Rio faz campanha para proteção de crianças contra o tabagismo

A prefeitura do Rio de Janeiro lançou a campanha Diga não às iscas, da indústria do tabaco, com o objetivo de proteger crianças e adolescentes do contato com produtos derivados do tabaco, que podem levar à dependência.
A campanha, promovida pela Secretaria Municipal de Saúde, pretende mostrar, por exemplo, que é infração colocar produtos do tabaco perto de doces e brinquedos em pontos de venda, além de alertar comerciantes para as sanções a que estão sujeitos com a prática.
A psicóloga Ana Helena Rissin, assessora do Programa de Controle do Tabagismo da SMS, destacou hoje (29), em entrevista à Agência Brasil, que não se trata apenas de alertar pais e responsáveis para que percebam as estratégias que a indústria usa para atrair crianças e jovens para começarem a consumir cigarros, “mas é importante também que os comerciantes entendam”.
Antes de 2011, a propaganda foi liberada apenas para a parte interna dos comércios. Em 2011, a lei foi aperfeiçoada e proibiu a propaganda de cigarros no país, inclusive na parte interna dos pontos de venda. “Você não podia mais ter aquele painel colorido, com luz fosforecente, piscando, chamando a atenção para o cigarro”, observou a psicóloga.
Finalmente, em 2018, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou a Resolução da Diretoria Colegiada nº 213, que estabeleceu que a partir de maio de 2020, “os produtos fumígenos derivados do tabaco devem ser expostos o mais distante possível de balas, gomas de mascar, bombons, chocolates, gelados comestíveis e brinquedos, de modo a não facilitar a visibilidade por crianças e adolescentes”.
Entretanto, nem sempre bancas de jornais, lojas de conveniências, lanchonetes, bares e padarias estão seguindo a norma. “É preciso alertar os comerciantes que a legislação está aí”, afirmou Ana Helena. Muitos recebem maços de propaganda, que não são vendidos, mas chamam a atenção do público infanto juvenil.
As multas estabelecidas pela Anvisa para quem descumprir a lei vão de R$ 5 mil para micro empreendedor individual (MEI) e pessoa física, até R$ 75 mil para empresas de grande porte, caso sejam primários. Se os infratores forem reincidentes, as multas sobem para R$ 6 mil (MEI e pessoa física) e R$ 100 mil (empresas).
Treinamento
Em março do ano passado, a Secretaria de Saúde reuniu 200 fiscais da Vigilância Sanitária da capital fluminense para mostrar fotografias de pontos de venda com exposição irregular de cigarros, painéis coloridos, maços de propaganda e a falta de advertências sanitárias contra o fumo. Representantes da Anvisa e do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) participaram do treinamento.
Segundo a psicóloga, nos locais de venda de produtos do tabaco é preciso ter as advertências sanitárias padrão, com imagens de impacto, em tom amarelado, que devem ocupar 20% do espaço em que o cigarro está exposto. Os mações devem trazer a advertência de que é proibida a venda para menores de 18 anos de idade.
“A gente vê muitos produtos do tabaco expostos sem advertência. Em locais que têm advertência, ela é errada, apresentando carinhas de animais, chamando atenção para o sabor variado dos cigarros. A resolução fala que produto do tabaco deve ficar o máximo possível distante de produtos que atraem o olhar de crianças. Podemos perceber nos pontos de venda é que os cigarros são postos colados com produtos como balas e bombons, por exemplo”.
Dependência
De acordo com Ana Helena, o mês passado, o Inca e a Anvisa começaram a treinar fiscais da vigilância sanitária estadual para estender a capacitação para todo o país. A Anvisa já está fiscalizando o cumprimento da lei.
No município do Rio, as denúncias podem ser feitas por meio do número 1746. Na Anvisa, o canal da ouvidoria pode ser acessado. Antes de multar, o objetivo é dialogar com comerciantes e alertar sobre o risco de punição. “Essa é a estratégia para eles poderem se proteger e para que a população fique de olho”, disse a psicóloga.
O tabagismo é considerado uma doença pediátrica pela Organização Mundial da Saúde (OMS), porque 90% dos fumantes experimentam o primeiro cigarro e se tornam dependentes até os 19 anos de idade. Estudos demonstram a vulnerabilidade do cérebro dos adolescentes à dependência do tabaco, que tende a se instalar logo nos primeiros contatos com o cigarro. A nicotina é uma droga que causa dependência em cerca de 50% a 70% das pessoas que a experimentam, informou a secretaria, por meio de sua assessoria de imprensa.
Para a coordenadora do programa, alertou ainda para os diferentes tipos de cigarros eletrônicos, também chamados vaporizadores, cuja comercialização é proibida no Brasil, além de narguilés, que constituem um grande desafio para a saúde das novas gerações.
Coordenação
Coordenada pela Superintendência de Promoção da Saúde, a campanha é feita em conjunto com Parceria por Cidades Saudáveis, da rede global de cidades Vital Strategies. São municípios comprometidos em salvar vidas por meio da prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs).
A iniciativa é financiada pela Bloomberg Philanthropies, que apoia as cidades no planejamento de políticas e ações que contribuam para redução de doenças. O Rio de Janeiro se uniu à iniciativa em 2017, e conta também com apoio da ACT Promoção da Saúde, organização não governamental que atua na promoção e defesa de políticas de saúde pública.
Edição: Maria Claudia


SAÚDE
“A saúde integral da mulher é prioridade absoluta do Ministério da Saúde”, afirma Padilha em primeira reunião no Congresso Nacional

No segundo dia à frente do Ministério da Saúde, o ministro Alexandre Padilha realizou a primeira reunião no Congresso Nacional com a bancada feminina da Câmara dos Deputados. O encontro ocorreu nesta quarta-feira (12) e marcou o compromisso do governo em priorizar a saúde das mulheres. “A saúde integral da mulher é prioridade absoluta na gestão do Ministério da Saúde”, defendeu Padilha.
Liderada pela deputada Benedita da Silva, a bancada feminina levou ao ministro sugestões de projetos e medidas para fortalecer o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Durante a reunião, Padilha enfatizou a importância de garantir um cuidado ainda mais amplo para todas. “Não dá para falar de saúde sem falar das mulheres, sem envolvê-las no enfrentamento dos desafios do setor. As mulheres são maioria da população e principais usuárias do SUS, seja por conta própria ou como cuidadoras de seus filhos, pais e familiares. Além disso, a maior parte dos profissionais da saúde são mulheres”, destacou o ministro.
A deputada Benedita da Silva (RJ) agradeceu ao ministro pela disponibilidade em dialogar com o grupo e reforçou a importância da parceria para avançar em projetos fundamentais. “A bancada feminina tem trabalhado intensamente e conquistado avanços em diversos projetos. Hoje, na área da saúde, temos três propostas voltadas para o câncer, três relacionadas à saúde mental e psicossocial, duas para acompanhamento em saúde, além de iniciativas específicas para a saúde da mulher negra, combate à violência sexual e regulamentação da profissão de doulas. O que queremos é ouvi-lo, dar-lhe as boas-vindas e reforçar que estamos prontas para construir juntos”, declarou Benedita.
A parlamentar Jandira Feghali (RJ) destacou a importância da participação feminina no debate sobre o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) e o incentivo à inovação científica. “A questão da mulher é transversal e, entre os temas discutidos, está o Complexo Industrial da Saúde. Acredito que precisamos acompanhar mais de perto o desenvolvimento desse trabalho, pois há pesquisadores inovando nessa área, o que pode trazer impactos positivos para as políticas públicas de saúde”, afirmou Feghali.
Para Antônia Lúcia, deputada pelo estado do Acre, há necessidade de medidas mais rígidas para garantir a aplicação de vacinas em crianças e políticas voltadas ao tratamento de câncer e saúde mental. “Vossa Excelência terá a oportunidade de se debruçar sobre projetos fundamentais para o combate ao câncer e a manutenção da qualidade de vida das pessoas com deficiência psicológica. Além disso, gostaria de sugerir a criação de uma tipificação criminal para servidores públicos que se recusarem a aplicar vacinas nas crianças”, pontuou a parlamentar.
“Estou muito feliz por vê-lo à frente do Ministério da Saúde. Conheço seu trabalho e a diferença que fez no Governo Federal e na Secretaria de Saúde da capital paulista. Um dos pontos que precisamos discutir é a distribuição de fraldas geriátricas nas UBS”, propôs a deputada Juliana Cardoso (SP).
A deputada Célia Xakriabá (MG) destacou pautas voltadas à saúde indígena e alertou sobre os impactos ambientais na saúde dos povos originários. “Temos duas coisas em comum: o senhor, que é doutor do corpo, e nós, povos indígenas, que somos doutores e embaixadores da floresta. Nesse sentido, temos dois projetos fundamentais. Um deles regulamenta as profissões de Agente Indígena de Saúde (AIS) e de Agente Indígena de Saneamento (Aisan), no âmbito do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS). O outro, de minha autoria, trata dos impactos dos agrotóxicos nas terras indígenas. Vivemos um momento de profunda crise climática, e precisamos discutir de que maneira podemos enfrentar esse problema”, alertou.
O ministro Alexandre Padilha, ao ouvir as parlamentares, destacou que o encontro reforça a parceria entre o Ministério da Saúde e a bancada feminina para impulsionar projetos que ampliem o acesso das mulheres aos serviços de saúde. “Saiu daqui um casamento entre o Ministério da Saúde e a bancada das mulheres. Vou me reunir com a Liderança do Governo na Câmara para avaliar a possibilidade de priorizarmos esses projetos. Vamos fazer de março um mês extremamente produtivo para a saúde integral das mulheres no Congresso Nacional”, afirmou.
Outras importantes iniciativas mencionadas são a instalação de uma sala de situação permanente no Ministério da Saúde para acelerar agendas relacionadas às mulheres, o fortalecimento da Rede Alyne e a ampliação da prevenção e diagnóstico do câncer de colo de útero e de mama. Padilha também destacou que a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) discutirá a incorporação de novos medicamentos para o tratamento da endometriose e anticoncepcionais que beneficiem mulheres e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
O ministro da Saúde reforçou, ainda, a importância de reduzir o tempo de espera para exames e tratamentos, garantindo um atendimento mais rápido e eficiente para a população feminina. “Vamos consolidar o Brasil como a maior rede pública de prevenção diagnóstica de câncer do mundo. Temos todas as condições de fazer isso e é uma prioridade absoluta nossa”, destacou.
Edjalma Borges
Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde
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