas doenças completamente diferentes. Ele alertou que as duas vacinas não devem ser aplicadas de forma simultânea e acrescentou que a prioridade é se imunizar contra o novo coronavírus.
Segundo ele, o recomendado é aguardar um período de 15 dias entre a aplicação de uma e outra vacina para as duas doenças. No caso da coronaVac, que tem um período menor entre a primeira e a segunda dose, de 28 dias, o médico afirmou que a pessoa pode esperar completar a imunização, dar o prazo de 15 dias após a segunda dose, para aí, então, procurar um posto de vacinação contra a gripe. Já para quem recebeu a primeira dose da Oxford/AstraZeneca, que tem o prazo de três meses para a segunda dose, depois de passados os 15 dias, pode se vacinar contra a influenza, sem precisar aguardar a data da dose que a vai imunizar contra a covid-19.
No momento da aplicação da dose, a pessoa deve prestar atenção e verificar qual é a vacina indicada no frasco para evitar erro na imunização. Se houver algum problema deve procurar o coordenador do posto de vacinação.
Edição: Valéria Aguiar
SAÚDE
Neuromielite óptica: doença autoimune rara tem diagnóstico complexo
Em agosto de 2017, Samara de Jesus, na época com 24 anos, acordou sentindo um desconforto da cintura para baixo. “Uma sensação de cãibra ou de formigamento”. Como tinha passado por uma cirurgia para retirada do apêndice, achou que os sintomas passariam e seguiu para o trabalho. Em meio a uma crise de estresse, o quadro se agravou. “Caí dura no chão. Não conseguia me movimentar. Perdi o movimento das pernas por alguns segundos”.
O diagnóstico veio algum tempo depois: neuromielite óptica, doença rara que afeta o sistema nervoso central, especificamente o nervo óptico e a medula espinhal. O quadro é caracterizado por fraqueza muscular, fadiga e dor e pode deixar sequelas como cegueira e incapacidade de andar. “Falaram que poderia ser lúpus, esclerose múltipla e outras doenças autoimunes”, lembrou Samara. Em meio ao tratamento, a jovem descobriu ainda uma gestação.
“Tive que ficar afastada porque, depois de seis meses, tive um surto da doença, ainda gestante. Fiquei quase 20 dias internada, perdi o movimento das pernas, perdi o controle da bexiga e do intestino. Fiquei usando sonda enquanto estava gestante. Foi bem mais difícil para desinflamar a coluna e ter melhora no quadro”, contou. Ao todo, foram quatro surtos até iniciar a medicação correta. Hoje, Samara recuperou o movimento das pernas, mas a fraqueza muscular persiste.
“Fiquei com essa sequela. O movimento não retornou por completo por conta dessa fraqueza. Depois do último surto, tenho mais cuidado para andar muito. Minha perna cansa, começa a puxar. Ando com mais dificuldade, mas não ando com auxílio”. Atualmente, não há protocolo clínico ou diretrizes terapêuticas específicas para a neuromielite óptica no Sistema Único de Saúde (SUS), o que pode dificultar não apenas o diagnóstico e o acesso ao tratamento.
No Dia de Conscientização sobre a Neuromielite Óptica, lembrado nesta quarta-feira (27), o prédio do Congresso Nacional, em Brasília, recebe iluminação verde, que será mantida até o próximo domingo (31). O objetivo é chamar a atenção para a conscientização sobre a doença.
No Brasil, até o momento, a única alternativa terapêutica aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a neuromielite óptica é o inebilizumabe, um anticorpo monoclonal aprovado para a redução de risco de surtos e diminuição da incapacidade em adultos diagnosticados. Para que ocorra a oferta desse medicamento no SUS, é necessária a demanda para análise pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).
Sintomas
Em entrevista à Agência Brasil, o neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Herval Ribeiro Soares Neto, explicou que a doença, ainda pouco conhecida, atinge principalmente mulheres afrodescendentes e asiáticas entre os 30 e 40 anos.
“Nessa doença, o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente e danifica as células saudáveis do sistema nervoso central, o que pode levar à inflamação e à desmielinização, um processo onde a camada protetora dos nervos, chamada mielina, é danificada.”
Especialista nas chamadas doenças desmielinizantes, ele lembra que é importante procurar ajuda médica imediatamente caso o paciente experimente sintomas como perda de visão ou fraqueza súbita, já que o diagnóstico precoce e o tratamento em tempo oportuno são cruciais para evitar danos permanentes.
“O diagnóstico de neuromielite óptica pode ser desafiador, principalmente porque os sintomas são semelhantes aos de outras doenças autoimunes e desordens do sistema nervoso central, como a esclerose múltipla. O diagnóstico geralmente envolve uma combinação de exames de sangue para detectar anticorpos específicos, como anti-aquaporina 4, ressonância magnética para visualizar lesões no nervo óptico e na medula espinhal e, às vezes, uma punção lombar.”
“Não há cura para a neuromielite óptica, mas hoje existem cuidados e tratamentos que podem ajudar a gerenciar os sintomas e reduzir a frequência dos surtos. O tratamento multidisciplinar, como a fisioterapia, pode ajudar a melhorar a função e a mobilidade.”
O manejo da neuromielite óptica, segundo o médico, exige uma abordagem multidisciplinar e acompanhamento contínuo por uma equipe de saúde especializada, incluindo neurologistas, oftalmologistas e fisioterapeutas, para adaptar os tratamentos às necessidades individuais do paciente e monitorar a progressão da doença.
Tratamento
De acordo com o Ministério da Saúde, a neuromielite óptica chegou a ser considerada, por muito tempo, como uma variável da esclerose múltipla. Os principais sinais e sintomas incluem inflamação do nervo óptico, déficits motores e sensoriais, episódio de soluços inexplicáveis ou náuseas e vômitos. Até o momento, não há um esquema de tratamento estabelecido para a doença nem mesmo em protocolos internacionais.
“Embora vários medicamentos sejam considerados eficazes, não há algoritmos de tratamento ou esquemas terapêuticos amplamente aceitos e suportados por altos níveis de evidência. Diferentes alternativas terapêuticas foram recentemente aprovadas para o tratamento no mundo, incluindo o rituximabe, o tocilizumabe, o eculizumabe e o inebilizumabe”, destacou a Conitec.
Fonte: EBC SAÚDE
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