Opinião
Sobre a Rerum Novarum
Sobre o uso das riquezas: “o Senhor terá como dada ou recusada a Si mesmo a esmola que se haja dado ou recusado aos pobres. Quem quer que tenha recebido da divina Bondade maior abundância, quer de bens externos e do corpo, quer de bens da alma, recebeu-os com o fim de os fazer servir ao seu próprio aperfeiçoamento, e, ao mesmo tempo, como ministro da Providência, ao alívio dos outros.

O Papa Leão XIII publicou sua Encíclica “Rerum Novarum” (das coisas novas) sobre a condição dos operários em 15 de maio de 1891, denunciando “a influência da riqueza nas mãos dum pequeno número ao lado da indigência da multidão… Esta situação preocupa e põe em exercício o gênio dos doutos, a prudência dos sábios, as deliberações das reuniões populares, a perspicácia dos legisladores e os conselhos dos governantes” (§1).
A Encíclica expõe a exploração dos trabalhadores e a falta de proteção social, mas condena o socialismo, pois instiga nos pobres o ódio invejoso contra os que possuem, o comunismo que é uma odiosa e insuportável servidão para todos os cidadãos que só traz a igualdade na nudez, na indigência e na miséria, e a luta de classes. Defende o matrimônio (§6), a propriedade particular, mas “a terra não deixa de servir à utilidade comum de todos” (§5), e as obrigações também dos patrões, inclusive confirmando o capítulo 5 de Tiago sobre a extorsão dos salários dos trabalhadores (§10).
Sobre o uso das riquezas: “o Senhor terá como dada ou recusada a Si mesmo a esmola que se haja dado ou recusado aos pobres. Quem quer que tenha recebido da divina Bondade maior abundância, quer de bens externos e do corpo, quer de bens da alma, recebeu-os com o fim de os fazer servir ao seu próprio aperfeiçoamento, e, ao mesmo tempo, como ministro da Providência, ao alívio dos outros. É por isso, que quem tiver o talento da palavra tome cuidado em se não calar; quem possuir superabundância de bens, não deixe a misericórdia entumecer-se no fundo do seu coração; quem tiver a arte de governar, aplique-se com cuidado a partilhar com seu irmão o seu exercício e os seus frutos (§12).
O Papa confirma que pobres e ricos são iguais, por direito natural, são cidadãos. E torna-se evidente que a autoridade pública deve salvaguardar os interesses da classe operária. Mais ainda: o trabalho tem uma tal fecundidade e tal eficácia, que é a fonte única de onde procede a riqueza das nações. A equidade manda, pois, que o Estado se preocupe com os trabalhadores, e proceda de modo que, de todos os bens que eles proporcionam à sociedade, lhes seja dada uma parte razoável, como habitação e vestuário, e que possam viver à custa de menos trabalho e privações (§18).
O Estado precisa prevenir os conflitos entre os operários e os patrões que culminam nas greves removendo a tempo as causas, como os salários injustos (§22). E ainda garantir o repouso festivo (§24). E proteger os operários dos especuladores e do trabalho excessivo (§25). Também proteger os idosos, a mulher e, especialmente, a criança (§26).
Muito importante é a fixação do salário, que não deve ser insuficiente para assegurar a subsistência. O mesmo se diz a respeito das horas diárias de trabalho e à saúde dos operários. Será preferível que a solução seja confiada às corporações ou sindicatos (§27).
Já se passaram 132 anos sem que a Igreja seja ouvida em seus clamores por justiça social, não veem que é exatamente nos países mais justos onde se encontram os maiores PIB per capita?
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano
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ARTIGO
Como o mercado brasileiro lida com a Inteligência Artificial?
No meu segmento, desde a explosão do ChatGPT quando foi lançado, vi profissionais testando e ‘ensinando’ a IA a construir OKRs, inclusive, postando seus resultados nas redes sociais de forma orgulhosa. Já vi executivos falando de boca cheia que agora seus OKRs seriam construídos com a ajuda de software com IA. Porém, o resultado que vi, tanto na rede social, como no software, continua igual.

O boom da Inteligência Artificial pelo mundo inteiro continua gerando polêmicas por onde passa, ao impactar diferentes áreas e segmentos. A mais recente está relacionada à IA de origem chinesa – a DeepSeek -, que vem dando o que falar, já que se apresenta como um modelo avançado, tendo a capacidade de realizar tarefas mais complexas e com custos operacionais em valor reduzido.
O lançamento da DeepSeek-R1, uma das versões da IA, fez com que o mercado – em especial o financeiro – ficasse abalado, e ações de empresas, como Microsoft e NVIDIA, registraram quedas expressivas em um curto período. Afinal, ninguém esperava o surgimento de um concorrente que se coloca em um patamar tão alto, trazendo abordagens aparentemente mais acessíveis e eficientes que o clássico Chat GPT, por exemplo.
No entanto, sempre costumo me questionar sobre a eficiência das inteligências artificiais. É inegável que funcionam e podem sim ser úteis em diversas tarefas e atividades do nosso dia a dia, facilitando alguns aspectos da rotina e tornando a entrega de determinadas atividades mais rápida e prática. Porém, será que as pessoas sabem o real impacto da IA no mercado brasileiro?
A verdade é que a maioria dos pontos envolvendo IA no Brasil ainda estão em uma fase de amadurecimento e podemos perceber isso diante da falta de habilidade das autoridades para lidarem com as questões, incluindo a sua regulamentação, que ainda não foi definida. Vejo muitas empresas curiosas e interessadas por tecnologias como a DeepSeek, diante de seus aparentes benefícios, mas sem saber ao certo como utilizá-la.
Neste sentido, acredito que para que a Inteligência Artificial realmente impacte o mercado brasileiro de forma positiva é necessário sair do frenesi e pensar em investimentos em recursos e profissionalização de uma maneira racional. Porque a partir do momento que temos recursos, é viável ter uma estrutura melhor, o que possibilita a capacitação de talentos, que estarão qualificados para lidarem com os diferentes tipos de IA e as possibilidades que ela oferece.
De acordo com os balanços divulgados recentemente, os investimentos em inteligência artificial de grandes empresas como Amazon, Microsoft, Google e Meta devem chegar a US$ 320 bilhões em 2025. Isso só mostra que apesar do “susto” com a DeepSeek, as big techs americanas pretendem continuar investindo na tecnologia. Isso reforça a importância do Brasil também se colocar nessa corrida, para que não fique muito para trás.
No meu segmento, desde a explosão do ChatGPT quando foi lançado, vi profissionais testando e ‘ensinando’ a IA a construir OKRs, inclusive, postando seus resultados nas redes sociais de forma orgulhosa. Já vi executivos falando de boca cheia que agora seus OKRs seriam construídos com a ajuda de software com IA. Porém, o resultado que vi, tanto na rede social, como no software, continua igual.
Ou seja, se não souber como usar a ferramenta, não vamos alcançar o benefício proposto pelo uso dela. Mais uma vez, dependemos primeiro da iniciativa livre dos cidadãos, afinal, temos vários capacitados para surfar esta onda e gerar valor para os indivíduos e para a sociedade. Do poder público, esperamos uma regulamentação e ajustes na legislação para que se possa colher os benefícios sem prejudicar os direitos individuais.
Pedro Signorelli é especialista em gestão
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