Um dos presos na segunda fase da Operação Luz na Infância, que combate a pedofilia, Marcos Ronaldo Guimarães, de 74 anos, mantinha em um quarto em seu apartamento em Goiânia fotos suas nu ao lado de meninas adolescentes. O cômodo da casa, onde vivia sozinho, possuía ainda uma grande quantidade de pelúcia, conforme informações da Polícia Civil do Estado de Goiás. Para a delegada titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC), Sabrina Leles, tudo indica que ele usava os brinquedos para atrair as vítimas.

No apartamento do idoso, que diz ser piloto de avião aposentado, a polícia encontrou, além das fotos impressas, dois computadores e outros aparelhos com vídeos e fotos pornográficas de crianças e adolescentes. No caso das imagens de adolescentes, com aparência de 12 e 13 anos, segundo a delegada, Marcos Ronaldo aparece nu junto com as jovens. De acordo com ela, as crianças e adolescentes são desconhecidas. “Ele pegava na rua”, disse a delegada.

Sobre a forma como ele atraía as crianças e adolescentes, Sabrina afirmou que ainda não se sabe. “O que a polícia pode falar é que ele compartilhava imagens pornográficas infantis através do ambiente virtual, que é a investigação inicial. Os demais elementos probatórios, ou a sua forma de agir com essas jovens e crianças, só no decorrer da investigação”, disse. Questionada a respeito da possibilidade de a violência ter chegado à relação sexual, a delegada afirmou que não é possível saber. “Só se aparecer as famílias”, disse.

Quando Marcos Ronaldo foi preso, segundo a delegada, vizinhos do condomínio chegaram a bater palmas. Dois moradores foram à delegacia e se ofereceram para prestar depoimento sobre o caso. De acordo com Sabrina, vizinhos relataram que ele era corriqueiramente visto na presença de crianças e meninas muito novas, em uma situação de intimidade.

A delegada afirmou que a detenção do idoso, que possui dois filhos adultos, foi o que mais causou perplexidade. “Algumas fotografias datam de meados dos anos 90. Ele compartilha, tem posse, produz e participa”, afirmou.

Durante o interrogatório, Marcos Ronaldo ficou em silêncio, conforme Sabrina, mas disse aos policiais que não fez nada de errado. Os advogados do suspeito, Edson Candido Pinto e Gynethon Pereira dos Anjos, explicaram que não iriam se pronunciar, pois aguardam a instauração do inquérito e a audiência de custódia para tomarem conhecimento formal das investigações. Em relação ao material apreendido na casa do idoso, a defesa disse só falará após a perícia. Sobre a suspeita de pedofilia, Edson afirmou que o idoso nega os crimes e diz que as pessoas que aparecem nas imagens não eram menores.

Outros presos

Marcos Ronaldo é o único dos quatro presos em Goiânia suspeito de produzir conteúdo pornográfico infantil. Outros dois presos são um funcionário de call center de 32 anos e um vendedor de material de construção de 30 anos, que obtinha material pornográfico utilizando o computador da empresa. Eles são suspeitos de armazenar e compartilhar conteúdo com pornografia infantil.

O quarto suspeito preso na capital é um estudante de engenharia aeronática que fazia o armazenamento de conteúdo, segundo a Polícia Civil. Ele é o único que teve arbitrada fiança e responderá em liberdade. Os outros três, segundo a delegada, permanecem presos aguardando a audiência de custódia.

Pelo que foi apurado no momento do cumprimento dos mandados, eles compartilhavam o material com outras pessoas através de uma rede denominada “peer to peer”. Ela é utilizada para transmissão de arquivos em massa e dispensa a necessidade de um servidor central. Os softwares eMule, LimeWire e Bittorrent, por exemplo, são de transferência “peer to peer”.

Sobre a possibilidade dos suspeitos se conhecerem, a delegada afirmou que pode ser que sim ou não. “Não é um grupo igual, por exemplo, WhatsApp, que tem a identificação das pessoas”, disse.

O balanço final da operação, apresentado na tarde de ontem, apontou a prisão de mais sete pessoas em Goiás. Nos seis municípios alvo da ação, o total de detidos foi de 11 suspeitos.