Artigo
Gestores novos, soluções diferentes!
O ano político-administrativo está começando agora, com a posse tanto de prefeitos como de vereadores municipais, que chegam a esses postos por determinação democrática de seus eleitores.
Os desafios são os mesmos tanto para quem conhece o universo político-administrativo como para quem não o conhece. Agora o sonho se transformou em realidade. A sociedade municipal espera, dos eleitos, as soluções para tudo o que os agoniza neste momento, em especial, o mais grave de todos os problemas que são os efeitos intraduzíveis da ação desse novo vírus que não só está disseminando o sofrimento na população como dizimando pessoas, esperanças, projetos pessoais, e tornando a vida da população um verdadeiro caos, destruindo os rumos de tudo para onde todos devemos caminhar!
Quem diria que seringas e agulhas, insumos fundamentais para a um processo de vacinação, e não só, fariam parte da agenda de discussões de um processo administrativo nacional? Mas está a fazer! Nesta hora, os eleitos têm de se manifestar, tenham ou não conhecimentos do que está acontecendo! Nesse momento a solução deve vir deles, apoiados nos governos tanto estaduais como federal!
Os problemas não são novos, são diferentes!
Vamos olhar para a circunstância da educação, no país, de uma forma geral! Antes, tínhamos cadernos, lápis e borracha, insumos básicos no processo educacional. Hoje temos os teclados, na sacola dos alunos. Mas os teclados precisam de internet! Temos internet para todos os alunos? A internet tem qualidade suficiente para os meninos? Temos dois tipos de alunos, os da classe média e os da pobre! Como interceder nessa lacuna que existe entre as classes?
Os vereadores e prefeitos, como interlocutores entre a sociedade e o poder público, deverão procurar e conhecer a dimensão precisa das carências municipais, em todos os seus níveis, e correr atrás de soluções adequadas! Agora começa a fazer presente a diferença entre quem tem condições de ocupar esses cargos e quem nem sabe como começar a agir para fazer o que precisa ser feito para dar razão a sua ocupação no cargo que ocupa!
A saúde, sempre foi problemática, independendo da existência de qualquer forma de pandemia. Mas agora tudo está diferente, os custos, as urgências são outras, assumiram novas dimensões.
Portanto, ocupar esses cargos exige muito mais do que “boa vontade”
Exige conhecimento de como lidar com o novo.
Professor Cícero Maia – artigosbsb@gmail.com
ARTIGO
PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.
A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.
A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.
A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.
Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.
A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.
A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.
André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).
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