Ex-secretário da Receita defende ajustes no sistema tributário
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O ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel disse que problemas do sistema tributário não são exclusividade brasileira. Segundo ele, todos os países enfrentam a questão e precisam tratar de ajustes constantemente.
Ao programa Brasil em Pauta: Especial Reforma Tributária, que vai ao ar hoje (28), às 22h30, na TV Brasil, ele afirmou que é contra as propostas de redução de carga tributária de um setor em detrimento de outro. Segundo Maciel, o Brasil precisa buscar uma reformulação do sistema com foco na resolução dos problemas que se apresentam hoje e não na criação de novos impostos e leis.
“Eu defendo que tributação no consumo deve ser informada pela essencialidade, pela seletividade. Há produtos que têm que ter uma tributação mais elevada e há produtos que têm que ter tributação menos elevada em função da sua essencialidade para a sociedade que, afinal, é quem está pagando o imposto”.
Everardo Maciel, que também é consultor tributário e professor do Instituto Brasileiro de Direito Público, disse discordar da proposta apresentada pelo governo em julho deste ano, em que sugere a unificação dos programas de Integração Social (PIS) e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
Para ele, o novo imposto unificado não pode ser a solução para o país. “A teoria, na alíquota única, dá um sistema mais regressivo de aumentos a conceder. É isso que revelam todos os estudos do mundo, inclusive os mais recentes, de menos de um mês, publicados pela OCDE, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, mostrando que a Nova Zelândia e o Chile, que têm alíquota única, são os sistemas mais regressivos do mundo”, afirmou.
Everardo Maciel acrescentou que o texto do Executivo tem dissonância entre o discurso e o ato. “Ao dizer que quero simplificar, torno mais complexo. Não tenho nada contra a redução de carga tributária de qualquer setor, mas não pode reduzir a carga de um setor à espera de aumento de carga tributária de outro”, disse.
O ex-secretário defende que o país relacione os problemas atuais e faça ajustes a partir de um debate amplo e transparente para que todos tenham conhecimento do que está se propondo. “Reforma tributária não é um evento. Reforma tributária é um processo no qual se pretende reparar as deficiências e os problemas de um sistema com todo cuidado”.
Ele lembrou que são pessoas físicas, contribuintes, que pagam a conta por meio de preços, dos impostos patrimoniais, por meio da tributação da atividade laboral e de atividades como investidor. Para o economista, as mudanças propostas na tributação sobre o consumo afetam mais ainda famílias com menos renda.
“A proposta afeta diretamente 750 mil contribuintes, o agronegócio, o setor de telecomunicações, de radiodifusão, e há uma redução de carga tributária de segmentos industriais de cadeia longa”, disse.
Helcio Honda, advogado e diretor do Departamento Jurídico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), também defende que não haja nova tributação, ainda que seja a unificação de atuais impostos. “Sempre que você cria novo tributo, estabelece novos conceitos, novas definições. Sempre gera um novo contencioso. Então, aperfeiçoa o que já tem. Não podemos perder conquistas. Eu preferia estar discutindo o aperfeiçoamento do que estar discutindo uma solução mágica”.
Na conversa com os jornalistas Paulo La Sálvia e Katiuscia Neri, Honda lamentou a complexidade do sistema tributário em vigência no país, mas afirmou que apesar de “arcaico, custoso e com carga tributária muito alta”, ele não é ruim e precisaria apenas de aperfeiçoamentos.
“Nosso sistema, de várias formas, sofreu várias metamorfoses dentro do próprio sistema, que criaram essa complexidade”, disse. Ao citar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Honda lembrou que o tributo já deveria estar uniformizado. “É só diminuir alíquota interestadual, já seria um grande avanço para simplificar e ter a legislação dentro do próprio estado”.
Para ele, o grande gargalo está concentrado nesse tributo. “O ICMS é um dos nosso principais problemas e é a principal fonte de arrecadação dos estados. Sem fazer uma discussão do Pacto Federativo é difícil mudar o ICMS tirando o poder dos estados para fazer investimentos e política”, acrescentou.
Edição: Graça Adjuto
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ECONOMIA
Poupança tem entrada líquida de R$ 12,8 bilhões em junho
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O saldo da aplicação na caderneta de poupança subiu pela terceira vez no ano, com o registro de mais depósitos do que saques no mês de junho. As entradas superaram as saídas em R$ 12,8 bilhão, de acordo com relatório divulgado nesta sexta-feira (5) pelo Banco Central (BC).
No mês passado, foram aplicados R$ 348,1 bilhões, contra saques de R$ 335,3 bilhões. Os rendimentos creditados nas contas de poupança somaram R$ 5,4 bilhões. Com isso, o saldo da poupança é R$ 1 trilhão.
Em maio de 2024, houve entrada líquida (mais depósitos que saques) de R$ 8,2 bilhões, assim como em março (R$ 1,3 bilhão). Já em janeiro, fevereiro e abril, os resultados foram negativos, com R$ 20,1 bilhões, R$ 3,8 bilhões e R$ 1,1 bilhão a mais de saques da poupança, respectivamente.
O resultado positivo do mês de junho passado ainda foi maior que o verificado em junho de 2023, quando os brasileiros depositaram R$ 2,6 bilhões a mais do que retiraram da poupança.
Diante do alto endividamento da população, em 2023 a caderneta de poupança teve saída líquida (mais saques que depósitos) de R$ 87,8 bilhões. O resultado foi menor do que o registrado em 2022, quando a fuga líquida foi recorde, de R$ 103,2 bilhões, em um cenário de inflação e endividamento altos.
Política de juros
Os saques na poupança se dão porque a manutenção da Selic – a taxa básica de juros – em alta estimula a aplicação em investimentos com melhor desempenho. De março de 2021 a agosto de 2022, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.
Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, por sete vezes seguidas. Com o controle dos preços, o BC passou a realizar os cortes na Selic, com sete reduções seguidas. No mês passado, o colegiado interrompeu o corte de juros em razão da alta recente do dólar e do aumento das incertezas econômicas. Hoje, a taxa básica está em 10,5% ao ano.
Em 2021, a retirada líquida da poupança chegou a R$ 35,49 bilhões. Já em 2020, a caderneta tinha registrado captação líquida – mais depósitos que saques – recorde de R$ 166,31 bilhões. Contribuíram para o resultado a instabilidade no mercado de títulos públicos no início da pandemia de covid-19 e o pagamento do auxílio emergencial, depositado em contas poupança digitais da Caixa Econômica Federal.
Fonte: EBC Economia
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