Vacinação de crianças indígenas leva esperança a aldeia em São Paulo
A indígena Bianca Para Poty, de 9 anos, recebeu a primeira dose da vacina pediátrica contra covid-19 nesta terça-feira (18) na Unidade Básica de Saúde (UBS) Aldeia Jaraguá Kwaray Djekupe, que fica na aldeia de etnia Guarani localizada no Pico do Jaraguá, região noroeste da cidade de São Paulo. Segundo a prefeitura de São Paulo, vivem na aldeia 616 indígenas.
A mãe de Bianca, Jacqueline de Castro, disse que está feliz com a vacinação da filha. “A gente, como mãe, se preocupa muito com a saúde dos filhos. Vacinei a minha filha para o bem dela, me preocupa muito a saúde dela. E a vacina é muito importante para nossos filhos, fiquei muito feliz por ter vacinado minha filha. É uma proteção para [a doença] não atingir minha filha.”
Bianca e outras crianças indígenas da aldeia estão entre os grupos prioritários para receber a dose pediátrica da vacina da Pfizer contra covid-19.
O infectologista pediátrico e presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo, Eitan Berezin, explicou que crianças indígenas têm prioridade na vacinação por serem mais vulneráveis. “Estudos mostram que as crianças indígenas tiveram cerca de duas vezes mais chances de morte relacionadas à covid-19 que as não indígenas. Então, as crianças indígenas acabam sendo mais suscetíveis que a população não indígena. Isso faz com que elas se tornem prioritárias, assim como as quilombolas, que também são prioritárias por serem mais suscetíveis e com maior tendência à pobreza”, disse o médico.
Berezin lembrou a importância de vacinar todas as crianças contra a covid-19. “Apesar de o número de casos descritos de covid-19 na infância ser menor que na idade adulta, ainda assim a doença tem importância, faz com que haja perda de dias de escola, e há problemas de contaminação, já que a criança pode ser um veículo e contaminar professores e familiares. Então, a vacinação da criança se torna indispensável para completar o ciclo de prevenção.”
A indígena Valéria da Silva também levou a filha para vacinar. Paola Poty de Castro da Silva, de 9 anos, tomou a primeira dose na UBS da aldeia. “É importante tomar a vacina para não pegar covid, porque essa doença, que agora está vindo com nova variante, é muito forte. Por isso, é importante tomar a vacina, é importante para ela e para mim.”
Segundo o cacique da aldeia, Sérgio Fernandes dos Santos Oliveira, são cerca de 100 crianças na faixa etária elegível para receber a vacina na Aldeia Jaraguá Kwaray Djekupe.
Leonice Reté de Quadro, mãe de Ivandro Karai de Quadro Martins, de 11 anos, que também tomou a primeira dose, disse que ficou feliz e que a vacina é importante para todo mundo, “O Ivandro tomou a vacina e meus cinco filhos, também. Todo a família tomou já, graças a Nhanderu!” Em guarani, “Nhanderu etê” significa “Deus verdadeiro”.
Em São Paulo, as crianças de 5 a 11 anos com qualquer tipo de comorbidades ou deficiência permanente, e indígenas aldeadas podem receber a primeira dose da vacina contra a covid-19 em uma das 469 UBSs e Assistências Médicas Ambulatoriais AMAs/UBSs Integradas, que funcionam das 8h às 19h.
Pais ou responsáveis têm que acompanhar as crianças no ato da vacinação e apresentar documento de identificação, carteira de vacinação e comprovante de condição de risco, em caso de comorbidade, que pode ser exame, receita, relatório ou prescrição médica, contendo o CRM do médico e com até dois anos de emissão. Os documentos podem ser físicos ou digitais.
Também são aceitos como comprovantes de deficiência laudos médicos, cartão de gratuidade no transporte público, documentos comprobatórios de atendimento em centros de reabilitação ou unidades especializadas, ou documento oficial de identidade com a indicação da deficiência.
Edição: Nádia Franco
SAÚDE
Casos de síndrome respirartória aguda grave sobem no país, diz Fiocruz
O boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado nesta quinta-feira (28) aponta que os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) aumentaram em crianças, jovens e adultos em todo o país. O quadro é decorrente do crescimento, em diversos estados, de diferentes vírus respiratórios como influenza (gripe), vírus sincicial respiratório (VSR) e rinovírus.
O boletim indica também uma tendência de queda de casos de SRAG na população a partir dos 50 anos de idade, devido à diminuição dos casos de Covid-19 nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, e também de redução dos casos na região Sul.
De acordo com o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes essa conjuntura mascara o crescimento dos casos de SRAG pelos demais vírus respiratórios nessas faixas etárias, especialmente aqueles associados ao vírus influenza A. “Esse cenário é fundamentalmente igual ao da semana passada. Manutenção de queda nas internações associadas à Covid-19 no Centro-sul, contrastando com o aumento de VSR e rinovírus em praticamente todo o país (incluindo o Centro-sul) e influenza A no Norte, Nordeste, Sudeste e Sul”, explicou.
Nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, quando se estuda o total de novas internações por SRAG, sem a análise por faixa etária, observa-se cenário de estabilidade. Gomes avalia que, na verdade, esse quadro decorre da queda na Covid-19, camuflando o aumento nas internações pelos demais vírus respiratórios.
“Se olhamos apenas para as crianças, onde principalmente o VSR e o rinovírus estão mais presentes nas internações, vemos claramente o sinal de aumento expressivo de SRAG”, explica o pesquisador. Ele também destaca a importância dos cuidados para a prevenção. “Em casos de infecções respiratórias, sintomas de gripe e resfriados, deve-se procurar encaminhamento médico, além de manter repouso e usar uma boa máscara sempre que precisar sair de casa. A vacinação também é fundamental. A vacina da gripe está disponível em diversos locais”.
Mortalidade
A incidência de SRAG por Covid-19 mantém o cenário de maior impacto nas crianças de até dois anos e idosos a partir de 65 anos de idade. O aumento da circulação do VSR tem gerado crescimento expressivo da incidência de SRAG nas crianças pequenas, superando aquela associada à Covid-19 nessa faixa etária. Outros vírus respiratórios com destaque para a incidência de SRAG nas crianças pequenas continuam sendo o Sars-CoV-2 (Covid-19) e rinovírus. Já o vírus influenza vem aumentando a incidência de SRAG em crianças, pré-adolescentes e idosos. Quanto à mortalidade por de SRAG tem se mantido significativamente mais elevada nos idosos, com amplo predomínio de Covid-19.
Ao todo, 23 capitais do país apresentam crescimento nos casos de SRAG: Aracaju (SE), Belém (PA), plano piloto e arredores de Brasília (DF), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Maceió (AL), Manaus (AM), Natal (RN), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA), Teresina (PI) e Vitória (ES).
Fonte: EBC SAÚDE
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