Opinião
O legado de Warren Buffett
Buffett é reconhecido pelo seu estilo de vida simples, suas decisões empresariais prudentes e pela clareza com que se comunica. Sua carta anual aos acionistas é aguardada sempre com expectativa.
Há pessoas que deixam sua marca no mundo e Warren Buffett é uma delas. Nessa semana, o jornal Valor Econômico publicou duas reportagens sobre sua estratégia de aumento de caixa com a venda parcial de suas ações.
Ele é considerado um dos investidores mais bem-sucedidos do mundo e apelidado de “Oráculo de Omaha.” Preside a Berkshire Hathaway, uma holding que controla ações de várias grandes empresas, entre elas o Bank of América e Apple cujas ações foram parcialmente vendidas recentemente.
Buffett completou 94 anos em agosto desse ano. Antes do seu aniversário, concedeu entrevista ao “The Wall Street Journal”, sendo a matéria parcialmente reproduzida no jornal Valor publicado em 29/06/24.
Na ocasião, disse que estava com boa saúde, mas sua expectativa de vida atual era de apenas três anos. Será esse o motivo pelo qual vem aumentando o caixa de sua empresa?
Na entrevista de junho, ele também explicou que havia revisado seu testamento várias vezes, ajustando-o conforme observava o amadurecimento de seus filhos e as circunstâncias mudavam. Tudo para refinar seus planos e garantir que sua fortuna seja distribuída de acordo com seus valores e as necessidades filantrópicas que ele considera importantes.
Após a sua morte, quase toda a sua riqueza irá para um novo fundo de caridade supervisionado por seus filhos que deverão decidir por unanimidade para quais propósitos filantrópicos o dinheiro será destinado.
Ele disse: “Sinto-me muito, muito bem com os valores dos meus três filhos e tenho 100% de confiança na forma como eles conduzirão as coisas”. E ainda: “Gosto de pensar que posso pensar fora da caixa, mas não tenho certeza se consigo pensar fora de um ‘caixão’ enterrado sete palmos abaixo do solo e fazer um trabalho melhor do que três pessoas que estão na superfície e em quem confio completamente”.
Seus filhos são: Susie Alice Buffett, 71 anos, presidente da Sherwood Foundation, que apoia projetos educacionais e contra a pobreza; Howard Graham Buffett, 70 anos, presidente da Howard G. Buffett Foundation, dedicada a diversas causas humanitárias, especialmente relacionadas à agricultura e conservação; e Peter Andrew Buffett, 66 anos, que administra junto com sua esposa a NoVo Foundation, voltada para questões de justiça social.
A entrevista de junho desse ano, antes do aniversário de 94 anos, certamente foi influenciada pelo falecimento de seu sócio Charlie Munger em novembro de 2023, aos 99 anos. Warren e Charlie foram sócios por mais de 60 anos e Charlie trabalhou até o final de sua vida, sendo bastante respeitado pelos investidores, embora menos conhecido pelo público em geral.
Buffett é reconhecido pelo seu estilo de vida simples, suas decisões empresariais prudentes e pela clareza com que se comunica. Sua carta anual aos acionistas é aguardada sempre com expectativa.
Sua clareza em manifestar suas intenções após sua morte, encarando o fato com naturalidade, bem como a sinceridade em afirmar que mudou seus planos ao longo da vida são um legado para todos nós.
A prudência com que ele age e a confiança que demonstra publicamente aos filhos, talvez façam parte dos planos estratégicos de seu legado. O tempo irá nos confirmar suas intenções para nos inspirarmos ainda mais em suas ações.
Melina Lobo é Conselheira de Administração e Advogada
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ARTIGO
Nada sobre Nós sem Nós: a construção da sociedade inclusiva
A construção de uma sociedade estruturalmente inclusiva é um desafio que exige a superação de barreiras de diferentes naturezas, com especial atenção àquelas atitudinais. Essa transformação só será possível por meio de políticas públicas eficazes, moldadas por movimentos sociais fortes e participativos, bem como pela adesão de indivíduos de todos os segmentos sociais.
A construção de uma sociedade estruturalmente inclusiva exige a eliminação ou a equalização de barreiras que historicamente marginalizam diferentes grupos populacionais. Esse processo não se limita às pessoas com deficiência, mas abrange todos os segmentos sociais que, por razões culturais, econômicas ou estruturais, encontram-se em situação de subjugação nas relações de poder.
São esses grupos minorizados que enfrentam barreiras à sua plena inclusão social, desde obstáculos físicos e institucionais até barreiras mais sutis e insidiosas, como as atitudinais. Estas, em particular, manifestam-se em preconceitos, discriminações e no capacitismo, que perpetuam a exclusão e dificultam a participação igualitária desses indivíduos na sociedade. Nesse sentido, superar tais barreiras é uma condição indispensável para a construção de um ambiente verdadeiramente justo e democrático.
As barreiras estruturais, sejam elas físicas, comunicacionais, institucionais ou culturais, precisam ser enfrentadas de forma abrangente. Para isso, as políticas públicas desempenham um papel essencial, uma vez que são os instrumentos por meio dos quais a sociedade pode promover transformações concretas em suas bases estruturais. No entanto, essas políticas são, em grande medida, moldadas pelas práticas e demandas dos indivíduos e coletividades em seu cotidiano.
É nesse ponto que o associativismo se torna uma ferramenta fundamental. A união de indivíduos que compartilham experiências de exclusão ou que são solidários à luta por igualdade pode potencializar a influência sobre as decisões políticas. Associações e movimentos sociais são espaços de articulação e resistência, nos quais vozes plurais se fortalecem para exigir mudanças efetivas. Essa dinâmica de participação não apenas fortalece a democracia, mas também assegura que as políticas públicas reflitam as reais necessidades e demandas da população.
Entre todas as barreiras enfrentadas, a atitudinal é a mais difícil de se superar, pois está enraizada em preconceitos culturais e sociais profundos. Ela se manifesta em atitudes discriminatórias, estigmas e na falta de empatia para com aqueles que são percebidos como “diferentes”. A superação dessa barreira requer um esforço coletivo e educativo que promova a conscientização e o respeito à diversidade. Educação Inclusiva, campanhas de sensibilização e o incentivo à convivência são caminhos eficazes para desconstruir preconceitos. Além disso, a valorização das contribuições únicas de cada indivíduo para a sociedade deve ser central no discurso inclusivo, garantindo que a diversidade seja percebida como uma riqueza e não como um obstáculo.
É por isso que o slogan “Nada sobre Nós sem Nós” sintetiza a essência de uma sociedade inclusiva. Ele reforça a necessidade de que as pessoas diretamente afetadas por barreiras sociais estejam no centro das discussões e das tomadas de decisão que impactam suas vidas. No entanto, esse princípio não deve ser interpretado como uma exclusão de outros grupos solidários à causa. Pelo contrário, a construção de uma sociedade inclusiva é uma responsabilidade coletiva, que demanda a participação de todos os setores sociais.
Quando indivíduos de diferentes grupos minorizados unem-se em prol de objetivos comuns, criam-se condições para uma transformação estrutural mais ampla e significativa. A participação plural confere legitimidade às ações inclusivas e promove a solidariedade entre diferentes segmentos da população.
A construção de uma sociedade estruturalmente inclusiva é um desafio que exige a superação de barreiras de diferentes naturezas, com especial atenção àquelas atitudinais. Essa transformação só será possível por meio de políticas públicas eficazes, moldadas por movimentos sociais fortes e participativos, bem como pela adesão de indivíduos de todos os segmentos sociais.
Ao adotar o princípio de “Nada sobre Nós sem Nós” como guia, a sociedade pode assegurar que as vozes de todos sejam ouvidas e respeitadas. Somente assim é possível construir um futuro em que a igualdade, a justiça e a inclusão sejam os alicerces de uma convivência verdadeiramente humana e solidária.
André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.
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