Opinião

Principais mitos sobre o autismo

Autistas podem ser superdotados ou com altas habilidades, com uma inteligência acima da média, mas diversas crianças com TEA possuem alguma deficiência intelectual. Dessa forma, acabam tendo dificuldade na aprendizagem e no processo de alfabetização e podem ser dependentes de seus cuidadores por toda a vida.

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O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que leva à significativo impacto na percepção social e na comunicação e afeta também a área motora, sensorial e cognitiva e se manifesta de forma variada e individualizada. Muitas vezes, após os pais receberem o diagnóstico de TEA, algum parente ou amigo – com uma visão equivocada sobre as pessoas pertencentes ao espectro – podem fazer comentários depreciativos dizendo que a criança será agressiva ou sem empatia, por exemplo.

É importante esclarecer alguns mitos relacionados ao autismo. Deve-se reforçar, antes de tudo, que é um transtorno que difere de pessoa para pessoa. Depois, é sobre a agressividade. Alguns autistas manifestam suas insatisfações em momentos de desconforto através da agressividade. Porém, essa não é uma característica pertencente a todos os autistas. Eles podem demonstrar descontentamento de outras formas, inclusive não fazendo nada.

Outro mito é falar que eles não têm empatia. Muitos acreditam que eles têm ausência de sentimentos. Nada disto. Alguns autistas são extremamente carinhosos e empáticos perante dores e sentimentos de outra pessoa, mas não conseguem plenamente demonstrar. É verdade que alguns tem dificuldades em demonstrar seus sentimentos, mas isso não os deve caracterizá-los como “frios”.

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Mais um mito é sobre a cura. Autismo não é uma doença. Portanto, não falamos em cura. Trata-se de um transtorno que atinge questões relacionadas ao neurodesenvolvimento e tem perfil crônico onde o mais importante é saber como manejar seus sintomas e dificuldades. Assim, eles devem ser acompanhados por especialistas com tratamentos nos mais diversos eixos de intervenção, suporte familiar e escolar e, em alguns casos, até com medicações.

Muitos acreditam que autistas não gostam de ter amigos. Eles muitas vezes têm dificuldade nas relações sociais, mas conseguem criar amizades, principalmente quando estão se sentindo confortáveis em determinadas situações e onde as pessoas entendem sua forma de comunicação.

Mesmo algumas pesquisas apontando que, frequentemente, o diagnóstico se dá mais em meninos, as meninas também podem ser diagnosticadas no espectro. Elas podem, por sua vez, ter o diagnóstico revelado em estado mais tardio devido algumas questões comportamentais passarem despercebidas e por conseguirem camuflar os sintomas.

Autistas podem ser superdotados ou com altas habilidades, com uma inteligência acima da média, mas diversas crianças com TEA possuem alguma deficiência intelectual. Dessa forma, acabam tendo dificuldade na aprendizagem e no processo de alfabetização e podem ser dependentes de seus cuidadores por toda a vida.

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Sempre que tiver dúvidas sobre o TEA procure um especialista ou se informe em fontes confiáveis sobre o tema que sejam embasados em evidências científicas. É extremamente importante obtermos informações corretas para não acreditarmos em certos estereótipos e divulgarmos notícias falsas. Lembre-se: cada autista é único e cada ser humano tem suas peculiaridades.

Dr Clay Brites é Pediatra e Neurologista Infantil.

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ARTIGO

PEC 6X1: oportunidade para o debate franco acerca da legislação trabalhista

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação. 

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André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), tem como objetivo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, mantendo os salários e reorganizando a carga semanal em até quatro dias. Essa proposta vem ao encontro de tendências globais, onde o debate sobre a jornada de trabalho e sua adaptação aos novos tempos — especialmente com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial — tem ganhado força.

A PEC 6×1, inspirada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), idealizado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), pode ser vista como um ponto de partida para uma análise mais profunda sobre o sistema trabalhista brasileiro e suas limitações, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.

A questão da jornada de trabalho reduzida é sustentada por um contexto de aumento da produtividade, impulsionado pelas inovações tecnológicas. Essas inovações permitiram que, em alguns setores, menos horas de trabalho resultassem em níveis de produção iguais ou superiores aos modelos tradicionais. No entanto, a discussão sobre a redução da jornada de trabalho não se limita aos ganhos de produtividade. Ela também envolve uma série de outros fatores, como qualidade de vida, saúde mental, e até mesmo a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Em termos práticos, a PEC 6X1 procura responder à demanda por uma jornada de trabalho que promova o bem-estar dos trabalhadores sem sacrificar o desempenho econômico. Entretanto, há obstáculos no que diz respeito à aplicabilidade da medida no contexto brasileiro. O arcabouço jurídico trabalhista do país, com regulamentações amplas, visa proteger o trabalhador, mas frequentemente é apontado como um fator que engessa a iniciativa privada e dificulta a criação de empregos.

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A complexidade e os custos associados ao cumprimento das leis trabalhistas brasileiras muitas vezes desestimulam empresários, especialmente os pequenos e médios, de contratar formalmente. O excesso regulatório pode ser, em parte, responsável pela baixa produtividade e pela informalidade ainda presente no mercado de trabalho brasileiro.

Além disso, o Brasil já enfrenta desafios específicos em relação ao mercado de trabalho, como a escassez de mão de obra em algumas regiões e o aumento da informalidade. Há também uma pressão social crescente para ajustar programas de assistência, como o Bolsa Família, para que realmente sirvam como apoio temporário, incentivando a entrada no mercado de trabalho. Isso alinha-se à célebre frase do ex-presidente americano Ronald Reagan, para quem “o melhor programa social é o emprego”. Nesse sentido, um mercado de trabalho desburocratizado e uma política de assistência social orientada para a autonomia individual poderiam ser fundamentais para garantir uma economia mais forte e inclusiva.

A baixa produtividade nacional está também associada a uma qualidade educacional deficiente, fator que dificulta a implementação de uma jornada reduzida sem impacto negativo na produção. O recente relatório da McKinsey sobre o futuro do trabalho destaca que, para competir em um mercado global, é necessário cultivar habilidades de criatividade, autoaprendizado e flexibilidade. O Brasil, com uma educação pública ainda deficiente, precisaria investir significativamente nesses aspectos para que seus trabalhadores pudessem se beneficiar plenamente de uma jornada reduzida e competir em uma economia mundial em transformação.

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A PEC 6X1, assim, abre uma oportunidade rara para rever os princípios que sustentam o sistema trabalhista brasileiro e questionar se esse modelo atende às necessidades contemporâneas de um mundo em rápida mudança. Trata-se de uma chance para empreender uma reforma que, ao mesmo tempo que preserva a dignidade dos trabalhadores, valorize a iniciativa privada e encoraje a criação de empregos de qualidade. Como se diz, “quando o cavalo selado passa, é hora de pular e aproveitar a chance”.

André Naves é Defensor Público Federal formado em Direito pela USP; especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; mestre em Economia Política pela PUC/SP; cientista político pela Hillsdale College; doutor em Economia pela Princeton University; escritor e professor (Instagram: @andrenaves.def).

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