Que tal começar a próxima semana priorizando pratos integralmente elaborados à base de vegetais? Esse é o convite que a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) vem fazendo há mais de 15 anos, com a campanha “Segunda sem carne”. O movimento, presente em mais de 40 países, é apoiado por celebridades como o músico Paul McCartney e a apresentadora Xuxa Meneghel. Ele também é celebrado nesta quarta-feira, 20, data em que se comemora o Dia Mundial sem Carne.

As campanhas visam a conscientização sobre os impactos que uma dieta unicamente voltada ao consumo de produtos de origem animal gera para os animais, a sociedade, a saúde humana e o planeta. Interessados em se engajar no movimento podem encontrar, na página oficial, dicas valiosas de como se lançar no desafio.

O principal cuidado que se deve ter é com a manutenção da qualidade e quantidade de nutrientes que o corpo necessita para realizar as suas atividades diárias. Uma refeição completa deve conter, assim, 50% de verduras e legumes crus e/ou cozidos, como brócolis, couve, abóbora, cenoura; 25% de cereais e vegetais amiláceos, como arroz, aveia, milho, trigo, batata, inhame, cará, mandioca; e 25% de leguminosas, como feijão carioca, feijão-preto, ervilha, lentilha, grão-de-bico; além de uma fruta.

Ao deixar de comer carnes em apenas um dia da semana, uma pessoa é capaz de garantir, sozinha, a conservação de 22 metros quadrados de florestas, além de contribui para a economia de 3,5 mil litros de água e evitar que 10 quilos adicionais de gás carbônico sejam liberados na atmosfera. Do ponto de vista ambiental, os benefícios estão associados, portanto, à redução dos índices de desmatamento, assim como ao combate à escassez hídrica e ao aquecimento global.

Vale lembrar também os benefícios à saúde, que envolvem a redução do risco de diabetes, o auxílio no controle do peso, a diminuição do risco de infarto e outras doenças cardiovasculares, além da redução do risco de alguns tipos de câncer, como o de intestino grosso. Segundo a SVB, a cada 100 gramas de carne ingerida por dia, o risco, para este último caso, sobe em 19%.

Pesquisas atuais revelam que 14% dos brasileiros são vegetarianos declarados. O grupo envolve aquelas pessoas que adotam uma dieta regularmente isenta do consumo de carnes, mas que ainda pode incluir o consumo de outros produtos de origem animal, como ovos, leites e derivados. Os mais restritos integram o time dos veganos, que excluem dos seus hábitos alimentares todos os ingredientes citados.

Adeptos

A artista e educadora Amanda Vieira integra o último grupo citado. Vegana há mais de uma década, ela dá dicas para quem quer iniciar sua jornada nesse estilo de vida, em que os praticantes buscam excluir da rotina todas as formas de exploração e crueldade contra os animais. “Busque acrescentar os alimentos vegetais no dia a dia, em vez de tirar de uma vez. Tente, na medida do possível, ter autonomia na cozinha, comprar e preparar seus alimentos e ter paciência com as pessoas e com o seu processo. É importante lembrar que não é todo mundo que entende o que é comida vegana”, orienta.

A orientação de Vieira faz coro à campanha da SBV, revelando que as grandes mudanças começam mesmo com os pequenos passos. “A base alimentar do brasileiro é maravilhosa! Arroz com feijão, que é um cereal e uma leguminosa, já supre a demanda de proteína. Mas é sempre bom buscar orientação profissional e fazer exames regulares”, pondera.

A observação de Amanda é pertinente, uma vez que a questão relacionada à ingestão adequada de proteínas é uma das principais preocupações daqueles que não adotam esse tipo de dieta. “A maior parte da população brasileira precisa suplementar vitamina B12 e não fica ligada (a deficiência também acomete pessoas que comem carne regularmente). Por ser uma vitamina encontrada em grande quantidade na carne, a maioria dos veganos suplementam a B12. Hoje também é fácil achar esses suplementos de origem vegetal, para comprar pronto ou manipular”, explica a educadora.

Em Goiás, estado que possui uma cultura agropecuária forte, o movimento ainda parece tímido. Amanda Vieira chama atenção para a urgência dessa questão diante do cenário de destruição do Cerrado e do agravamento da crise climática.

Dentre os movimentos comprometidos com a mudança local, ela cita a Ong Servindo Amor, que distribui marmitas veganas para pessoas em situação de rua em Goiânia e região. “Existe uma rede nacional, a UVA (União Vegana de Ativismo), que é extremamente politizada e tem coletivos espalhados pelo Brasil. Há uma movimentação para começar uma atuação mais efetiva aqui em Goiás. Estou acompanhando os grupos, mas nada oficial ainda”, acrescentou.

Aqui na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), o único projeto diretamente focado no tema foi apresentado na Legislatura passada pela ex-deputada Lêda Borges (PSDB), que atualmente representa o estado na Câmara Federal. A propositura, que visava à implantação de uma política estadual de incentivo às feiras de produtos veganos e vegetarianos em Goiás, acabou tendo sua tramitação prejudicada pelo fim da Legislatura e do mandato da parlamentar na Casa.

Vale citar que a SBV realiza, no âmbito da campanha apresentada no início da matéria, parcerias com prefeituras e governos para levar os benefícios da iniciativa a estudantes de escolas públicas. O projeto envolve a capacitação de cozinheiras e nutricionistas da rede e adaptações no cardápio das refeições ofertadas. A prefeitura de São Paulo acumula uma experiência de mais 10 anos dessa parceria.

Fonte: Assembleia Legislativa de GO