Governo Zera Alíquota de Importação de Commodities, mas Decisão Gera Riscos ao Agro Nacional

O Governo Federal recentemente anunciou a redução a zero das alíquotas de importação para produtos estratégicos do setor agropecuário, incluindo carne, café, açúcar, milho e azeite. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), a medida visa conter a alta dos preços dos alimentos e atenuar os impactos da inflação, que tem pressionado o custo de vida da população. No entanto, especialistas do setor expressam dúvidas quanto à real eficácia dessa ação, considerando que o Brasil já é um dos maiores e mais competitivos produtores dessas commodities no cenário global.
O Brasil ocupa posições de liderança na produção e exportação desses produtos. De acordo com os dados mais recentes do MAPA, o país é o maior exportador mundial de carne bovina e um dos três maiores produtores globais, com custos de produção inferiores aos de países como Estados Unidos, Austrália e Argentina. Além disso, o Brasil é responsável por mais de 50% do mercado mundial de açúcar e lidera a produção e exportação de café, com aproximadamente 37% da oferta global. O milho brasileiro, por sua vez, é o segundo mais exportado no planeta, atrás apenas dos Estados Unidos, e essencial para a segurança alimentar de países como China, Irã e México.
Diante desse contexto, surge uma importante reflexão: quem poderia vender mais barato para o Brasil do que os próprios produtores brasileiros? Embora a medida abranja diversos produtos, o setor de carnes tem sido o mais debatido. A carne bovina importada pelo Brasil é predominantemente composta por cortes premium, voltados para consumidores com maior poder aquisitivo, como os oferecidos por países como Paraguai, Uruguai, Argentina, Austrália e Japão, que fornecem carnes de alto valor agregado, como Wagyu e cortes nobres.
Dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) indicam que as importações de carne representam menos de 1% do consumo total interno, com foco em restaurantes e mercados especializados. Como o Brasil já disponibiliza carne bovina a preços mais baixos que seus concorrentes internacionais, a redução da alíquota dificilmente terá impacto significativo sobre o preço para o consumidor médio.
Outro fator que enfraquece a justificativa para a medida é o custo logístico envolvido na importação desses produtos. Apesar da redução da alíquota, fatores como transporte, armazenamento, flutuações cambiais e burocracia alfandegária continuam a elevar o custo final da mercadoria. Importações de produtos como milho ou açúcar, por exemplo, precisam passar por processos de desembaraço aduaneiro, taxas portuárias e distribuição interna, competindo com os produtos nacionais que já estão próximos aos centros de consumo. No caso da carne, a importação exige certificações sanitárias rigorosas, o que aumenta tanto o tempo quanto o custo do processo.
O impacto para o agro e a economia é considerável. A medida gera preocupações no setor, que vê a redução das alíquotas como um risco à competitividade dos produtores nacionais. Especialmente os pequenos e médios produtores podem ser os mais prejudicados, já que o estímulo à importação de produtos que o Brasil já produz de forma eficiente pode afetar sua competitividade no mercado interno.
Ademais, o setor agropecuário é um pilar fundamental para a economia brasileira, respondendo por cerca de 25% do PIB e 48% das exportações do país. Qualquer desestímulo à produção interna pode comprometer investimentos e afetar os empregos diretos e indiretos relacionados ao agronegócio.
A medida levanta, portanto, uma reflexão: seria a redução das alíquotas uma solução ou uma tentativa paliativa diante de um problema maior? Embora a zeragem das alíquotas tenha sido apresentada como uma forma de conter a inflação, as questões econômicas e logísticas indicam que seu impacto será limitado. O Brasil já conta com uma cadeia produtiva consolidada e preços competitivos nos produtos afetados, o que torna questionável a real necessidade dessa ação.
O desafio do governo, mais do que desonerar importações, está na criação de políticas que estimulem a produtividade, a eficiência logística e a previsibilidade do mercado interno. Caso contrário, medidas pontuais como essa podem gerar mais incertezas do que soluções tanto para o setor agropecuário quanto para o consumidor brasileiro.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio


Agronegócio
Produção de Etanol de Milho no Brasil Deve Quase Dobrar Até 2032, Preveem Especialistas do Citi

A produção de etanol de milho no Brasil deverá crescer significativamente nos próximos anos, quase dobrando até alcançar cerca de 16 bilhões de litros anuais até 2032. A projeção foi divulgada pelo banco de investimentos Citi em uma nota publicada nesta terça-feira, que destaca a rápida expansão desse setor no país.
Segundo o Citi, o Brasil produziu aproximadamente 6,3 bilhões de litros de etanol de milho na safra 2023/24, com expectativa de aumento para 9,5 bilhões de litros durante a temporada atual. No ano passado, 22 usinas de etanol de milho estavam em operação no país, mas 12 novas unidades estão em construção e outras nove receberam aprovação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para iniciar suas obras.
O Citi ressalta que o etanol de milho oferece vantagens logísticas em relação à cana-de-açúcar. O milho possui um tempo de armazenamento mais longo e custos de transporte mais baixos, o que permite a produção de etanol em áreas mais remotas, ampliando a flexibilidade do setor.
Além disso, o banco observou que o milho pode desempenhar um papel importante no equilíbrio do mercado de etanol do Brasil, garantindo uma oferta estável, especialmente durante a entressafra da cana-de-açúcar. A produção de etanol na região Centro-Sul do país deve atingir um recorde histórico na temporada 2024/25, mesmo com a previsão de queda na safra de cana-de-açúcar, com o milho ajudando a manter o abastecimento para a produção do biocombustível.
Em janeiro, a União Nacional de Etanol de Milho (Unem) previu que a produção de etanol de milho nesta temporada superaria as estimativas em cerca de 200 milhões de litros, elevando a produção total para aproximadamente 8,2 bilhões de litros.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio
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