Opinião

A Epístola de Tiago

A carta de Tiago é uma das menos conhecida pelos cristãos de hoje, relegado a segundo plano, talvez pelas posições aparentemente opostas às de São Paulo.

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A carta de Tiago é uma das menos conhecida pelos cristãos de hoje, relegado a segundo plano, talvez pelas posições aparentemente opostas às de São Paulo. Paulo afirma que a justificação vem pela fé, e não pelas obras. Tiago já afirma que a fé sem a obra é morta. (Tg 2,17). A tradição protestante rejeita essa carta, e os católicos a aceitam, entre outros motivos, por seu caráter sócio-político.

O autor apresenta-se como “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (Tg 1,1). A tradição antiga identifica-o como Tiago “irmão do Senhor” (Gl 1,19), filho de Maria Cléofas (Mc 15,40: Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé), primo de Jesus (Mc 6,3), martirizado em 62 d.C. Este é o mais provável Tiago, pois ocupou lugar de importância na Igreja primitiva. Paulo afirma que ele é uma das colunas da igreja de Jerusalém, ao lado de Pedro e João (Gl 2,9). Esse Tiago tinha função diretiva naquela comunidade (At 12,17) e sua intervenção foi importante no concílio de Jerusalém (At 15).

Mas há um problema, a carta está escrita em um grego muito bom, um dos melhores do Novo Testamento, superando, inclusive, os escritos de Lucas. E como Tiago dominaria a língua e as técnicas de retórica do mundo grego? É mais provável que a carta teria sido redigida por um judeu-cristão de formação grega, na Palestina, pelo fim do século I, entre os anos 80 e 100 d.C. Tal autor anônimo teria recolhido as tradições de Tiago, que ainda estavam vivas na Palestina, e atribuído a Tiago. Tais tradições teriam muita semelhança com as tradições que formaram os Evangelhos sinóticos.

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Muitos, ainda hoje, negam a autoria desta carta pelos seguintes motivos: ausência de concepção legalista; falta de referência à vida de Jesus Cristo; canonicidade reconhecida tardiamente (séc. III/IV); grego muito rebuscado para um palestinense.

Se a autoria é complicada, os destinatários da carta também apresentam problemas, não é fácil precisar a localização e os destinatários. Embora no início da carta já haja uma indicação: “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos espalhadas pelo mundo, saudações” (Tg1,1). Este trecho mostra o caráter simbólico e universal, pois o número 12 simboliza a totalidade, encontramos essa referência no Antigo e no Novo Testamento. Com certeza a carta é dirigida a cristãos fora da Palestina, cristãos de origem judaica, dispersos pelo mundo greco-romano, sobretudo nas regiões próximas à Palestina, como a Síria ou Egito. Que os destinatários são convertidos do judaísmo é o que confirma o corpo da carta (Tg 1,21-27).

Da carta depreendemos que havia um conflito social muito grande, um abuso na interpretação dos ensinamentos paulinos (Tg 2,14-26) e a exploração dos mais pobres e necessitados (Tg 1, 9-11; 2,5-7; 5,1-6). Traz muitos ensinamentos, especialmente, a língua, porém, nenhum homem a pode domar, cheia de veneno mortífero (Tg 3,1ss); dos ricos que fraudam os salários dos trabalhadores (Tg 5,1ss); que Deus não tenta a alguém, cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia (Tg 1,13-15).

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Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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ARTIGO

Você sabe aproveitar as oportunidades do networking?

Pense comigo, você sugeriria alguém que considera sem credibilidade para uma vaga? A resposta é simples: claro que não. Pois além de não acreditar no trabalho da pessoa em questão, ainda corre o risco de você mesmo se prejudicar futuramente, já que você estaria assumindo um risco, no mínimo, desnecessário. Ou seja, isso só demonstra a importância dessa prática e como é essencial conseguirmos aproveitar as oportunidades que aparecem.

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Pedro Signorelli é especialista em gestão

A prática de networking, hoje em dia, é quase unanimidade nas empresas, independente do segmento ou tamanho. Afinal, quando os colaboradores passam a se conhecer, conviver e trabalhar juntos, começam a ter cada vez mais trocas. Essa interação pode ser bastante poderosa, sendo capaz de viabilizar parcerias positivas, não só de curto prazo, mas principalmente de longo, tanto para a vida pessoal, como para a vida profissional.

Alguns podem enxergar o networking como uma relação apenas de interesse, mas eu não acredito nisso. O verdadeiro networking está muito mais relacionado a criar conexões com as pessoas onde possa haver geração de valor para ambos os lados. E como isso acontece? A partir de construções de parceria, compartilhamento de ideias e informações, e até mesmo de indicações para vagas de emprego ou promoções dentro da própria empresa.

Pense comigo, você sugeriria alguém que considera sem credibilidade para uma vaga? A resposta é simples: claro que não. Pois além de não acreditar no trabalho da pessoa em questão, ainda corre o risco de você mesmo se prejudicar futuramente, já que você estaria assumindo um risco, no mínimo, desnecessário. Ou seja, isso só demonstra a importância dessa prática e como é essencial conseguirmos aproveitar as oportunidades que aparecem.

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E é justamente nessas tentativas de se recolocar no mercado de trabalho, por meio de um novo emprego, que o networking pode fazer a diferença na vida de uma pessoa. De acordo com dados disponibilizados por um estudo feito pela Harvard Business School, mais de 70% das vagas de emprego são preenchidas através de redes de contatos, o que apenas reforça a necessidade de construir e cultivar boas relações estabelecidas no ambiente de trabalho.

Neste sentido, engana-se aquele que pensa que só deve haver trocas com pessoas do mesmo setor e área de atuação. Querendo ou não, essa atitude acaba limitando bastante, pois não permite que você conheça espaços diferentes. Tenha em mente que quanto mais  diversificadas forem as suas relações, maior será o leque de possibilidades para você, seja para um aprendizado como para uma eventual transição de carreira. Nunca se sabe.

No entanto, não se desespere achando que precisa conversar com muitas pessoas ao mesmo tempo. Acredite, a qualidade das conexões é mais importante do que a quantidade. Por isso, considero fundamental aprender a cultivar essas relações, que são baseadas na confiança e no respeito. O networking genuíno traz oportunidades e, eventualmente, os melhores resultados para ambas as partes.

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Aliado a isso, penso também que alguém só vai te indicar se você realmente fizer um bom trabalho e tiver uma postura adequada. Você precisa conseguir deixar uma marca e se tornar uma referência positiva para as pessoas naquilo que você faz, pois é isso que pode ser o diferencial. É preciso ter substância, e não só aparência. Com isso, seus resultados no longo prazo tendem a ser melhores.

Pedro Signorelli é especialista em gestão

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