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Niquelândia: Uma cidade com medo do futuro

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O município de Minaçu, no Norte do Estado, se tornou uma cidade cercada pela dúvida e com medo do futuro. Depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu o uso e comercialização do amianto no País, a Sama Minerações, empresa do Grupo Eternit, paralisou as atividades na mina de Cana Brava e colocou os funcionários em férias coletivas. Com isso, o clima de incerteza tomou conta da população do município, cuja arrecadação ainda é muito dependente da mina.

A Sama produzia cerca de 12 mil toneladas de amianto crisotila por mês em Minaçu. Entre trabalhadores diretos e prestadores de serviço são quase 500 pessoas envolvidas diretamente na atividade, um volume bastante significativo para uma cidade com apenas 31 mil habitantes. O prefeito de Minaçu, Nick Barbosa (DEM), estima que a arrecadação cairá quase R$ 2 milhões nos próximos meses e teme não conseguir mais honrar a folha de pagamento do município, que já consome mais da metade das receitas.

“O efeito será sentido a partir de janeiro. O município passará por muita dificuldade e pode ficar inviável. A população tem que começar a economizar”, alerta o prefeito, lembrando que a arrecadação já vinha caindo nos últimos anos com a queda da produção na mina. Agora, ele teme não conseguir mais bancar nem as despesas com o hospital da cidade. O maior problema é que Minaçu não tem outra atividade econômica de peso para compensar o fim da produção de amianto, ou seja, a cidade não se preparou para isso.

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Para Nick Barbosa, o governador do Estado terá que ajudar o município, caso contrário, a administração ficará inviável. “Até agora, o governador Marconi Perillo não nos ajudou em nada, só com palavras. Agora, precisaremos de algo mais concreto”, disse. Em nota, o governo do Estado informou que, naquilo que for legal e constitucional, ajudará a amenizar a crise econômica causada pela interrupção das atividades da empresa.

O prefeito ressalta que a Sama sempre contribuiu com a administração municipal na manutenção do atendimento à saúde, asilos, creches, jardinagem e até com a decoração de Natal. “Já estamos perdendo toda essa ajuda. Enquanto o País precisa gerar empregos, o STF toma essa decisão”, completa.

 

Tempo

A administração prevê que o município precisará de, pelo menos, mais três anos para se preparar para a total desativação da mina. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas e de Beneficiamento de Minaçu e Região, Adelman Araújo Filho, informa que os funcionários devem retornar das férias coletivas no próximo dia 26. Porém, segundo ele, há uma possibilidade de prorrogação por mais 30 dias ou até de concessão de uma licença não-remunerada.

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Outra possibilidade é a chamada Lay-off, uma suspensão temporária do contrato de trabalho, onde os funcionários ficam em casa recebendo três quartos do salário por até cinco meses e a empresa tem parte do valor reembolsado com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Tudo isso, segundo Adelman, gerou um clima de apreensão em relação ao futuro, como o pagamento dos direitos trabalhistas. “Ninguém sabe o que vai acontecer”, alerta. O temor é porque a empresa terá que arcar com a desmontagem da mina, que demandará altos investimentos. 

A cidade já começou a sentir os efeitos, com uma desvalorização progressiva do preço dos imóveis, diante da possibilidade de Minaçu se tornar até uma “cidade fantasma”, caso os trabalhadores precisem migrar para outras regiões. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município, Suemar Alves da Silva, prevê que esse futuro incerto dos trabalhadores da Sama já afete as vendas de Natal, já que 60% da economia do município está ligada à mina. “Poucos vão querer gastar com medo do desemprego”, estima Suemar. Uma das esperanças é a produção mineral das chamadas terras raras na região. Porém, a empresa investidora ainda está em fase de prospecção.

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