Saúde
Governo de Goiás inicia distribuição da vacina contra a dengue
A faixa etária, que originalmente foi definida de 10 a 14 anos, foi restringida neste momento para 10 e 11 anos, em função do quantitativo reduzido de doses recebidas pelo Ministério da Saúde. A vacinação começa nos 51 municípios a partir da próxima quinta-feira (15).
O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, recebeu 72.818 doses da vacina contra a dengue (Qdenga) na última quinta-feira (8) e conclui a distribuição para as regionais de todas as doses na sexta-feira. Segundo orientação do Ministério da Saúde, neste primeiro momento serão atendidos 51 municípios goianos das regionais Central (26) e Centro-Sul (25).
A faixa etária, que originalmente foi definida de 10 a 14 anos, foi restringida neste momento para 10 e 11 anos, em função do quantitativo reduzido de doses recebidas pelo Ministério da Saúde. A vacinação começa nos 51 municípios a partir da próxima quinta-feira (15).
O subsecretário de Vigilância e Atenção Integral à Saúde da SES-GO, Luciano de Moura Carvalho, reforça que, mesmo com a chegada das vacinas, os cuidados não devem parar. “Todas as novas estratégias são bem-vindas. É uma alegria receber as primeiras doses, mas precisamos ter em mente que o resultado da vacina é a médio e longo prazo, então não podemos descuidar das medidas de controle do vetor”.
Luciano de Moura reforça a importância do envolvimento da população no combate ao mosquito vetor da doença: “É imprescindível nesse momento um esforço para eliminar os criadouros do mosquito e ao sentir os primeiros sintomas, iniciar hidratação imediatamente e procurar atendimento médico”. Goiás registra atualmente 14.439 casos confirmados, mais de 36 mil notificados e 6 óbitos confirmados.
Estratégia
A estratégia, definida em conjunto com secretários municipais de saúde, a SES e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems) é que os 51 municípios iniciem ao mesmo tempo a vacinação para que não ocorra migração de pessoas de uma cidade para outra em busca da imunização. Além disso, alguns municípios ainda estão finalizando a capacitação das equipes para receber e utilizar a vacina. A Secretaria de Estado da Saúde espera receber mais 36 mil doses na próxima quarta-feira.
Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, todas as decisões foram tomadas em conjunto. “Todos esses critérios foram elencados pelos municípios, discutidos e colocados em votação. Foi tudo consensual para que começássemos na quinta-feira. Inclusive muitos iniciarão a vacinação em escolas, que é uma orientação do Ministério da Saúde porque essa faixa etária está na escola e lá é possível acompanhar e dar seguimento à imunização, que tem duas doses.”
Restrições
A recomendação é que gestantes, idosos e imunodeprimidos não devem tomar a vacina. Além disso, quem teve dengue há menos de seis meses também não deve se imunizar. O ideal, nesse caso, é esperar o prazo de seis meses para só depois procurar uma sala de vacina.
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SAÚDE
Famílias comemoram incorporação de remédio para neuroblastoma ao SUS
Com as mãos trêmulas e lágrimas no rosto, Laira Inácio comemorou nas redes sociais a recomendação de incorporação do medicamento betadinutuximabe para o tratamento de neuroblastoma de alto risco via Sistema Único de Saúde (SUS). Laira é mãe de Ana Júlia, diagnosticada com a doença aos 7 anos. Após se submeter a tratamentos exaustivos e cirurgias, a menina, já com 10 anos, precisava do tratamento com o betadinutuximabe, que custaria em torno de R$ 2 milhões. A mãe utilizou a internet, alugou carros de som e chegou a acionar a Justiça. Mas o tempo, segundo a própria Laira, foi um inimigo implacável – Ana Júlia faleceu em 2023, antes de ter acesso ao remédio.
“Foi aprovado! O Qarziba [nome comercial do betadinutuximabe] vai ser implementado no SUS. Para que nenhuma criança mais sofra como a minha Ana Júlia e como outras crianças. Estou muito emocionada”, disse Laira, em vídeo postado em seu perfil no Instagram.
Em homenagem à filha, a jovem fundou o Instituto Ana Júlia, com o objetivo de oferecer assistência para crianças com câncer e doenças raras. A entidade, presidida por Laira, também arrecada fundos para a compra de medicações consideradas vitais para crianças em tratamento contra o câncer. “Estou muito feliz! Hoje é um dia memorável, que vai mudar a história do neuroblastoma no Brasil”, completou.
A ginecologista e obstetra Carla Franco também celebrou a recomendação de incorporação ao SUS do betadinutuximabe para o tratamento do neuroblastoma de alto risco. Em seu perfil no Instagram, ela lembrou que o protocolo para a doença no Brasil não era atualizado havia dez anos e destacou o alto custo do remédio.
“A medicação mais cara usada na oncologia pediátrica foi finalmente incluída no SUS”, postou. Além do conhecimento adquirido como profissional de saúde, Carla tem uma filha diagnosticada com neuroblastoma. Chamada Linda, a menina, de apenas 4 anos, já passou por rodadas de quimioterapia, cirurgia para retirada do tumor e dois autotransplantes de medula.
Nas redes sociais, a médica explicou o que muda, a partir de agora, com a recomendação de incorporação do medicamento na rede pública.
“Na teoria, os pacientes do SUS que não faziam [uso do betadinutuximabe] vão poder fazer. E o plano de saúde tem que cobrir, sem [necessidade de recorrer à] Justiça”, destacou a médica.
A própria Carla enfrentou dificuldades para garantir a cobertura da medicação pelo plano de saúde contratado pela família. Segundo ela, Linda precisava iniciar o uso do Qarziba no dia 8 de julho. Após acionar a operadora em diversos momentos, o tratamento com o remédio foi iniciado apenas em agosto. Há uma semana, a menina concluiu o ciclo de dez dias de administração do betadinutuximabe, recebeu alta médica e já está em casa.
Em janeiro deste ano, a antropóloga e diretora do Ministério dos Povos Indígenas, Beatriz Matos, lançou uma campanha para arrecadar recursos em prol do tratamento do filho Pedro, de 5 anos, também diagnosticado com neuroblastoma. A família já havia vivido outro drama: o pai de Pedro é o indigenista Bruno Pereira, assassinado em 2022.
O menino precisou ser submetido a um transplante de medula. A etapa seguinte do tratamento foi o uso do betadinutuximabe. A mobilização em favor da vida de Pedro revelou o drama de famílias como a de Ana Júlia e a de Linda, além de muitas outras.
O neuroblastoma é o terceiro tipo de câncer mais recorrente entre crianças, perdendo apenas para a leucemia e tumores cerebrais. Figura ainda como tumor sólido extracraniano mais comum entre crianças, representando entre 8% e 10% de todos os tumores infantis. O aumento do volume abdominal é um dos sintomas da doença. Por esse motivo, o tumor pode ser descoberto a partir de queixas da criança relacionadas a dores na barriga ou mesmo incômodo no tórax. Pesquisas mostram que o problema, normalmente, aparece até os 5 anos e pode acometer, inclusive, recém-nascidos.
Entenda
Nesta quinta-feira (5), a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) recomendou a incorporação do betadinutuximabe para o tratamento de neuroblastoma de alto risco na rede púbica. Na prática, a decisão significa que o remédio passará a integrar o rol de medicamentos custeados e distribuídos pelo SUS. A condição estabelecida para que a medicação seja administrada na rede pública é que o paciente tenha sido previamente tratado com quimioterapia e alcançado pelo menos uma resposta parcial, seguida de terapêutica mieloablativa e transplante de células tronco.
O pedido de incorporação do betadinutuximabe ao SUS foi submetido à Conitec em janeiro deste ano pelo próprio fabricante do Qarziba, o laboratório Recordati. À época, a farmacêutica defendeu que a medicação fosse indicada para pacientes a partir dos 12 meses de vida, que já tenham sido tratados com quimioterapia de indução e que tenham alcançado pelo menos uma resposta parcial, seguida de terapêutica mieloablativa e transplante de células tronco; e também para pacientes com história de recidiva ou neuroblastoma refratário, com ou sem doença residual.
O laboratório argumentou que o medicamento foi utilizado em estudos clínicos realizados a partir de 2009 em pelo menos 126 centros envolvendo mais de mil pacientes em 18 países. “A imunoterapia anti-GD2, como é o Qarziba, não apenas melhora a sobrevida, como também reduz o risco de que todos os tratamentos anteriores pelos quais esses pacientes passam falhem com recidiva”, detalhou Recordati.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do betadinutuximabe em 2021. À época, o medicamento foi indicado pela autarquia para o tratamento de neuroblastoma de alto risco em pacientes a partir dos 12 meses. Como não havia passado pela aval da Conitec ainda, o tratamento com o remédio no país só era possível via rede privada e, conforme relatos de pacientes e familiares, mediante muita insistência junto a operadoras de planos de saúde e processos de judicialização.
Fonte: EBC SAÚDE
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