Tensões exigem pragmatismo do Brasil, diz vice-presidente

O acirramento de tensões geopolíticas exigem que o Brasil aja com pragmatismo e flexibilidade. O alerta foi feito, hoje (24), pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.
“Vivemos um contexto de acirramento de tensões geopolíticas. Principalmente entre as duas grandes potências mundiais, os Estados Unidos e a China. Este contexto pode terminar em uma competição benigna, favorecendo aos demais países, ou levar a algum tipo de conflito. Nós, brasileiros, temos que ter pragmatismo para buscar nossos interesses e flexibilidade para saber o momento de agir”, disse Mourão, acrescentando que “atores importantes estão com os olhos voltados para o Brasil”.
Ao reconhecer que a questão da preservação do meio ambiente é um dos principais desafios globais da atualidade, Mourão chamou a atenção para o fato de que o debate pode camuflar interesses internacionais, como disputas comerciais, principalmente relacionadas ao agronegócio e ao potencial de exploração da biodiversidade e de riquezas minerais.
“Há uma disputa no mercado internacional do agronegócio que vincula a produtividade brasileira ao desmatamento da Amazônia”, disse Mourão, embora reconhecendo que o desmatamento na Amazônia, alvo das principais críticas internacionais, vem aumentando desde 2014, acentuando-se ainda mais a partir de 2019.
“Se me perguntarem a que eu atribuo isso, eu direi: [à falta de] recursos financeiros. A partir de 2012, iniciamos uma crise econômica, com a [consequente] diminuição dos recursos governamentais, o que dificulta o combate às ilegalidades”, acrescentou o vice-presidente.
Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), na semana passada, mostram que nos últimos 12 meses a Floresta Amazônica perdeu em cobertura vegetal uma área equivalente a 13,235 mil quilômetros quadrados, resultado classificado como “inaceitáveis” pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
Para Mourão, nesse contexto de “tensão geopolítica” e disputas, a questão da sustentabilidade se tornou um dos fatores de influência externa sobre a soberania dos países. “Os estados podem ser soberanos no sentido jurídico, mas agentes do exterior influenciam nos assuntos internos. Neste século 21, a questão da sustentabilidade é um dos fatores de influência na soberania de um país”, disse Mourão, apontando a importância, para o Brasil, do desenvolvimento sustentável da Amazônia brasileira, “onde diversos atores estatais e não estatais procuram limitar nossa soberania”.
“Várias razões podem limitar a soberania [de qualquer país]. A interdependência econômica internacional; o fluxo de refugiados; o tráfico de drogas e as ações do crime organizado. Quando a soberania de um país entra em cheque, ocorre a intervenção. Que pode começar por meros discursos. Quando alguém lá fora faz um discurso em relação a uma determinada situação no nosso país, ele está realizando uma intervenção em nossa soberania. Esta é a linha mais baixa de intervenção. Depois, a propaganda feita contra um país. A ajuda econômica também resulta em um reflexo sobre a soberania nacional. O passo seguinte é fornecer assessoria militar ou apoio a uma posição governamental estabelecida. Depois, há o bloqueio, a ação militar limitada e, por fim, a invasão”, concluiu Mourão.
Edição: Fernando Fraga


POLÍTICA NACIONAL
Projeto prevê salvaguardas à população afetada e ao meio ambiente para instalação de usinas eólicas e solares

O Projeto de Lei 4386/24 prevê uma série de salvaguardas para a instalação de usinas eólicas e solares, com o objetivo de resguardar as populações afetadas e o meio ambiente. O texto também prevê medidas para proteger os proprietários de terras arrendadas pelas usinas solares e eólicas.
Conforme a proposta, os contratos de arrendamento de imóvel para instalação das usinas terão duração de 20 anos e serão regidos pelo Código Civil. O projeto prevê ainda:
- a renovação contratual dependerá da expressa anuência do proprietário do imóvel rural;
- a revisão do contrato poderá ser feita quando constatada a violação dos princípios da boa-fé;
- o contrato deve garantir o direito à indenização e ao cancelamento quando a operação da usina provocar acidentes, incluindo ambientais;
- é vedada a utilização de cláusulas que contenham exigências referentes a sigilo (salvo as informações que comprometam a operação do empreendimento);
- também não será permitida a cobrança pela prestação de assessoria jurídica pela parte contratante e a prorrogação automática do contrato.
Excessos
O deputado Fernando Mineiro (PT-RN), autor do projeto, afirma que o objetivo é combater excessos cometidos pelas usinas eólicas e solares contra os pequenos proprietários das terras onde os empreendimentos são instalados.
Segundo ele, são frequentes as denúncias de abuso por parte dos empreendedores, como exigência de confidencialidade contratual, contratos por até 50 anos com prorrogação automática, e baixos alugueis pagos aos pequenos proprietários das terras.
“O caráter de irretratabilidade e irrevogabilidade dos contratos impede ainda que os proprietários desistam do negócio antes do término da vigência contratual sem que para isso sejam onerados de forma desproporcional”, disse Mineiro.
Meio ambiente
Em relação ao meio ambiente, o PL 4386/24 prevê salvaguardas como a proibição de usinas solares e eólicas em áreas de reserva legal e outras áreas protegidas. O texto determina ainda:
- na definição do local do empreendimento, será considerado o menor impacto com uso da cartografia social, zoneamento ecológico-econômico e outros estudos recomendados pela comunidade impactada;
- será garantida a consulta pública prévia aos estudos de licenciamento e das ações de mitigação de impactos causados pelo empreendimento;
- novas consultas poderão ser feitas se houver incremento nos impactos negativos inicialmente identificados;
- será exigida a apresentação do estudo e do relatório de impacto ambiental (EIA/Rima) para os empreendimentos com potência conjunta acima de 3 megawatts (MW); e
- o EIA e o Plano Básico Ambiental (PBA) deverão prever o plano de descomissionamento da usina e a recuperação das áreas degradadas.
Outorga das usinas
O texto contém ainda salvaguardas para a outorga, como exigência de publicação prévia do despacho de registro de recebimento de outorga (DRO) das usinas solares, termelétricas e eólicas com potência conjunta superior a 3 MW.
O DRO é um documento em que o proprietário da usina solicita informação sobre acesso à rede elétrica e licenças dos órgãos ambientais.
Próximos passos
O projeto será analisado em caráter conclusivo pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; Minas e Energia; Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e Constituição e Justiça e de Cidadania. Para virar lei, a proposta precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado.
Saiba mais sobre a tramitação de projetos de lei
Reportagem – Janary Júnior
Edição – Roberto Seabra
Fonte: Câmara dos Deputados
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