Brasil
WRNP inicia sua 23ª edição abordando principais avanços tecnológicos
A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) iniciou hoje (23) a 23ª edição do Workshop RNP (WRNP 2022) que, pela terceira vez, é realizado 100% online. O tradicional encontro entre pesquisadores, professores, estudantes de graduação e pós-graduação, além de profissionais de tecnologia da informação (TI) e de inovação traz, este ano, temas atuais como cibersegurança, metaverso, redes 5G e 6G, inteligência artificial (IA) e tecnologias quânticas, abordados por especialistas brasileiros e internacionais.
O WRNP tem o objetivo de aproximar o público dos principais avanços tecnológicos em pesquisa e desenvolvimento na área de tecnologias da informação e comunicação (TIC), dentro e fora do Brasil. O evento é gratuito e se estenderá até amanhã (24). As inscrições podem ser feitas pelo link. A programação pode ser acessada no site.
Ao falar à Agência Brasil, a diretora de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da RNP, Iara Machado, destacou que o evento acontece desde 1999, em paralelo com o Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos (SBRC), organizado anualmente pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC), e reúne toda essa comunidade. “Como rede acadêmica, a RNP tem uma parceria muito forte com essa comunidade”, disse Iara.
Durante o evento, há um intercâmbio de conhecimentos, além de serem ouvidas novas ideias e propostas e firmadas novas parcerias. “É um momento muito importante de troca, onde a gente tem também a participação dessa comunidade contando o que está fazendo”. Participam universidades, centros de pesquisa, parques tecnológicos, hospitais universitários, “enfim, toda a comunidade que usa esses sistemas e acompanha a evolução tecnológica”. O diálogo é sobre o futuro, destacou Iara Machado. “A gente fala muito do que vem pela frente, novos desafios. Como levar novas tecnologias para o ensino e pesquisa. Esse é o grande objetivo do evento”, afirmou a diretora da RNP. Avaliou que o evento, que trata de pesquisa, inovação e internet avançada, tem o espírito inovador de uma startup (empresa emergente de base tecnológica).
Destaques
Entre os palestrantes, está Liane Tarouco, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e integrante do Hall da Fama da Internet. Liane Tarouco foi entrevistada hoje (23) pela manhã por Iara Machado sobre sua trajetória profissional, que acompanhou os avanços da internet no Brasil. Ela é colaboradora da RNP há muitos anos.
“É uma parceira da RNP e fez parte da construção da internet no Brasil”, explicou Iara. A participação de Liane significou também uma homenagem que lhe foi prestada pela comunidade pela sua trajetória como mulher que se sobressaiu em um ambiente predominantemente masculino. “O primeiro livro sobre redes de computadores foi escrito por Liane Tarouco no Brasil. Ela formou mais de 150 pesquisadores”. Além disso, Liane incentivou outras mulheres a entrar nessa área tecnológica. “Ela me incentivou, me inspirou muito. Ela é uma referência para todos nós de uma carreira bem-sucedida; que essa possibilidade existe”, disse Iara Machado.
Outro convidado especial dessa edição do WRNP 2022 é Walter Willinger, cientista chefe da empresa de cibersegurança Niksun e um dos grandes especialistas mundiais em inteligência artificial (IA). Willinger falará amanhã (24), às 9h10, sobre os avanços em inteligência artificial (IA) na área de redes de computadores. “Como a gente pode usar a tecnologia dentro do nosso negócio”, explicou a diretora. Como Willinger atua no mercado privado, ele poderá contar como essa área está evoluindo e como se pode usar a IA na rede.
A programação abordará ainda a transformação da informação quântica em valor de mercado, oportunidades das novas gerações das redes móveis nas redes acadêmicas, como preparar a força de trabalho para os desafios da transformação digital acelerada e o aumento dos riscos de ataques cibernéticos, entre muitos outros temas.
RNP
A RNP é uma associação privada, sem fins lucrativos, criada com o objetivo de prestar serviço e operar uma rede acadêmica, buscando o desenvolvimento da internet e levando para estudantes e pesquisadores um espaço virtual avançado. A RNP foi qualificada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) como uma organização social e atende o governo na implementação de políticas públicas. “Somos a rede brasileira para educação e pesquisa e disponibilizamos internet segura e de alta capacidade, serviços personalizados, e promovemos projetos de inovação”, definiu Iara Machado. O sistema inclui universidades, institutos educacionais e culturais, agências de pesquisa, hospitais de ensino, parques e polos tecnológicos, beneficiando 4 milhões de alunos, professores e pesquisadores brasileiros.
A Rede ajuda a trazer a internet para o Brasil e, atualmente, chega a todas as unidades da Federação. Está conectada também às demais redes de educação e pesquisa na América Latina, América do Norte, África, Europa, Ásia e Oceania por meio de cabos de fibra óptica terrestres e submarinos. A RNP é mantida pelo MCTI, em conjunto com os ministérios da Educação (MEC), das Comunicações (MCom), Turismo (Mtur), Saúde (MS) e Defesa (MD), que participam do Programa Interministerial RNP (PRO-RNP). É credenciada ainda por órgãos como a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), entre outros.
Iara Machado informou que o contrato de gestão com o MCTI disponibiliza para a RNP recursos que são direcionados para o financiamento de pesquisas nessa área, por meio de editais. Em julho próximo, deverá ser lançado edital, dentro do programa de pesquisa, desenvolvimento e serviços avançados, dirigido a grupos de trabalho e startups que tragam projetos inovadores que possam ser desenvolvidos e, depois, transformados em serviços para as universidades. “São ideias para a gente ampliar o nosso portfólio de serviços para oferecer para as universidades e centros de pesquisa”. Trata-se de um programa de inovação aberta, dentro do contexto de educação, pesquisa, saúde digital, e também da temática que envolve a coletividade e, principalmente, a internet.
Edição: Valéria Aguiar
GERAL
Macron tem o direito de ser contra o acordo UE-Mercosul, diz Lula
No último dia da visita de Estado ao Brasil, o presidente da França, Emmanuel Macron, foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, na tarde desta quinta-feira (28). Após uma reunião fechada, ambos fizeram uma declaração à imprensa. Questionado sobre a posição de Macron, contrária ao acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, o presidente brasileiro ponderou que a negociação é feita por blocos de países, mas que é direito do francês ter discordância.
“O Brasil não está negociando com a França. O Mercosul está negociando com a União Europeia. Não é um acordo bilateral entre Brasil e França, é um acordo comercial de dois conjuntos de países. De um lado, a União Europeia, com os seus países. Do outro lado, o Mercosul. Obviamente que, depois da decisão da União Europeia [de aprovar o acordo], se o Macron tiver que brigar com alguém, não é com o Brasil, é com a União Europeia. É com os negociadores que foram escolhidos para negociar, não é comigo. O acordo, tal como proposto agora, é muito mais promissor de assinar do que o outro. Mas, obviamente, como o Brasil tinha o direito de ser contra a outra proposta, o Emmanuel Macron tem o direito de ser contra a [nova] proposta”, afirmou Lula.
Já Emmanuel Macron, que na quarta-feira (27) havia criticado duramente os termos do acordo, em São Paulo, voltou a se posicionar contra o avanço do tratado, que vem sendo negociado há mais de 20 anos, entre idas e vindas. Para o líder francês, o acordo não leva em consideração exigências ambientais na produção agrícola e industrial, e seria uma espécie de “marcha a ré” na luta contra a crise climática.
“Quero recordar aqui que esse texto União Europeia e Mercosul é de um acordo negociado e preparado há 20 anos atrás, e estamos só fazendo pequenas alterações. Somos loucos, continuando essa lógica e, paralelamente, fazendo grandes reuniões, como G20 e COP, falando de biodiversidade e clima, que temos que fazer isso e aquilo. Esse acordo é um freio para o que estamos fazendo para retirar o carbono das economias e lutar pela biodiversidade. Nós, europeus, temos o texto mais exigente do mundo em matéria de desmatamento e descarbonização. Pedimos a nossos agricultores e industriais para que façam transformações históricas, esforços enormes. Houve muitos descontentes que se manifestaram [na França, contra exigências ambientais]. Mas se abrirmos para produtos que não respeitam esses acordos, somos loucos, não vai funcionar”, argumentou.
Guerra na Ucrânia
Durante declaração à imprensa, no Palácio do Planalto, Lula e Macron foram questionados sobre a posição de cada um em relação à guerra na Ucrânia, que já dura mais de dois anos. Há cerca de duas semanas, Macron declarou, em entrevista, que poderia aumentar o envolvimento da França no conflito se a Rússia escalasse a violência. Em Brasília, o francês reforçou sua opinião.
“A França é uma potência de paz, quer o diálogo, voltar à mesa de negociações, mas não somos fracos e se houver uma escalada do agressor, nós temos que nos organizar, para não ter que lamentar, apenas”, disse. O presidente da França também disse que tem uma visão comum com o Brasil sobre a condenação do conflito, embora o governo brasileiro tenha mantido uma postura de neutralidade.
“Estamos do mesmo lado, direito internacional, soberania dos povos. O fato de que quando um país é atacado, no interior de suas fronteiras, por uma potência terceira, nós condenamos. A seguir, tomamos decisões que podem ser diferentes”, disse o presidente, em referência às sanções econômicas e envio de armamentos para os ucranianos.
O presidente Lula, por sua vez, afirmou compreender o “nervosismo” do povo europeu com o conflito, que ocorre próximo de suas fronteiras, mas insistiu que é preciso buscar formas de estabelecer uma negociação pacífica entre as partes.
“O Brasil nunca teve dúvida com relação à guerra da Ucrânia. O Brasil foi, acho, o primeiro país da América Latina a protestar contra a invasão da Ucrânia feita pela Rússia. E ainda fizemos a crítica de que isso está virando uma rotina. Os países que fazem parte do Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas] não respeitam o Conselho de Segurança e tomam decisões unilaterais, sem discutir em nenhum fórum. Por isso que nós não concordamos, nos colocamos contra a guerra e resolvemos não tomar lado, porque queremos criar condições de encontrar um jeito de voltar à mesa de negociação. Aquela guerra só vai ter uma solução que vai ser a paz”, disse Lula, que ainda completou criticando a destruição e os investimentos em armas em deterimento do combate à fome e às desigualdades.
“Em algum momento, eles vão ter que sentar e chegar à conclusão que não vale a pena o que foi feito até agora, destruição, gastos, investimentos em armas, que é muito maior que os investimentos feitos para combater a fome, a desigualdade e a miséria”.
Fonte: EBC GERAL
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