Crise nos Preços dos Ovos no Brasil: Como a Gestão de Riscos Pode Minimizar os Impactos no Agro

O mercado de ovos tem enfrentado dificuldades tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, onde o desabastecimento provocado pela gripe aviária elevou os preços do produto em mais de 15% no início deste ano, com um aumento de até 53% comparado ao ano anterior. No Brasil, a situação não é distinta: em fevereiro, o preço dos ovos subiu 15,39%, conforme dados do IPCA divulgados pelo IBGE.
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) atribuiu esse aumento aos maiores custos de alimentação das aves, embalagens e à demanda elevada. Esse cenário coloca em destaque a importância da gestão de riscos no agronegócio, uma ferramenta essencial para minimizar os impactos de crises no setor.
De acordo com Andre Paranhos, vice-presidente da unidade de Agronegócio da Falconi, situações como o aumento nos preços devido à escassez do produto — seja por surtos de gripe aviária, dificuldades logísticas ou alta sazonal — evidenciam como eventos inesperados podem afetar a cadeia produtiva. Ele defende que uma gestão de riscos estruturada ajuda a mitigar perdas e assegura a sustentabilidade do setor.
Desde 2022, com o início do surto nos Estados Unidos, mais de 100 milhões de galinhas foram perdidas, segundo a United Egg Producers. Isso resultou em um aumento considerável nos preços das caixas de ovos, que poderiam ultrapassar R$70 no Brasil. Além disso, a Turquia anunciou a intenção de exportar mais de 400 milhões de ovos para o Brasil em 2024, segundo a União Central dos Produtores de Ovos da Turquia.
No Brasil, além da demanda sazonal, que já era esperada, o aumento nos preços de insumos como o milho e embalagens, somado aos efeitos das altas temperaturas, impactaram a produtividade das aves. Para Andre Paranhos, tais crises poderiam ser minimizadas com uma abordagem mais estruturada de gestão de riscos. “O agronegócio é um setor altamente vulnerável a fatores externos, como mudanças climáticas, surtos sanitários e oscilações de mercado. Ter uma gestão de riscos bem definida permite que os produtores se antecipem aos desafios e minimizem os impactos negativos”, afirma. Ele ainda observa a necessidade de uma evolução nas práticas de gestão empresarial, tanto no setor público quanto privado.
Estratégias para uma Gestão de Riscos Eficiente no Agro
Paranhos explica que, além de um planejamento eficaz, uma boa gestão de riscos envolve ações preventivas e reativas que asseguram a continuidade da produção diante de adversidades. Ele destaca a importância de evitar os “três Ds”: descuido, desleixo e desconhecimento, e ressalta a necessidade de uma visão ampla, que considere riscos tanto nas operações no campo quanto nas tecnologias envolvidas.
Entre as principais estratégias para mitigar riscos, o especialista destaca:
- Diversificação da produção: Reduzir a dependência de um único produto ou mercado ajuda a minimizar os impactos de crises em segmentos específicos.
- Monitoramento sanitário e biossegurança: Investir em práticas rigorosas de biossegurança e sistemas de monitoramento contínuo pode prevenir surtos de doenças, como a gripe aviária.
- Gestão de estoques e logística: Criar reservas estratégicas e otimizar a eficiência da cadeia logística são essenciais para aumentar a resiliência diante de interrupções no abastecimento.
- Uso de tecnologia e dados: Ferramentas de análise preditiva e inteligência artificial podem antecipar tendências de mercado e eventos climáticos, permitindo respostas mais rápidas e precisas.
- Seguro rural e instrumentos financeiros: A contratação de seguros ajuda a mitigar prejuízos decorrentes de oscilações de preços e eventos climáticos extremos, como enchentes e queimadas.
Para Paranhos, a chave para evitar crises na avicultura está na profissionalização da gestão e na adoção de uma visão estratégica. “Os produtores que integram planejamento, gestão de risco, tecnologia de dados e conhecimento pessoal têm mais capacidade de adaptação e competitividade no mercado. O Brasil é referência no controle sanitário, mas o agronegócio precisa enfrentar esses desafios com inovação e eficácia”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio


Agronegócio
Mapa institui Programa Nacional de Prevenção e Controle da Vassoura-de-Bruxa da Mandioca

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), publicou, no Diário Oficial da União (Dou) desta quinta-feira (20), a Portaria nº 1.257, que institui o Programa Nacional de Prevenção e Controle da Vassoura-de-Bruxa da Mandioca (PVBM). Causada pelo fungo Ceratobasidium theobromae (Rhizoctonia theobromae), a doença está relacionada na lista oficial de pragas quarentenárias presentes para o Brasil.
Atualmente a praga ocorre em seis municípios da região norte do estado do Amapá. Em janeiro, o Mapa já havia declarado estado de emergência fitossanitária relativo ao risco de disseminação para outras áreas produtivas.
Com a publicação, o Mapa busca fortalecer a cadeia produtiva da mandioca, estabelecendo os critérios e procedimentos para a prevenção e o controle da praga. As ações serão realizadas junto aos órgãos Estaduais ou Distrital de Defesa Sanitária Vegetal para cumprimento do PVBM.
Ainda segundo a norma, fica proibido o trânsito de plantas e partes de plantas de espécies hospedeiras da praga oriundas de municípios com ocorrência da doença.
O Mapa ressalta ainda que a “vassoura-de-bruxa” da mandioca não tem qualquer relação com a vassoura de bruxa do cacaueiro. O fungo também não representa qualquer risco à saúde humana, apesar de ser altamente destrutivo para as lavouras de mandioca.
RHIZOCTONIA THEOBROMAE (CERATOBASIDIUM THEOBROMAE)
A doença, que é conhecida na literatura como vassoura-de-bruxa da mandioca, foi detectada pela Embrapa Amapá nos plantios de mandioca das terras indígenas de Oiapoque, em 2024.
Os sintomas da doença caracterizam-se por ramos secos e deformados, nanismo e proliferação de brotos fracos e finos nos caules. Com a evolução da doença, é comum a ocorrência de clorose, murcha e seca das folhas, morte apical e morte descendente das plantas.
Já a dispersão pode ocorrer por meio de material vegetal infectado, ferramentas de poda, além de possível movimentação de solo e água. A movimentação de plantas e produtos agrícolas entre regiões também pode facilitar a dispersão do patógeno, aumentando o risco de infecção em novas áreas.
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