Em Goiás, crime organizado lucra com itens básicos que Estado não oferece no maior presídio do Estado

A Casa de Prisão Provisória (CPP) do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, maior unidade prisional de Goiás, vive um cotidiano dominado pelo crime organizado, que lucra cobrando dos presos o que era obrigação do Estado. Lideranças ganham dinheiro e influência com venda de água potável, comida, local para dormir e chegam a selecionar quem tem atendimento médico.
Uma das maneiras dessa coerção por parte dessas lideranças é através das cantinas das alas. Nos últimos anos, o lucro da cantina se tornou mais preocupante, em um contexto de domínio das facções criminosas. Em cada bloco da CPP, uma ala é comandada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) e outra pelo Comando Vermelho (CV). A unidade possui 4 blocos, cada um dividido em duas alas. A divisão é uma tentativa da administração de dissolver o crime organizado e impedir que um grupo domine um bloco inteiro.
O não fornecimento de água potável para os presos pelo Estado é uma das brechas usada para enriquecer os grupos. Garrafinhas de água e refrigerante são os itens mais vendidos nas cantinas. Conforme familiares de detentos ouvidos pela reportagem, uma garrafa de Coca Cola chega a custar R$ 12. Uma garrafinha de água, R$ 4,50.
Casos como esse, e outros, constam em dois relatórios mais recentes feitos após inspeção na CPP em setembro e dezembro do ano passado. Um é do Mecanismo Nacional de Combate à Tortura, vinculado ao Governo Federal, e outro da Defensoria Pública do Estado de Goiás, respectivamente.
A coerção das lideranças também se dá em outros âmbitos, além do financeiro. Segundo o relatório do Mecanismo, na ala feminina da CPP há presas com funções importantes que deveriam ser de servidores, como a chefe da ala, chamada de “Gaioleira”, que seria quem realmente manda no local.
Durante a inspeção, a equipe do Mecanismo encontrou situações que demonstravam isso. Foi necessário pedir permissão a gaioleira para poder entrevistar detentas do local, mesmo já tendo “permissão” da diretoria. Em outra ocasião, quando questionada porque cozinhava beterraba, item proibido na regras do presídio, a gaioleira disse, com o consentimento de uma agente, que na cantina dela podia.
Em meio a esse “caos organizado”, a CPP apresenta um índice alto de mortalidade. Nos últimos 12 meses, 11 detentos morreram só na CPP, sendo que 6 foram considerados como causa morte natural, 4 homicídio e 1 suicídio. Para se ter uma noção, a taxa de homicídio de todo o Estado é de 2,7 a cada 10 mil habitantes, já dentro da CPP essa taxa chega a 14,8, cinco vezes mais, considerando o mesmo espaço de tempo.
Superlotação
Situações como essa só são possíveis em uma unidade superlotada e com poucos funcionários. Segundo relatório da Defensoria, a CPP tinha 137 agentes em dezembro, sendo que desses ficam dois em cada bloco, uma média de 377 detentos por servidor. O recomendado é de cinco presos por agente. Segundo relatórios mais atuais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a quantidade de agentes diminuiu e chegou a 121.
Nos últimos 10 meses, a quantidade de presos na CPP variou entre 2.825 e 3.086, mais de três vezes acima da sua capacidade, de 880. Isso porque desde 2011 o judiciário já havia determinado uma superlotação máxima de 1.460, que nunca foi cumprida.
No ano passado, uma decisão judicial determinou que se o Estado não cumprisse essa lotação máxima até 21 de setembro, começaria a ser cobrada uma multa de R$ 30 mil por dia. Essa multa, que hoje chegaria a mais de R$ 9 milhões, nunca foi cobrada, mesmo após pedido do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO).
Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que seria assinado em maio segundo o promotor Marcelo Celestino, para suspender a possibilidade da multa e iniciar a construção de novas vagas, não foi para frente.
Rebelião com fuga
A situação da CPP se agravou com a fuga de 24 presos no dia 23 de abril, que teve até agente prisional feito de refém. Como resposta, administração penitenciária aplicou castigo coletivo, que é proibido pela legislação, retirando temporariamente roupas, itens pessoais, visita e cobertores de presos da ala onde houve a fuga e da ala vizinha, que não participou do motim.
Recentemente, uma mudança na regra de visita tem gerado descontentamento. As senhas que são limitadas e tiradas pela internet estão com novo horário para ser retirada, a partir da meia-noite de sábado, dificultando ainda mais para os familiares de detentos, principalmente para os com menos instrução e sem acesso a internet.
Da Redação com OP


ESTADO
Goiás Social Mulher oferece mais de 40 serviços e benefícios na Praça Cívica, até sexta

Com a oferta de 10 mil vagas de emprego e uma série de serviços gratuitos, a segunda edição do Goiás Social Mulher deve realizar 250 mil atendimentos até sexta-feira (14/03), na Praça Cívica, em Goiânia, das 8 às 17 horas.
“A cada ano que passa, esse evento toma uma proporção maior. Em 2024 nós atendemos 160 mil mulheres. Este ano, imagino que vamos superar os números e chegar a 250 mil”, projetou o governador Ronaldo Caiado.
Até sexta-feira (14/03), quem comparecer ao vento terá acesso ao atendimento de 18 órgãos e unidades do Governo de Goiás, além de parceiros. O Estado vai entregar mais de 8,3 mil benefícios e 599 escrituras de imóveis.
Entre os serviços estaduais ofertados no evento estão:
- emissão de carteira de identidade;
- inscrições para cursos profissionalizantes;
- atendimentos do Vapt Vupt;
- matrículas na rede estadual de ensino;
- exames na área da saúde, vacinação, testes para infecções sexualmente transmissíveis (IST), aferição de pressão e glicose;
- serviços de salão de beleza.
A Prefeitura de Goiânia também participa com oferta de atendimentos municipais. Já o Hospital de Olhos da Universidade Federal de Goiás (Cerof-GO) realiza exames oftalmológicos.
A Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) fará a entrega de mais de 4,3 mil benefícios durante o Goiás Social Mulher. “São cadeiras de rodas, fraldas descartáveis, berços infantis, kits de enxoval e tantos outros”, exemplificou a diretora-geral da OVG, Adryanna Caiado.
A dona de casa Tainara Torres dos Santos, de 24 anos, foi uma das 6.607 contempladas com o Mães de Goiás durante a ação. “É um dinheiro que ajuda muito. Às vezes, falta algum alimento e o benefício garante a compra”, comentou a jovem, que é mãe solo de um bebê.
O programa transfere R$ 300 mensais a quem se enquadra nos critérios e esteja em situação de vulnerabilidade. O Mães de Goiás já beneficiou 24.948 mulheres de Goiânia, e 185.743 em todo o Estado.
Edição em Aparecida
Na próxima semana, o Goiás Social Mulher também realiza uma edição em Aparecida de Goiânia. O evento será de 20 a 22 de março, em parceria com a prefeitura. A estrutura será montada na Avenida Bougainville, Quadra 21, Lote 10, no Residencial Caraíbas.
Fonte: Governo de Goiás
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